A Estrela do Norte 1864
fim a sua carrei ra acaba com a sua exi s– tencia, o ruido que fizeram vai perder-se no silencio da morte. Feliz ainda, se a geração que os segue não abate as esta– tuas que lhe foram elevadas pelos seus conternporaneos ! Quantas illustrações- de todos os degráos da escala social não cercaram de gloria o bello seculo de Luiz XLV? mas haverá por -acaso alguma como a de S. Vicente de .Paulo que ainda hoje esteja em pé, que tenha resistido ao choque das vicissilud-es humanas, e que não fosse arrebatado-por essas tempestades que talaram o sol'lo da patri a ? Sorte mais gloriosa está reservada paTa os homens qu e a Providencia escolheu para serem os instrumentos de sua sabe– doria ou misericordia. o principio de sua grandeza está no seio de Doos : participam de sua immu tabHidade. A fon te de be– neficias, de que são canaes, está no céo, -e por consequencia_n unca secca. Não mor– rem ; despoj am-se de sua cópa ; porém sobindo á morada da gloria, só adquirem mai s poder para fecundar a semente di– vina que espalharam na terra 1 Assim se nôs apresenta a bell a e gran– de imagem de S. Vicente de Paulo. Já tres seculos nos separam da época do seu nascimen to : e entretan to vemol-a aindllJ engrandecer ; sentimos que vive sempre no seio da patria, e cada geração em re– conhecimento dos seus beneficias vem aj untar um novo raio ao brilho da sua aureola. Ah I é que o curso da vida só foi o ponto de partida da missão r egenera– dora que devia cumpr ir . Seu nome tendo sido um symbolo de salvação para a França, no momento em que elle começa– va para ella, bem que de uma maneira oc– culta ainda, um trabalho de transforma– ção social, devia confundir-se tambem em todas as pcripecias que'devia solfrer esta ·grande obra, e con tribuir poderosllmente para segurar-lhe um feliz exilo, exemplo de maiores perigos. ' s. Vicen te de Paulo morre, no momen– to mesmo em que a heresia astu ta. espa– lhava por toda a par te a peçonha dos seus erros, e envenenava as instituiCõlls ás mais veneraveis da Igreja de Fraoç!t. A philosophia do decimo oitavo seculo de– v!a ser a consequencia de seus pri nci– p10s, e acarretar terriveis catastrophes. É n_o meio desta decomposição da ordem socrnl que S. Vicen te de Paulo foi glori– ficado pela Igreja e collocado n.os altares. .É_ Ull_l s1;mLolo de protccção e de salva– çao 10d1~~0 pela Provideniia para os :tempos cr1ticos que se aproximam. Logo a_pós o horisonte se mostTa carre- gado de nuvens; a tempestaue arrebenta e a mais lamen tavel r evolução se effec– tua : o throno é precipitado com o altar no abysmo em que vem arruinar-se suc– cessiv,amente todas as classes da ,i erar– chin social ; o in cendi o e a carnifi cina tornam-se os meios de destruir todas as existencias e todos os principias. Um mar– teUo inflcxivel demoliu t udo sem pieda– de, o a nossa bella França não apresen ta mais do que· 11m immen1,o montão de ru1nas . . ( Ccmti11úa-. ) A. :-ev ol u,ão de 1&,D em Ro111a. KPTSODlOS. ô conde Pellegrino Rossi tinha decidido em seu espírito estas intenções; mas seus inimigos contavam os dias por ou tro ca– lendar io. Já tinham voltado de Turim oc; que tinham sido enviados ao grande Se– nhéd rin ; de todos os lados uns com os outrcs se encontr avam ; por toda par te aj untamentos, um vai-vem geral; per – gun tl!.vam-se mut uamente : - Que ha de novo? O oavallete está ainda no campo de Flora, e na praça Na– vona 7 -O cavallete está queimado , e Roma não t ornará mais a vel-o. - Que dizes ? Não sabes que nossi nelle go-vernou por todos os cantos de Roma ? - Sériamente ? Faltava-nos ainda isto. - Ainda não é t udo. Eu vi o torneiro fabricar mordaças, atadas ao pelourinho. A' quem diz : per ac1rillo, per cristallina, per dio Bacco, d~pressa a mordaça. Por uma graça á respeito d'um padre, mor– daça ; á todo o discurso rnalsoante, mor– daça. - :Mis ricordia ! elle vai açaimar toda a cidade de Roma. E para os accidendi tem elle tambem castigos 'l - Tres chicotadas á quem disser acoi– denti; cinco á quem disser arcipreti ; dez, de calções arriados, á quem disser aoci,., denti. - Accidcn ti ! haverá mais canascos que 1 oldados, e, a_ntes que elles appareç.am; vou dizer- voi, 'uma califa delles. - Pacicncia, isto é rupenas, bagatclJa ; sabei• que o ministro Rossi quer tornar a pôr em exe.rcicio os supplioios do santo officio ? . Eu vi eu mesll'fo com astesr olhos, VI mu ito bem Ge-rtas carretas sah:l:r~m du~ rante a nóite da porta desse bvrnv~l pa– lacio carregadas de to1·queaes, pmças, fveio', trínclios, rodas par.a q11.ebrar os hraços, martellos e ma.9as _paTa: ato1men-
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