A Estrela do Norte 1864

168 A. E8TRl:LLA. UO 118BTE. acontecesse. Bem me dizia o meu falleci– do pai, que a minha defunta mãi tinha um tio no Brasil, e é com certeza desse tio que vem esta herança, e eis aqui como este negocio se explica muito natural- - mente. Agora o que é necessario é que os rapazes não digam nada do negocio. Vós sabeis como este mundo é invejoso, e como um maleficio vem facilmente des– truir as mais bellas esperanças. Dito isto toda a familia foi ceiar. Mas não ha fome, diz a mulher, quando o coração está cheio de emoção e alegria. E'• melhor pensar na felicidade que nôs espera. - Ah ! ... como nós gozaremos perfeitamente da vida. - Não havemos de beber senão vi– nho do Porto, em copos grandes, joga– remos todo o dia t - E que jantares que nós daremos t - Nesta expectativa, nesse dia não cearam; demais o cultivador e os seus filhos, que não deixavam de can– tar durante o trabalho, ficaram mudos desde então; emfim, todos os visinhos notaram uma mudança inaudita na ho– nesta familia - a alegria invejada pelos mais ricos da aldeia tinha de repente dado logar a uma apparencia de inquie– tação e preocupação, que ninguem podia explicar. Entretanto as duas libras foram arranjadas, ainda que com bastante tra– balho, e mandadas para o procurador, o qual escrevia muitas vezes, promettia a herança cada vez mais certa, o andamento do negocio achava-se . empre emb.araça– do por alguma circumstancia imprevista, e a herança não chegava. Por outro lado as correspondencias, os papeis sellados, as despezas de toda a especie custavam muito caras. - Novas remessas de dinhei– ro tinham sido effectuadas e novas diffi– culdades se levantavam. - O pobre ho– mem quer elle mesmo tomar conta do negocio ; vae tres vezes a Lisboa ; vende tudo quanto tem para despezas prepara– torias e para pagar o trabalho do seu pro– curador, depois de estar completamente arruinado, sabe que o defunto dispoz de toda a sua fortuna n'um tes tamento. Podeis pensar quão grande foi o seu de ·espero; naquelle momento pensa em suicidar-se ; porém toma animo; sa.9e que o seu parocho é um gno pastor, a nuem tem contado os seus sonhos de fe– lfcidade - sabe que achará nelle pala– vras consoladoras, um pai, um :urtigo prompto para participar dos seus desgos– tos e das suas esperanças. vae p.or isso p~ocural-o, e este o a~olhe com benevolencia, escut_a a narraçao do pobre cultivador, e dep01s de ter lança– do sobre sua dôr o balsamo de -palavras ~ffectuosas lhe dirige es1as palavras : - 1\Ien amigo, tenho uma outra heran– ça á vossa disposição, a de um de vossos irmãos) que morreu instituindo-vos seu herdeiro ; vós não precisaes gastar nem um real ; para a obter não vos será ne– cessario senão observar algumas praticas que eu vos ensinarei. Quando tiverdes a felicidade de possuir esta herança; se– reis mais rico e mais feliz .que nm rei; encarrego-me de ser vosso procurador e sel-o-hei gratuitamente. O irmão cuja he– rança vos póde tocar é Jesus Christo, mor– to sobre a cruz por amor dos homens ; esta herança é o céo, é uma felicidade perfeita sem inquietação e sem limito, todo o mundo póde conseguil-a; segui meus conselhos, e eu vos porporcionarei os meios. o pobre homem, debulhado em lagrimas, jurou ganhar o Céo, e desde. esse dia tornou-se modelo da aldeia~ MODO DE SAI.VARA VIDA AO EMBRIAGADO·– Todos os annos morrem milbarés de desgraçados, victimas da embriaguez·. Portanto quando se encontra algum em– briagado deitado de costas, por caridade deve-se voltar de lado, ou de peito para baixo, porque n'aquella outra posição, é muito facil soffocar-se repentinamente por não poder vomitar. Ao· contrario vi– rado para baixo, os nlimentos, que pc;s– sam ter subido á garga-nta (lijscerfi.o por si mesmos, sem perigo de suffocação. !\las tal vez vos repugne t Attendci en– tão a que este homem tem uma alma co– mo vós , e que seria d'elle se appareces– se n'aqnella occasião na presença de Oeos, nosso juiz? Este pensamento vale bem o trabalho de vencer alguma r epugnan– cia. (Leituras vopulares.) A.wiso. CATECISMO DA DOUTnlNA CHfilSTÀ. Acaba de sablr dos prélos e se acha na– loja do Sr. José ~.1aria da Silva, na Calçad1r do Collegio, o Catecismo da Doutl'ina·christa mandado imprimir por ordem de Exm'. Sr. D. Antonio de Macedo, Costa para u so desta Diocese. - Vende-se a 500 réis l , o vo ume, em proveito da obra da edu ca- ção de meninos pobres, e declara-se ser propriedade da Caixa-pia. Typ. da t STRF.1,LA DO Nonn: .

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