A Estrela do Norte 1864

A. ESTBELLA. DO ~OBTK, môços de diversas idades, que, graças á communhão frequente e á regularidade de seu trabalho, fazem uma vida inno– cente e verdadeiramente perfeita. Sei de uma menina que tem diariamen– te o seu quarto de hora de oração, que conversa face a face, quasi sem distração, com seu, bom Jesus, que não commette uma só falta sem lhe pedi!' immediata– mente per.dão de joelhos com as braços em cruz, que não suspira out ra alegriai senão a da 5anta commrnnhão. E'ella pra– tica esta verdadeira e grande piedad-e em casa de seu pai como se estivera- em wn convento. Entre-as grandes senhoras do mundo , mesmo do mundo de París, o•mais dissi– pado e insinuante de todos, ha verdadei– ros anjos de piedade, que não vivem se– não da oração, e· da dedicação a Deos e ao prox imo. Estas boas senhoras sabem unir, não aos prazeres, mas aos deveres e ás exigencias de sua brilhante posição social, o recolhimento o mais interior, o desapego o mais absoluto, a caridademais doe-e e agradavel, as boas obras de toda especie, a communhã:o frequen te e mes– mo quotidiana e até as mais duras.m01:– tificações da peni tencia. Conhe.ço em Paris mais de um, estu– ctante, que exercem não só a pieda– de, ma-s a perfeição da pieda:de, no meio de dissipados companheiros, que fazem cada dia meia hora de oração , que reci– tam com gosto o officio da Santa.Virgem, que quasi não perdem de vista a presen– ça de Deos, que se privam dbs prazeres mundanos sem mesmo nisto pensar , e que bebem a piedade êm sua,fonte viva e inesgotavel, a Eucharistia, vivendo del– la; e recebendo-a todas as vezes que po– dem. O mesmo se passa entre soldados. Sei de um offi cial em Roma, que attrahido pela piedade, serve a !\'osso Senhor entre as lidas mililares, com fidelidade tão constante e oração tão continua\ qu e tem admirado aos mesmos padres. Quantos chr istãos piedosos e zelosos não temos nós nas fileiras do nosso exercito desde o mais si mples sol dado até o mais a'l posto ? · Sim, a piedade é pos ivel em toda parte a piedade é possivel em todas as pe soas'. como as plantas no clia ela creação todos .os fiéis, que são plantas vivas de' Jesus Ghristo, podem e devem, cada um no seu genero, cada um na sua vocação, produ– zir com a diviua graça no jardim da Igreja os ex.cellentes fr uctosda piecla.de christã. l\ln. DE SÉGun. PEDRO VELHO . Em terra tambem ha naufragios. e pi– ratas, e estes tan to peores, porque no mar pócle-se fugir delles e na terra não. Bem oexperimentam os negociantes, que mui– tas vezes perdem em terra o que gran– gearam no mar. Um destes, rico, e que o sabia ser, cha– mado Pedro Velho, era mui to particular devoto ele S. Francisco Xavier na India, o qual se valia do seu cabedal e libera– lidade para sustento de muitas almas que por falta do temporal perdem a gra– ça de Deos. Neste risco estava uma don– zella que este Sancto quería casar. E indo pedir o dote ao mesmo mercador o achou jogando as tabolas em casa do um amigo: - Não vem vossa reverencia a bom tempo pedir-me o dinheiro proprio, lhe diz aquelle, quando eu es tou trabalhan– do para ganhar o alheio. - Sempre é tempo ele fazer bem, res– pondeu o San to, e só nesta sorte ele jo"'o não póde faltar dinheiro, onde elle se não arrisca com os homens, mas se assegura com Deos. - Ora, Padre, tornou o mercador com a mesma gr:;iça, não nôs divirta mais, eis aqui a chave da caixa, vá á minha casa e tome o que quizer. Foi o Santo, tomou trcscntos cruzados, que era o preço do dote, e tornou a en– tregar a chave, declarando o que tomára. - Afl'ron tais-me, Padre, disse Pedro Vell1o, olhando-o a ttentamcnte ; nessa caixa estavam tri n ta mil taês ( valem mais que cruzados ) e quando eu vos dou a chave, a minha tenção é ' partir pelo meio, e não haveis tomar menos de quin– ze mil. Os circumstantes festejaram este dito como bizarria e jactancia ; porém Xavier, que lhe viu o coração tão largo como as palavras, acceitando-as por parte de Deos, logo lh'o prometteu , em principio ele pa– ga, que por aquella boa vontade jamais lhe faltaria a Providencia divi na em todo o necessaTio á vida temporal, e que vi– vesse contente, porque para se fazer pres– tes para a eterna Deos lhe revelaria a hora ela morte. ouvindo esto oraculo, Pedro Velho pro– vou logo o que havia ser. D'alli por dian– te foi um out.10 homem na conta com a propria conscienci~, 1_1a frequencia dos Sacr_amento.s, na m1 sericordia com os ne– cessitados, e no exemplo de u ma viela ver– dadeiramente cllristã. Não acabou br - 1 •

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