A Estrela do Norte 1864

A ESTBELLA DO NORTE. par ticular filha até aqui .... Mas é tempo, minha querida mãe, de vôs fazer conhe– cer a promessa que fiz ao nosso Deos, na noite em que elle pela primeira vez se ausentou de casa, e que repetidas vezes tenho renovado dian te dos Altares. Ali tenho pedido muitas vezes a graça de nunca largar o meu vestido branco, e de poder trazel-o sem mancha até ao fim da minha vida, e de mais .. . . Aqui hesitou e na maior commoção proseguiu: - l:'edi a Deos que aceitasse a minha vida pela conversão de meu pae, e para que elle voltasse ao caminho da virtude. Não pósso esperar, que as minha suppli– cas tenham sido ouvidas favoravelmente e que fosse acceito o meu offerecimento? A pobre mãe, ao ouvir estas palavras, ficou profundamente perturbada e logo r edargiu: - Oh 1 minha queria.a filha, olha não tentes o Céo. Oxalá que o Senhor attenda as nossas supplicas por teu pae, mas não com essa condição. Todavia, acrescen– tou ella depois de um momento de re– flexão, não vejo razão alguma para temer essa desgraça, por quanto, apezar dos nossos soffrimentos nunca me pareces te mais forte e mais cheia de saúde. Houve, porém, uma combinação entre a mãe e a filha para que fossem muito cêdo á Igreja, na manhã do anniversario do voto, e ficarem ali algumas horas a orar á luz da Lampada sagrada, que a filha tanto amava, antes de receber a communhão em acção de graças ; depois a joven Maria deixaria o seu vestido branco para usar o ·vestuario grosseiro aas camponezas, e voltariam assim am– bas para a casa. Estabelecidos as5im estes preliminares, e depois de haverem obtido o assen ti– mento do Padre, que devia deixar-lhes a Igrej a aberta, abstiveram-se mutuamente de voltar a este assumpto. Via-se apenas que esta idéa continúava a preoccupar Maria, que ora se entretinha a preparar o vestido branco, que devia pôr pela ultima vez como consagrada a Deos, a fim d_e que a sua_alvura e pureza fossem perfeitas , ora cmdava de entrançar g-ri naldas de escolhidas fl ôres, ra com ellas coroar , como ultima offerenda, a Ima– gem da Virgem sua protectora. cumpre porém, que desviemos ainda uma vez os nossos leitores da contempla– ção das virtudes da mãe e da filha, para contarmos o criminoso proceder do des– venturado Pedro, e para lh'o m_os trar– mos por fim mergulhado no mais p~o– fundo abysmo do crime e da degr~d,açao . (Continua. ) Não~d eixar Jita11•a o ,lãa @e!)nint e o J1e1n •1ue !!:e púde lfa z en• Il; i.ej e . Mme. de Glossiére, viuva e sem filhos, vivia em um velho Palacio situado na extremidade de uma aldeia. Era uma mulher de mu ito merecimento, que con– sagrava a maior parte de seu tempo e de sua fortuna a soccorrer os degraçaclos e a fazer toda a qualidade de boas obras. Um dia a boa senhora, depois de harnr es tado quatro ltora e meia uccessiva– mente á cabeceira de um pobre doente, voltou para sua casa can rada, annunciou que tinha tenção de se deitar muito cedo. Com effeito pouco tempo depois da ceia, foi para o quar to, e tendo feito as suas rezas e devoções, preparava-se para se metter na cama, quando lhe vieram tra– zer uma carta que tinha chegado de manhã ; e que por e quccimento do cria– do que a recebeu não lhe fôra en tregue mais cedo. wrrne. de Glossiére abriu -a, percorreu– ª com os olhos rapidamente, e depois diz para a creada : - Arranja-me o candieiro, el eita lenha no fogão, acende-o, e põem uma mesa diante do lume. - A senhora não se deita ainda ? diz a criada. - Não, porque tenho de escrever antes. -A senhora parece estar tão cançada, observa a criada; faria muito melhor se deixasse e~ta tarefa para ámanhã. -Amanhã não tenho eu tempo an tes da partida do correio, e uma demora de vinte e quatro horas póde causar grande transtorno a esta pobre pequena Agos– tinha. -A sua afilhada 1 acudiu a velha cria– da, fJ.Ue t inha toda a confiança com sua ama. • - Essa mesma, respondeu i\'lme. Glos– siére, a meni na russa que ella educava, acaba de morrer de repente, a mãe volta a sua Pa tria ; Agos tinha precisa de cartas de recommendação para arranjar outra discípula; quero mandar-ll1 'as immc– diatamente. Vae te dei tar, porque tenho muito que e~crever , e eu cá me despirei. Logo que a criada se foi embora, Mme. de Glossiére poz-se á mesa a escrever ; a penna corria-lhe pelo papel com a maior rapid ez ; escreveu primeiro uma grande carta a Agostinha, e depois muitas mais que ella ia lacrando. - Agóra, ~iz clla, tra?ta-sc_da Duqucza de 1\1 •••• ; isto é negoc10 mais sério. Sentou-se commod:nnente cm uma ca– deir~ e começou a _scismar no que havia de dizer. Deu TI1P,1a-noite no rc log io da

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