A Estrela do Norte 1864
• ' A. E8'l'RELLA. D O .l\'OBTE. pleta escuridão, se quereis, isso seria me– lhor. Ou en tão descobri a vossa lanterna secreta, assim se verá perfeitamente. E pr oferindo estas palavras tapava os olhos com a mão para não ver a lar:iJ.– pada. o ladrão, murmurando por entre den– tes algumas palavras, ao ouvir esta sin– gular idéa de Pedro, descobriu a lanter– na. A luz livida e vermelha que atraves– sava o vidro espesso e defumado pareceu de reponte manchar a casta luz, que illu– minaYa antes aquelle sanc:to lagar. Dlr– se-hia que era um regato de sangue que cahia repentinamente no chrystal d'umà fonte, ou o clarão sinistro de uma casa em labaredas que se reflectia atravez de um límpido luar de uma noite de estio. Esta lur. com tudo tra.nquillisava Pedro, e dissipaYa os seus temores. O seu com– panheiro coroprehendeu-o, e anim.ou -o dizendo: - Vamos, é mister rr,cuperar o tempo perdido. Vejo que 11:10 gostaes desta lam– pada. Pois bem, cumpre desembara çar– mo-nós della. E' de pra.ta , segundo vos ouvi já dizer . Desprendei-a e tfrai-a, em quanto eu vou tirar os castiçacs do altar. Pedro tinha precisamente a me a ídéa. corri a resolução da desesperação , e con– tinuando a tapar os olhos, aproximou-se da lampada, deitou- abaixo viol ta– mente, e, assoprando com toda a força, apagou-a. No mesmo instante retiniu a seus ou– '1idos um grito , tão repentino, tão 'agudo, tão cheio de agonia 1 que não parecia ter sabido d'um peito numano, mas vir de um ente pertencente a um outro mundo. Viria elle de per to ou de longe, do céo, das pro fundezas da terra ou dos arredo– res da capella? Nem elle, nem o seu com– panheiro sabiam dize\-o, po rque elle íi– nha ·ido instan taneo, rapido e não fôra repetido. !\las lle tinha seguido ele tão per to, ou antes tinha acompanhado tão immediatamente a ex ti ncção da lampa– da., que Pedro e seu companheiro, liga– ram naturalmente os dou~ factos juntos, como o effeito com a causa. (Continúa.) Varieclade. chri stiauismo a conllanç.a da Igreja ria Mãi de Dcos, e a bondade de l\laria para com os pobres peccadol'cs. Eis em que termos esta: illustre peniten te con tou por sua oropria hocca a um san to religioso, chamado Zozimo, a hi stori a de sua con– versão : "Et1 deveria morrer de vergonha dizen– do-vos o que eu sou . A hi storia só de minha vida vôs causará tan to horror que fugireis de dian te de mim como á vista. de üma sei:pente. Eu vol-a contarei eí.1- tretanto, depois de vôs ter :Pedido o soe– corro de vossas orações, afim de que Deos me seja mizericordioso no dia de juizo. <e Eu nasci no Egypto. a idade de doze annos, deixei meu pai e minha mãr, e me retirei contra sua vontade para a cidade de Alexandria, onde vivi doze– sete annos abysmada .;ffi todas as sortes de crimes. Um dia de verão, vendo um grande numero de pús oas que iam a Je– rusalem para ahi celebrar a Exaltação da Santa Cru~, me embarquei com ollcs, e me abysmei nas mais horroro as de or– dens durante a viagem. Quando chegou o dia da festa eu fui com os ou trns para a igreja onde se expunha a cruz do Sal– vador á veneração dos fiéis. Mas não mo foi possível lá entrar, e quando toquei o limiar, senti-me repellida por uma força secreta e invenoivel. JsLo tendo me ación– tecido trez ou quatro vezes, eu não du'Vi– dei que não fosse a abominação de mi– nha vicia que me fechasse a porta do tem– plo. EsLa reflexão me tocou e me fez der – ramar lagrimas. Em quanto batia no peito, dando profundos sus_pi'rtos, desco– bri.em cima de mim uma imagem ela Mã.í deDeos. En tão diTigindo-me a Ella, pedi– lhe que por sua incomparavel pureza ti – vesse compaixão de uma infeli r. pecca– dora, e que fizesse com que os meus ge– midos e arrependimento agradas em a Deos. Pedi-Urn ainda que me obtivesse a graça de entrar na igreja para ver o le– nho sagrado que f0i o instrumento de nossa salvação. Prometti ao' mesmo tem– po consagrar-me ao Senhor por uma viela penitente, ~ tomei a Santi sima Vir– gem por caução da sinceridade de minha promessa. "' u Tendo acabado minha oração., cn bi uma grande consolação. Tendo-me de– pois apresentado a pOT ta da Igreja, entrei facilmente, e penetrei mesmo até o côro. A PENITENTE DO DESERTO ! Abi tive a felicidade de adorar essa cruz _ preciosa que deu .a vida aos ho_men~- To- Nó~ nao podemos lembrar neste mez ele I cada da incompara\'Cl m.izcn cordra do bcnçao um exemplo mais consolador Deos, e da bondade com quo _recebo 0 que o de Santa Maria do Egipto. Elle peocaclores á p.eni lenlia, p~osto1-mc co~– nôs mos tra de do o primeiro seculos do tra a terra, e banhei o elmo com as m1-
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