A Estrela do Norte 1864

; A. ES'.l'JlELLA. JJO NOB'.l'E, 130 Fui logo entrando na alameda rl:J. vcllia mansão ; ó um edificio de construcção bastante antiga, no estylo que os france– zes attribuem á época. el e Luiz XW. m u actan, que acompanhou J3uckingsn á Paris no tempo da embaixada de 1G26, tinha sido o architecto.cle ua propria casa e castello, e na planta da obra dirigiu-se pelas lembranças de sua viagem á Fran– ça. Na extremidade da alameda duas tor– l'es baixas e massiças , lig-adas entre si por uma grande parnde com almofadas sy– metricas e lavradas, no meio da qual es– tava uma porta de carvalho, de grossos pregos marchetada, formavam um corpo de casa separado. Por es ta entrada bia– se a um vasto pateo quadrado, no meio do qual estava um tanque cheio de plan– tas aquaticas : Para a parte direita esten– diam-se, separadas tambem do edificio principal, a:s estribarias e as cocheiras. O palacio, por posição pouco usada, não formava senão dous lados do pateo: t er– minava em cada angulo exterior por uma aita torre, de modo que de fóra cada uma das fachadas parecia regular, e eram mes– mo de bella visla. Os quartos eram vasLos, 'com mobilia sem aifectação, mas decora– dos com numerosos retratos da familia, e _pi ntados com gosto. (Co11tinúa.) • • Varietlatles. J\IE.IIIORIA PRODIGIOSA. Existia ainda em i833, em Stirling, um velho mendigo cego, conhecidc em todo o paiz pelo nome de Blind-Alic,k, cuja prodigiosa memoria era geralmente ad– mirada. Orphão desde a infancia, e obri– gado a mendigar na cidade de Slirling para viver, o pobre Alick tinha lido e relido, antes de perder a. vista, a Biblia toda, e quando cegou já sabia d,e cór o An tigo e () novo :restamento, des~e.o pri– meiro afé ao ultimo verso. Poche1s che– gar-vos a i\li ck e citar-lhe tal ou tal pas– sagem dos livros sàn~os, que elle vos dizia com um accen to 1mpertnrbavel em q1.10' capitulo se. acha''.ª ess~ p~ssagem; e ainda que nada mais ped1ssms, rei;ie– Lia-vos ~em interrupção os versos segum– tes. eerto dia um fülalgo querendo con– fundir o ]Jom cego, r ecitou-lhe rn ver– so do Evangelho, alterando um pouco n rnntido das palavra e pergunLou-lhe de qu e capitulo ora o 'verso. Allc1,, de– pois de um momento de reflexão indi– <'OU o capitulo, os versos precedentes e ;:;rgitintrs, corrigiudo ao mesmo tempo o erro da citação. Depois disto o intru·– locu tor pediu-lrni tambem que repetls– se o verso noventa do sexagesi mo ca– pitulo dos Numeras. Nova reflexão; Alick balbucia algumas palavras entl·e os den– tes., e dirigindo-se CQm vivacidade ao in– tel'rogante e aos espectadores, diz: « Vós zombais de mim, senhores; ,esse verso não existe nos Nwnel'Os : o capitulo não tem senãó oitenta e nove 'versos. « Alick satisfez com a mesma facilidade innumeraveis interrogatorios de~te ge-– nero. Muitas vezes, se lhe perguntavam por um sermão a que tinha assisttdo na vespera, repetia-o com mui pequenas al– terações, tal corno tinha.sido pronuciado pelo prégador. , MELHOR É SER MUI BOM, DO QUE MUI J USTO. A veneravel Madre Jaonna Francisca Fremiot nos pi:incipio da fundação do seu institu to teve uns encontros com cer– ta senhora de qualidade. Eporque acha– va justiça da sua parte naquelle n egocio, que se tractava, não admittia partidos, e reprehendida por seu padre espiritual o glorioso s. Francisco de Salles, de es tar tão forte no seu intenLo, respondeu-lhe : Senhor, eu nao posso tirar cousn: alauma da justiça, e aindaque e ta fora contra mim mes– ma, pel'mareceria -immovel. Tornou o santo com semblante grave : Mad1'e miriha, vós sois mais justa que boa ; e convém i -l'des mais boa, que ju,sta. . No tracto lrn rnaCLO com os proximos, pouco racional procede, qu em aff~cta pro– ceder muito racional. Nas balançàs do juizo, afiladas pelo pe~o dp sanctuario, mais pesam dous dedos de bondade, do que muitas braças de ,justiç-a. Sejámos de cor<" ção aberto, ainda que por is o pare- amos de entendimento cei-rado. Não er– ra. quem se deixa errar por escusar con– tend:is e porfias. Terá paz comsigo e com os proximos o espirita que for mais be– nigno de transacções que de litígios. Bem sabia Eliseu que seu mestre Elias fora ar– rebatado ao céo em um carro àe fogo, e, com tudo condescendeu com os que o qui– ;,'uram andar buscando por montes e val– les. Bem sabiL;;simão ( um dos ·lachabeus 911:e $'Overnarom o povo ) que Trifon seu 1mm1go lhe _Qedia dolosamente em refens dous filhos de seu irmão JonaUrns, que :ficára prisioneirQ, e com tudo lh ·os en– tre9ou, por não discordar do povo, quo a sim o queria. Mas o melhor exemplo que ha de condescendencia caritativa, foi. o de Christo, nosso hem, com s u disci– pulo Thomé, então incredulo. Nenhuma razão tinha es te ele pedir por signa es da

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