A Estrela do Norte 1864
• :li.li @ A ES'ER ELJLA. :EJO NOR'EJE. Carmelitas. Eu e teu pai ,iulgamos que impedíriamos a realisação de um prognos– tico tão funesto consagrando-te á Nossa Senhora. :,Ias nossa precaução só serviu para tornar -nos tua con clu c~a mais afOi– ctiva. Teu s costumes sobeJamente me provam qu e a visão fôra alguma cou sa mais do que sonho. Feliz ainda se eu po– dasse an tes de morrer ver este lobinho mudado em cordeiro ! Estas palavras accompanhadas de mui– tas lagrimas, e pronunciadas com um t om inspirado pela piedade e ternura , to– caram o mancebo. Ficou commovido do sonho, e aluda mais da realidade ; e a graça, obrando em seu coração profunda– men te iinpressionado, acabou bem cedo sua obra . · - Não, n ã:i h aveis de morrer , minha mãi , responde André, sem ter a consola– ção de ver este lobo mudado cm cordeiro. Eu fui muito tempo o qu e esse vil animal significa ; mas vós ides ver immediata– men Le o perfeito cumprimento de vossa vizão. Me consagrastes, dizeis vós, á lltãi de Ocos ; é ju sto que me applique á seu ser viço. Con solai-vos, r.J inha chara mãi ; vossas supplicas e· lagrimas não terão sido infru ctuosas. Perdoai- me os desgostos q ue vo tenho cau sado ; esqu ecei minhas asperezas e ingratidõ s, e alcançai- me com vossas supplica o perdão de meu · peccados. Apenas t inha acabado de foliar, que, sem dar tempo á sua mãi ele voltar da agradavel surpresa em que u ma conver– :ão tão prompta e inesperada a Linha lan– çado, vai á igreja dos Reverendos Carme– litas, e prostrando- se diante do altar da Virgem , derramando copiosas lagrimas, se offerece á Deos e á Sua l'l'lai como uma vict.ima que lhes era consagrada desde a nascimento, mas que o mu ndo retinha cm i-enc; frrros Irn. tnn Lo tempp. S11 a olrerla foi accei la. ndr · sonU11 tl o r epenLe suas cadeias quebradas ; anima– do de um novo ei pir-ito , cheio de uma nova coragem, tomou sem demora a re– solução de faze!'- se religioso, e alJraçou a celebro in sli luição elos Carmelitas, dos quae tornou-se em .breve um elo maN bellos ornamenLos. PenetH do do ma is vivo reconhecimento para com a 1\1,Ii de Deos, á quem devia sua conversão, teve sempre para com ella uma grande de,·o– ção e Lern a confia~iça, o nunca quiz o_u– tra qualidade s~n ao a de _servo _de Mar1~- Imitcm as mãis de familia. a 1ncrlosa mm ele S. André Corsini, e certamente com suás f en,o1'osas or(lções attrahirão sobre seus filhos abundante graças elo Céo . OS MACACOS E O BOFARINHEIRO. 1\ttravessára ha alguns annos um Yia– ,iantc, uma floresta da Tndia .povoada de bandos de macacos, que muito o diYerti– ram com as su as mornices. l\1 as desg-ra1:,a– damente, em q:ianto elle passava o tempo a vel-os saltar de coqueir em coqu eiro, e fazer toda a qualidade de trave uras qu e u m bando de macaco póde praticar, anoiteceu , e o pobre homem Yiu-se obri– gado, sob pena de se perder a ficar ao relento, ou ao abrigo cl' uma ar vore. A perspectiva não era agr adavel. As florestas ela Inclia são pouco poYoadas de h omens civilisados, mas são o covil de mu itos ladrões, tigres e serpentes. Contra os dous primeiros, o bofarin heiro isolado nada podia fazer sen ão entregar- se á pro– tecção de Deos, e foi o que elle fez. E para se pôr ao abrigo elos ultimas lani:ou o fogo ao mato que cercava um soherbo coquei– ro, e qu ando viu que não podia ser engu– lido por alguma erpente cascavel ou por o_utro reptil da mesma cspccie, sentou- se philosophicamente ao p · da sua ftrvore, tirou ela sua caixa um bonet de algodão entre cento e tantos que trazia, e pespe– gou -se a dormir . Parece q uo o bofarinhciro tinha algum somno, porque apesar do medo dos tigres, d:as serpenLs e dos ladrões, não acordou senão alto dia. E tava todo em contem– plação da bella. scena que se pa sava di– ante ddle, quando ele repente vê com sur– preza que a caixa estava aberta, e depois com espan to esLar vasia. Teve muita Yontade de l!ritar , mas na– quclle sitio não havia policia, e demais, não foram bastante delicados aquelles ladrões, que se conLentarmn cm lhe levar os bonets, tPnrlo cuidado cm não o ac ·or– dur? Nà me afrcvorcl 11 ul;,:cr qual tles lus r eflexões lhe tornou o espil'ito, mas o qu e scl dizer é L!Uf' cllc deu-si' por ~n tisfoíto cmlevantar os olhos para orro cm sig1ml d cl osespemr,ão. Mas, ó prodígio !Debalde rsfrega os olhos para ver se não está sonhautlo, mas nüo, es lú. muito acco1·daào. Appar cem-lhe to– dos o~ macdcos que t in ha Yisto na vec;– pera assentados maliciosamente nas ar– vores e cada um com o seu bonet n a ca– beça. A primeira cousa que fez foi ri r- e · o caso realmer.ite era noYo, mas dopoi~ vendo- se arrumado por ter perdido os seu s bonets, t rartou de os reconquistar porém perdendo a csprruura tlc apanha{ •
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