A Estrela do Norte 1864

-~ E8TBELLA. DO l'WORTE. trévas lá onde brilha a luz mais pura. o Christo é para elles o mais sabio dos ho– mens, o mais incomparavel e o maior dos reformadores, um homem, em fim, tão •divino que se pôde por isso perdoar áquel– aes que o adoraram como Deos 1 Nos seus livros mentirosos, nos seus ro– mances que devastam como uma inun– ilação o mundo todo, fascinados com a belleza do estylo, com a graça das fórmas n ós bebemos !i largos sorvos as idéas fal– sas que fazem vacillar todas as nossas crenças e convieções. Vemos nelles a his– toria pervertida, a moral attacada, a _r~– ligião negada e menospresada, a fam1ha e a honra desacatadas. Ora a simplicidade e a ignorancia favo– ,recem perfeitamente essa tatica do ini– migo. Hoj e mais que nunca o Padre, guia qu e nôs foi dado por Deos, deve es– tar alerta, e seu zêlo se deve estimular com esses perfidos attaques. E' de facil intuição que lhe é mister retemperar suas forças com as sciencias para repelllr com ellas os erros e as men– tiras dos nossos adversa.rios, e affirmar !á onde a duvida nega. A missão do Padre não é limitada só– mente no estreito espaço da sacristia. Nosso Senhor esteve no templo, fallou en– tre os doutores 1 esteve nas bodas de Ca– naan, esteve soore a montanha, e fez a Paschoa. nos sumptuosos salões do rico. Demais, instruir o clero, é instruir um povo inteiro, mesmos aos idiotas e aps infermos. o vulgo, essa massa que se move nas ultimas camadas da sociedade, com instinctos vis e baixos, sem razão, e portanto sempre prompto a abandonar– se á infamia e ao crime escuta com res– peito a voz do Padre ; e o Padre quando falla ensina ; cada palavra que se des– _prende de seus labios é uma maxima das mais simples e sublimes, porque todas cllas lllo foram ensinadas pelo Christo. Eseutemos as bellas palavras de um philosopho deste seculo : « A tribuna sagrada é um campo de batalha; ella é um throno onde.º orador reina sem opposição e sem partilha .. . . Vêde a franqueza da voz qq~ commanda;' -0 iançai um olhar sobre a multidão : ella :escu_ta com os olhos baixos um homem que não poupa nenhum de seu v1c10s, e :que com a voz e os gestos exproba todo 0 povo que o escuta. « Esta força lhe vem do cêo ; s~a voz n ão iTrita ; ao contrario, tóca . .. E Jesus .çhristo mesmo que nôs falla por sua boc– ·ca; o orador do pulpito é ao mesmo t~m– .;:io nosso mestre sobre a terra, nosso 10.- terprete juncto de Deos, nosso regulaaor, nosso guia .... « •.••• O povo depende inteiramente delle quando suas mãos se elevam supli– cantes para o céo .... quando lhe falla dos mysterios sagrados .... todo o pres– tigio social desaparece e o homem ilca mudo em extase diante do Creador, e o ministro sagrado não falia em nome d'Elle senão a creaturas. » Não quero dizer com isto que a pala– vra de Ocos só produz effeito quando é ensinada com arte e eloquencia. Dcos me livre I Apalavra divina IÍ sempre ames– ma qualquer que seja o orgam que a an– nuncie ; mas é induoitavel que ella ad– quire mais força e mais peso quando é exposta com os atavios do engenho. Os inimigos de Jesus Christo se sorvem hoje dos dados scientificos para comba– terem a santa religião que elle fundou ;– porque o Padre não se poderá tambem servir delles para rcpellir seus capciosos attaques? « A sciencia é a pedra de toque da fé, porque a natureza e a religião sabem das mãos do mesmo Creador. • Existe hoj'emdia entre nós uma triste desconfiança entre certa classe da socie– dade e o clero. - Uns dizem : - Eu não gosto dos Padres 1 -E a razão? - A razão ? Quando elles são bons Pa- dfes, isto é, quando sabem cumprir a ris– ca o seu dever, quando stigmati,;am o vicio e as más paixões, são j esuitas ! são hypocritas que andam velas ruas arl'astando uma sotana negra e fazendo estaçoes pelas esquinas. ( * ) Quando são máos Padres, sabe-se omo– tivo porque perdem entre os homens o lugar distincto que lhes per tencia. A au– reola da santa virtude, que o differen– çava ~os outros homens, se apagando na lama impura que o cobre seu prestigio se desvanece. E' um outro' Judas! E des– ta vez é elle quem fóge aos homens e á sociedade. . É preciso que se rompa esse gêlo, é pre– ?ISO que desapareça esse terrivel labéo de 1gnorancia e immoralidadc que se lança em rosto á nosso clero. Mas como'? - E' facil. Dando ao Padre uma ins– trução larga e deixando aos Bispos o cui– dado e a liberdade de formar-lhes o cora• ção no recinto de bons seminarios. Odes– en volvimen to da intelligencia, ajudado ele um coração zeloso fará delle um outro homem. ( • ) Palavras proferidas em uma da.s :issom– bléas provinciacs do impcri o. I

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