A Estrela do Norte 1864

A ESTRELLA DO N ORTE. :l,19 do, mas que não quer ia ouvir fallar de confissão. o padre Bernardo muito affl icto com esta noticia, pede que o levem á masmorra ; elle sauda o prisio– neiro e o ab1aça, exhor ta-o, ameaça-o com a colera de Deos, mas em vão ; o criminoso nem se quer lhe respondia. o padre lhe pediu que ao menos quizesse dizer com elle uma oração muito curta á Maria Santíssima; o prisiçmeiro recu– sa : Bernardo não deixa de instar, de instante em intante ; mas vendo que o preso nem ao menos queria mover os beiços, a caridade o transporta, seu zelo o inspira, e levando á bocca deste ho– mem endurecido a oração que acabava de recitar, e de que tinha sempre com– sigo varios exemplares, mette-a a força, gritando: - Já que n5.o a quizestes reci– tar, tu a comerás. o criminoso impedido por seus ferros , e não podendo defender-se da importu– nidade do santo homem lhe promettou obedecer. En tão o padre Bernardo se põe de joe– lhos com ene, e começa a oração : Lem– brai-vos , ó piedosíssima Virgem l\laria .. e o prr so apenas pronuuc:iou as primei– ras palauas , logo se achou todo muda– do : uma torrente de lagrimas corre de seus olhos, e o arrepen<limento de seus peccados lhe faz lançar gritos que fen– ·diam o coração. O padre Bernardo, penetrado de ale– gria, grita almi.çando-o : - É á interces– são da Santa Virgem, meu charo irmão que vós deveis a vossa conversão. - Íi verdade, meu padre, lhe disse o preso com nma voz interrompida de soluços, ha muito tempo que vós m'o rlíssestes, prasa a Deos que eu nunca o tivesse es– quecido 1- Ppr ·ent ura j ft vos vi alguma vez, meu fill10 ? respondeu o padre, por– que não sóment lle não o conhecia, mas não se lembra,a mesmo do ter dilo álgucm as palavra1, que acabaYa de dizer ao preso. Ocriminoso lhe contou como, tendo entrado no conYento sem vocação, ti nha apostatado, e se tinha entregado a todas as sortes de crimes, que o tinham em fim conduzido ao cadafalso. Neste momento suas lagrimas e soluços come– çarn.m com tanta Yiolencia, que o padre Bernardo ficou muito penefrado. - Con– s01~1-v?s,_meü filho, lhe disse elle, já que a San t1ss1ma Vi rgem obteve de Oeos a g-raça da. penitencia, não duvidai que ella_vos oLtenha a perseverança e a sal– Yaçao • Preparai-Yos sómento para fazer uma boa confissão. Ah ! não_ fo i nece sario, porque, pene– trado .da v1sla do s. us peccados p da mi- sericordia de Deos para com elle, o pobre penitente expirou cheio de dôr e contri– cção. Lançai-vos aos pés de uma imagem de Maria, e reccommendai-lhe vossa alma recitando o Memorare, ( Lembrai-vos ô piís– sima Virgem Maria, etc. ) Em todos os peri• gos reccorrei a esta oração que tem pro– duzido tão maravilhosos resultados. Unica spes mea Jesus, et post Jesum, 1Tirgo Ma·ria. Jesus é minha unica esperança, e depois de Jesus, sois vós , ó Virgem Maria. ( Da Vida do Padre Bernardo. ) ( Trnduc. 'de * * ) O lobo traus fornuulo e111 eo.i•~ d e it•o. A protecção da Santíssima Virgem tem sido sempre uma fonte de graças e de ben– çãos para todos os que lhe são dedicadol! . Santo André Corsini é disto uma prova, entre milhares de outras. Antes de nascer, seu pai e sua mãi tinham promettido a Deos o primeiro fr ucto de seu matrimo– nio ; mas André não correspondeu primei– ro ás suas piedosas intenções. A compa– nh ia de alguns libertinos o arrastou em breve ao vicio, e elle engolfou-se intei– ramente nelle. O jogo, os espectaculos, a devas5idão abafaram cm pouco tempo todos os sen timentos de piedade que a pri ncipio tinham feito nelle tanta im~ pressão. André tornou-se um dos mais dissolutos; e como a libertinagem torna grosseiro, in tractavel e brutaJ , quasi que ouvia com despreso os salu tares conselhos de sua piedosa mãi. Na desolação que lhe causava a má con– ducta de ~eu filho, mlo teve outros f!:lCUrr sos senão na pr otecção da Virgem, por cuja intercessão o tinha obtido de Deos, e ao serviço da qual o tinha dedicado des– de o nascimento. Uma onfiança tão per– severante não foi sem fructo. Um dia que ~lle s_e preparava para uma par~ida • de d1vertime_p.to, notou que sua mãl se debulhava e't'n lagrimas. Um fundo de ternura e de curiosidade lhe fez pergun– tar com instancias o motivo de suas la- grimas. . - Eu choro meu filho responde a vir– tuosa senhora: porque v~jo verifi_car-se a primeira parte de um sonho ~~ e t. 1 ve u~a noite an tes el e nasceres. 1m ao 111 e 1 que ti.,– nha dado á luz um lobinho; é verdade, ajuntou ella, que o vi .!ransforma~o em cordeiro assim crue enlJou na lgreJa do::i

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0