A Estrela do Norte 1864

,. A. ESTB.ELLA DO NORTE, de diamante, se escapou d'entrc suas pe– talas purpurinas. ão pócles apreciar, bella rosa, o hem que te faço. Se meus ramos copaclos nilo te protegessem, os ardores do dia hem depressa fanariam a frescura de tuas co– res, e os zephyros arrancariam pela tarde tuas petalas perfumadas. A rosa insistia e se queixava sempre. Veio a passar um gracioso e travesso me– nino , que ouviu estas queixas e cedeu aos desejos da nella rainha das fJ.ores. o arbusto desapareceu, e o gracioso meni– no contemplou um momento a engraça– da captiva que elle tinha libertado. A rosa sobre seu calice se balança então fa– ceira e triumpb,antc. Os raios luminosoº do astro do dia dão mais realce ·ás suas mimosas e pudibundas cores; os zephy– ros buliçosos se suspendem a seu calice, e ella recebe com prazer suas ligeiras ca– ricias. Ora cedendo um momento ao so– pro fagueiro ela brisa e!la se curva para levantar-se dep6is leda e gentil. o clou– dej ante beija-flor veio miral-a e bcijal-a. Ditosa se julgava a rosa, mas depois pouco a pouco sua frescura e seus encan– tos se perdem, suas côres se desbotam, suas petalas se fanam. A tardinha o ca– lice estava só . . . . e os despojos ela bella flor por terra rolavam cli persos. Ah ! vé-se lodos os dias meninos que se irri– tam contra os mtidadQs e conselhos dos JJrotc– ctores de ,seus verdes an1ws. Elles dezejam se ea:pàl' sosinhos aos perigos elo mundo, gue se lembnm do exemplo da rosa. lr, àe Macedo Costa. SEMPRE O CRl~IE É CASTIGADO Por uma terrivel nevada entrara ha al– guns annos um viajante, em uma es– talagem desviada na Hungria. Pelo vcs– tuario era facil conhecer que tinha de seu, e pelo peso da sua mala o es tala– jadeiro quiz-lhe parecer que era possui– dor de uma grande somma de dinhei– ro em ouro. Odono ela estalagem era casado, e linha um filho a quem muito amava. Era u homem muito cubiçoso e ç.ruel; o filho en bom rapaz, mas um pcluco incons– tante; tinha partido para uma festa d'al– deia, e devia voltar no dia seguinte. -Aonde acomodaremos o viajante? <lisse o es talajadeir:o a _sua mulher . Eu sei que elle traz dmheiro; convcm dar– lhe O quarto ifo nosso _Ernesto .que ~e certo não vem esta noite. Alh csta1á atrastado, e podemos matal-o á nossa vontade e apoderarmo-nos do que t_cm . , A mulher do eslalajüdeiro -não era tão má como seu marido ; horrorisou-se pri– meiro, porém a paixão do ouro venceu-a, e associou-se a este horrível projecto. Acabado o jantar , o estalajadeiro con– duziu o viajante para o quarto de seu filho . O viajante sem desconfiança ador– meceu, deixando a mala aberta, assim como a porta do quarto. Do repente a– corda ao som de repetidos gritos, ouve empurrar a sua janclh, sente pattir a aldrava que a segurava e Yê um moce– tão saltar d'uma escada e dirigir-se_pura • a sua cama. . É fucil acl vinhar o susto do pobre ho– mem, acordado assim de sobrc;;alto. Ar– mas não as tinha á mão: Pedir socorro? a quem, poi's se achava entre um bando de assasinos. Podia vender cara a sua vida: porém o terror lhe gelou os mem– bros, e tomou um pàrtido apparente– mente ridiculo, mas que o salvou: foi o de se esconder entre a parede e o lei– to. Na mais terrivcl anciecladc, vê o re– cem-chag-ado dirigir-se ao leito, abril-o e deitar-se. Era o filho do estalajadeiro, que voltando da feira mais cedo -do que se csperavà, e tendo bebido mais do que· costumava, voltava com os seus folgazãos amigos, e ia clescançar elas suas faclig·as. o nosso pobre viajante 'julgou-se logo salvo, ouvindo roncar o sen companheiro, e já se dispu nha a passar ~ noite· em claro, quando d pois de um bom quarto de hora ouve abrir a pórta furtivamente. Era o estalajadeiro que vinha para con– summar o seu crime, o que entrava às apalpadellas, armado de um enorme cu– télo. i\Iais morto do que vivo, Yê o mi– scravel dirigir-se para o leito, apalpar o homEWt que nelle estava dormindo tão socegaão, e enterrar-lho com o maior sangue frio o cutélo no coração; depois tracta de v.er se es tá morto, embrulha-o n 'um lençol e ajudado por sua mulher, o levam, assim eom0 o colxão da cama. Immensas vezes cm quanto durou esta scena lugubrc, o nosso viajante quiz gri– tar, tazer ainda um esforço; mas o te– mor, o sentimento ela propria conser– vação o retiveram e não teve forças se– não para se agachar ainda mais entre a cama e a pare.ele. Comtudo o e talajaclciro sahiu dcrn– gar com sua mulher levando o cada.ver e a mala do viajante, que só quando mal se ouviam os passos se julgou salvo. o seu _prim~iI·o impulso foi ir á porta e cntrmchci:ar-s o melhor que podcsse. Desta_ vez ~Htú . dormiu mais e esperou com 1mp~cwncrn quo :unanhccessc para se ~proYcltar dos primeiros raios a'e luz.,

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