A Estrela do Norte 1864
ff:&f&,LA'lk;;±iitC:;cl i,R -Nft Pk#d Wi - Fallai minha filha, rnbeis que vossa felicidade me é tão cara como a ãc voqsos parentes me é preciosa; tende confianra, dizei-me tudo. - Escutai pois, meu Padre, a curta his– toria de minba alma. Sei a muito tempo, sem que me dissessem, que cu 110s· o se quizer, casar-me com meu primo e vi– ver aqui junto de meu pai, de meu tio e de vós. . - E este futuro vos cau sa medo? -Tanto medo, meu Padre; tanto medo que ... .. - Quereis deixar a casa paterna pelo convento. - I meu Padre, Ocos o pede? - Minha filh a, não sei ainda o fundo tlejvosso pensamento. ão posso ainda res– ponder-vos. Acabai o que quereis dizer. - Perdão, meu Padre, perdão; cu Li– nha esquecido que devia ainda vos fallar. Pareceu-me que tinheis act,·inbaclo mi– nha afllicção..Eis, pois, o que me aconte– ceu; Eu era feliz em pensar que minha viela estava fixada como por minha pro– pria ,scolha; feliz era em pen sar llUCn ~n– ca deixaria os meus; quando, lía m :mno, li em uma tarde antes de adormecer e t:is palavras do Senhor : « Se alguem quizer vir apús mim renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. n Li ainda que elle dissera ao mancebo ri~o, desejoso de tornar-se seu discípulo : Vendei tudo e deixai que os mortos enterrem seus mor– tos. n Estas duas sentenças passaram em minha alma como uma espada. Pareceu– me minha vida. dividir-se em duas par– tes : uma j:í. passada, ou que eu tinha vi– vido para mim; e outra, ah! a futura, larga e penozn., em qu e era preciso viver para Deus. ~teu somno ficou ao principio mui to agitado. Emflm, lramruillizci-mc e tiYe um sonho. Perdoai-me vol-o tor– nar dizer, cauzou-me muita commoção ! Pacecia-mc anelar pcrt.:- do llcnrique no pa~scio cm qnc estamos. ~teu primo sonia com muita doçura. Derepcntc appar ccu– mc uma figura semelhante em tudo :í.qucl– la que nos representa Jesus Christo. Elia esta\'a vestida d'um habito branco como a nc\'e e sua pbysionomia scintillava uma. b~llcza divina . ll fas sua fronte, seus pés e suas mãos estavam maculadas de sangue. Depois pareceu parar alguns pa_s– sos diante de nós e estendendo a muo esquerda para Hedrique, como para de– tel-o, me conYidou a collocar-me atrás delle, dn direita. Involun tariamentc me uni a IJenrique que me olhava CO!Il uma expressão ele admiração, e parerua per– guntar a razão de meu temor. O Salva– dor conservava-se sempre em minha ;- saen 1 - frente, fazendo constantemente os mes– mos gestos, e eu eslava sempre indecisa. Então Jesus me di sse esta uni ca palavra: « Benedicta ! " Como eu li no Ernngelho que elle clissc á l\Jagdalena : " l\Iaria ! " Esta palavra foi para minha alma uma sotta arden te. Corri para elle, cahi a seus pés e lhe di$SC: Senhor, que quereis _que cu faça ? Acordando; senti desvanecidos tudos os sonhos da minha mocidade ; e desde esse momento nunca mais meu co– ração pôde fixar-se na esperança tran– quilla da felicidade ató en tão desejada. (C1Jnt1'núa..) A VERDAl'lEIRA FELICIDADE OCCUPA POUCO LUGAR, E FAZ POUCO RUIDO. Acabava o campo de deixar seu triste aspecto ele inverno, e o rnez de maio lhe entregava toda sua vida, toua sua fres– cura. Tambem o magnifico castello si– tuado á pouui distancia da pequena al– deia de B . . era habitado depois de alguns dias por seus novos proprietarios, mada– ma de Lussac e sua filha Alinai que tinha herdado estH relia propriedaac. Apenas chegados de Pris, mademoisellc Alina e sua mãi, percorriam suas im– mcnsas coutadas, seus pra.nos ; passeavam sobre o lago em elegante boto e passavam lodo o seu tempo cm festas, passeios e divertimentos. Entretanto não se tinham ainda esgo– tauo muitas semanas e Alina já sentia em si o inexoravcl aborrecimento, castigo da ociosidade. Quando se tractou de deixar Pa!'is, clla mostrou a mais viva impa– ciencia, e depois 6 para Paris que se vol– vem seus ardentes votos. ·a idade de de– sc.;cis annos apenas, educada p.or uma tão Lerua mãi, que nunra tinha sabido fazer– lhe esperar a satisfação de um desejo Ali na t razia habitualmente sobre seu ros~o o traço da_ lassidão, e qualquer que a v1sse, conhecia que ella não era feliz. l 'ntão que faltava á sua felicidade? Nada , segi'J')ndo o mundo · tudo di– ante_ de Deos. Ella tinha m~itas vezes negligentemente aberto o livro divino onde diz : « Felizes os que choram I Todo º. que qu;zer ser meu discípulo renun– cie-se a s1 mesmo, tome sua cruz e siga– ~e ! n Mas nunca essa intelligencia ligeira tmba meditado estas fortes verdades. O prazer, o prazer devia sor toda sua vida. Uma manhã cm que ella por longo tempo passeava sem poder se alegrar , vio, atravéz •
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