A Estrela do Norte 1864

timavel de me tornar cspo a de Jesus Christo, mãi de todos os orphüosinhos que não as tem neste mundo. « Lá, como por toda parte, e mesmo no céo, se eu para ali for depressa, nunca vos esl(uecerei, e estareis sempre unido ás orações, aos sacrificios, ávida e á morte de vos a pobre « Benedicta. « Hactan-Castle, i O de Maio. » No mez de Junho seguinte J\Jiss Benc– dicla partiu para a Bf,lgica. Lord Hactan qulz acompanhal-a, elle me mo, e assistir á sna tomada do habito, que não demo– r ou muito tempo. ( Contimía. ) Va1•ieal,ules, AMOR FILIAL. A carreira das tu as acções começa na familia: a primeira palestra de virtudes é a ca a paterna. Que direi d'aquelles, que pretendem amar a patria, qne os– tentam heroísmo, e faltam a um tão su– blime dever qual é a piedade filial? Não ba amor da patria, não ha o mini– mo germen de heroísmo onde · dominar a negra ingratidão. Quem se preza de amar a Deos, de amar a humanidade e a patria, como nãt1 terá summa reverencia áquelles por meio de qu em se tornou creatura de Deos, homem e cidadão? Nossos paes são naturalmente os nos– sos primeiros amigos ; são os mortaes a quem mais devemos. Aspirarmos a mos– trar-nos observadores COil'tezes de todas a agradavcis attcnções fóra de casa., e ao mesmo tempo faltarmos ao respeito e de– licadeza a nossos paes, é um desvario, é um crime. Os bons costumes vão-se con– trahindo sucessivamente, começando do seio da familia. , O amor filial é um dever não só de gra– tidão, mas el e impreterível conveniencia. No caso raro que algum tenha paes pouco benevolos, com pouco direito d'exigire~ acatament~, só o serem cltils os autores da nossa vi da, confere-lhes uma tão res– peitavel qualidade, que n ão podemos sem infamia, não direi vilipendial-os, mas nem ainda tratal-os com negligencia. Em tal caso as attenções que lhos pres tarmos terão maior merecimento, n~a~ nem por– isso deixarão de seryma divida pa~a _á natureza á eclificaçao dos nossos s1m1- lhantes, ã propria dignida~e. i d'aquelle qu e se cons t1tuc censor se- vero d'algum defeito de seus pais I E onde começaremo nós a exercer a caridade, se a recusamo a um pai, a uma mãi? Exigir, para 03 respeitar, que não te– nham defeito algum , que sejam a perfei– ção ela humanidade, é soberba, e injus– tiça. ·ós, que todos desejamos ser tan1- bem respeitados e amados, aca o omos sempre irreprcbensiveis? Se pois um pai, ou uma mãi estiverem distantes d'aquello ideal de intelligencia, o virtude, que cle– sejarainos, sejamos prudentes em descul– pal-os cm esconder as suas faltas no olhos âos outros, e em prezar todos os seus bons dotes. Obrando a sim, melborar– nos-emos a nós mesmos, conseguindo uma índole pia, generosa, e perspicaz em reco– nhecer os merecimentos alheios. Meu amigo, apodere-se muitas vezes elo teu espírito es te pensamento melancolico, mas fecundo, de compaixão, longan imi– dade : « Quantas cabeças encanecidas não es tão diante el e mim, quem sabe se d,aqui a pouco não dormirão no se.pulcbro? «– Ah I em quanto tens a sorte ele os ver, honra-os, e procura-lhes consolação no males da velhi ce que são tantos 1 A sua idade jã os inclina bastante á melancolia, não contribuas por modo al– gum a contrisLal-os. As tuas maneiras com elles, e todo o teu proceder sejam sempre tão ama.veis, que a tua vista os reanime, e recreie. Todo o sorriso, que renovare em seus froxos labios, todo o contentamento, que lhes despertares no coração, será para elles o mais salutar dos prazeres, e redundará em tua vantagem. As benções d'um pai, e de uma mãi sobre um :filho reconhecido, são sempre confir– madas por Deos. Sílvio Pellico. A VIDA HUMANA E OS HOMENS . o que é a vida humana, senão um mar furioso e agitado, onde estamos continua– mente á mercê das oudas, e onde cada instante mnda a nossa situação e nos causa novos sustos? O que são os mes– mos homens, senão o tri ste ludibrio .d_as suas paixões insensatas, e da e~erna v1c1s– situde dos acontecimentos? Ligados pela corrupção do coração a todas as cousas presentes, giram co~ ellas em perpetuo movimento; cada mslanto é para elles uma situação nova. Elles fluctuam á dis– crlpção da inconstancia elas cousas huma– nas, querendo fixar-se continuamente nas creaturas, e continuamente obrigados a apartar-se d'ellas; julgando sempre ter deparado com o lugar elo seu repouso, e sempre constrangidos a começar de noyo

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