A Estrela do Norte 1864

',t: ESTRFILL:.I. DO NOBTE.' 9SI irmãos. Já tenho dito bastante. Porém em presença desta maravilhosa post6ri– dade, uma lembrança vem olferecer-se ao meu espírito e enternecer o meu cora– ção. s. Vicente de Paulo, no fim de sua carreira, admirado da importancla que tinliam adquirido as duas familias, excla– mava com toda a effusão de sua alma: Acaso' chamai·-se._ha obra do homem aquillo em que o homem nunca pensou? Nunca tive a idéa de fundar uma companh'ia; a proprfo palavra - congregaçao -:- nunca se apresen– tou ao meu espirita. Foi Deos que fez tudo isto. << A Domino factum est istud. » E eu, chegado a uma ·idade cm que a vida se inclina para o tumulo, abraçan– do em meu pensamento o vasto theatro em que as nossas duas familias offerecem tãobello espectaculo á Deos, aos anjos e aos homens, vendo as bençãos que acompa– nham os seus trabalhos sobre um e outro bemispherio, sinto necessidade em repe– tir a palavra e10 homem de l)eos. Nunca esperei ter resultados tão prodigiosos ; e exclamo com elle : A Domino factum est is– tud; á Deos só cabe esta gloria. Ouço . retumbar no meio deste immenso audi– toria a palavra do grande apostolo: <• Fui eu sem duvida que plantei, foi Apollo que regou ; porém foi Deos que lhe deu o cres– cimento : Ego plantavi ; Apollo rigavit; Deus autem jncrementnm dedit. s. Vicente de Paulo foi pois para o nosso seculo como para a nossa época uma urna de eleição pára levar o nome do Senhor perante as nações, os reis e os filhos de Israel : Vas electionís est lmihi iste, ut po1'tet nomen meum coram gentibus, et regibus, et filiis Israel. Só me resta dizer-vos que será tambem o homem providencial dos seculos futu– ros. (Contimia .) Variedades. O SABJO POUCO INQUIETA-SE COM O QUE DIZEM DELLE. A misericordia divina tinha conduzido um vicioso para uma sociedade de reli– giosos cujos costumes eram santos e pu– ros• eÚe ficou tocado das virtudes desses ho~ens; não tardou á imital-os e ~erder seus antigos . habitos : torno1;1-s~ Justo, sabio, paciente, trabalhador; p10do~o e.ca – ritativo. Seus antigos companheiros da dévassidão não podiam negar suas obras ; rnç1.s longe de as querer imitar, elles lhes davam odiosos motivos; consentiam em . Jo 11 var AUaf, acçnPs, portlm desprezavam sua pess·oa, e persistf:J.m em querer jul– gal-o pelo que fôra e não pelo que tornara– se. Esta injustiça o penetrava de dôr; elle foi derramar suas lagrlmas no seio de um homem, que não tinha vivido senão com Deus, e que füe disse estas bellas pa– lavras : « O' meu filho, vós valeis mais que vossa reputação ; dai graça_s a Deos. Feliz aquelle que póde dizer: meus ini– migos censuram em mim vícios -que não mais• tenho! Que vos importa, se fordes bom, que os homens vos persigam e mesmo vos punam como máo ? Não ten– des para vos consolar dous testemunhos claros de vossas acções : Deos e a vossa conscienoia ? » É DOM REPARTIR SUA FELICIDADE COM' OS OUTROS. Um pobre obreiro, •que havia tido ex– trema difficuldade em descobrir um do– micilio, e que já suppunha-se no momen– to de entrar n'elle, contestava com o seu proprietario, que, á vista da mobilia, achava que ellê não tinha com gue pa– gar o aluguel, e lhe recusava a entrada em sua casa. o pobre obreiro, que se achava no an– dar da rua, e não sabia para onde ir com _ sua familia, rogava, supplicava; sua mu– lher dava gritos lastimosos, quando pas– sa um par de jovens esposados que iam á barreira festejar as nupcias. A aftlicgão da familia do obreiro toca a joven casa– da. Ella pára, interroga esta pobre gen– te, e sabe a causa de sua affl.it :ção. « Meu amigo, diz ella logo a· seu marido ; fa– çámos uma boa obra, ella nos tor.nará felizes. Vai á casa do proprci.etario, e faze com algum dinheiro, que estes intelizes tenham ao menos um domicilio. Nossos amigos nos perdoarão se lhes dermos de meus algumas garrafas de vinho. » Uma acclamação geral accolheu a pro– posição e o marido parte-com outras ·du·as pessoas e mediante 85 francos arranja o negocio: Mas a gente das nupcias não quer deixar a carga inteiJ'_a sôbre os re– CJ3mcasados, e todos contribuem por sua p..(J,rte. Depois caminham com o coração àlegre de uma acção tão bõa. ~ MILÃO DE 'CROTONA. Famoso atleta, que se tinha acostuma– do desde a mocidade a carregar grossos fardos. Augmentando todos os dias o peso delles, chegou a ponto de carregar nas espaduas pesos enormes. Assim comprou um bazerro e todos os dias carregava com rlle a uma certa di stancia, e foi contí- '

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