A Estrela do Norte 1864
:-1. tc:8'1'.RELl,A DO 1\'0RT.I!:. Crescente e de novo erguer a Cruz de Je– sus Christo. ·Apenas quebradas as suas cadeias, ve– mol-o apparecer na capital para ahi cum- 1prir sua missão mysteriosa. nem depres– sa a virtude desse pobre padre se faz sen– tir no meio ele um povo afílicto; desen– volve um gcnio de benelicencia que se rleva á toda a altura das necessidades so– ciacs. Vêdcl-o .á cabeceira de Luiz xm moribundo , colhendo com seu ultimo suspiro os votos de seu coração pela fe– li cidade de seu povo , e a nobre mi são de preparar para a França o bello sccu– lo do grande rei. Admiraes, meus irmãos, es te magnifi– co systema de beneficencia publica, o or– gulho da França, e que as outras nações lhe invejam, que alcança todas as mize– rias e todas as desgraças da humanida– de, desde o filho abandonado até o velho curvado para o tumulo , que tem em sJus thesouros soccorros para todas as neces– sidades e allivio para todos os soffrimen– tos. Pois bem, ignoraes talvez que toda estJ). gloria cabe á s. Vicente de Paulo. Consultae a historia, interrogae os secu– los que precederam a sua época. Não achareis vma só dessas instituições ma– ravjJhosas e têlo eminentemente christãs que fazem tanta honra á nossa patria. Engano-me: .a historia. contar-vos-ha no– bres inspirações, que não passaram do estado de projecto ; dir-vos-ha _as tenta– tivas generosamente concebida s, para. op– pôr um dic1ue á esse rio sempre crescen– te de solfrimentos e de miserias que af– Oigia os povos; porém essas tentativas sempre foram estereis. Ora, o que os podero~os da tena, com todos os recursos de que dispõe, jámais poderam realisar , um pobre padre, nas– .ciclo nesta cabana, creaclo no meio destas charnecas, sem_protecção e sem for tuna o cumpriu com prodigiosa proficuidade. Parece que possue• em seu coração todos ,os segredos da mizericordia divina, e em suas mãos a propria omnipotencia de Deos. - A instituição dos meninos expos– tos, o asylo dos orphãos, os hospícios pa ra os operarios invalidos, os hospitaes para os doentes, as casas de cari dade pa– ra os soccorros nos domicilios: todas es– tas obras surgem como por encanto n:i. .capital e se multipli cam . nas províncias. Tem um talento maravilhoso para com– mover os corações e para _arrastar cm sua companhia todas as vontades cm ~?ccor– ro do pobre povo. As classes as mais, ele– vadas da sociedade as damas da corte, .i propria rainha A'nna d'Austria, obe- dccem as uas inspirações, se reunem em assembléas de caridade, põem á sua disposição ·não só as suas dedicações e fortunas, como tambcm ousam empre– hender com cllc soccorrer todos os po– bres da capital, e todas as no sas pro– víncias assoladas pela pes te, a guerra e a fome. Ainqa não é bastante para o coração de S. Vicente de Paulo. O soffrimento do pobre vovo é seu v eso e siui dôr. 'ão lhe é sufficiente procurar-lhe alli vio e conso– lação. Não estará satisfeito senão tpran– do vil-o cercado de todas as ternuras da sollicitufle materna. Antes delle eram ignorados todos os thesouros ele compai– xão e de dedicação que encerra o seio da mulher christêl, quando a caridade se apodera de sua natureza para pôl-a ao serviço da humánidade padecente. S. Francisco o tinha prescntido. Porém recuára diante elo pensamento de expor a virtude de uma virgem timida aos pe– rigos das influencias pcstilenciaes que exhala a corrupção do mundo. i\1a o ge– nio de S. Vicente de Paulo soube elevar– se acima dos prej uízos do povo. Com– prehendeu todas as riquezas da mizeri– cordia que o!Ierecem ao mesmo tempo, quer a pureza delicada de sua alma, quer emfim todas as nohres faculdad es, quan– do a fo as anima, quando o amôr divino as inflamma. Achou nas pesquizas· de sua profunçla intelligencia, o segredo de transformar a fraqu eza d'clla cm poder, de tornal-a superior a todos os perigos e á todas as seducções. Diante da candura celeste da filha da caridade as paixões se calam, a impiedade inclina-se, a heresia espanta– se, e o mundo inteiro admira; o solda– do mutilado no campo ele honra, como o pobre doente sobre o seu leito llc dôr, con templa com tanto respeito quanta fe– licidade esta inspiração sublime do bem– feitor da humanidade; de hoje em dian– te tanto um como outro não vêem á sua cabeceira senão unia hemfeitora genero– sa uma irmã delicada, uma tema mãe. D~scle então a instituição das filhas de caridade é um astro novo, collocaclo no horisonte da igreja para cercar o mundo inteiro com a sua suave luz e o seu bc– nefico calor. Porém outras chagas, diYersamcntc clif– ficeis de curar, atormentam a nossa pa.– tria. E' a propria vida do corpo social que fe1,1ecc, e que convém reanimar. o cle_ro é a (ttz do mundo: se se apaga, cobre– se 1mmedrntamente o mundo de desastro– sas ~revas. E' o sal da tetra; não pódc pro– duzir Reus fruc.tos de paz, dr conrorctii
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