A Estrela do Norte 1864

A. ES'J.'RELLA. DO NORTE. tria da Yirginal abelha, a allumiar o Sanctuario de Deos (3). Estas meditações da afflicta menina trouxeram-lhe suas consolações, trans– portando-lhe o espirita para essa ,scena de dôr, em que a propria agonia delle pócle ensinar a resignação. E es ta icléa impressionou-a. Se juncto do taber na– culo da cele~te Jerusalém se deve ouvir dizer ás Virgens Sanctas, esposas do Cor– deiro: « Deos o nosso Deos, nôs unctou com o oleo da alegria » não se deve pen– sar que neste mundo é com um oleo de afflicção que as servas de Deos devem·ser ungidas, e tornadas assim agradaveis a seus olhos ? Feliz a virgem, que esperan– do seu Divino Esposo, tem a sua lampada cheia deste oleo sancto, e tem tambern cheio o seu vaso, com o reema que venha a faltar-lhe, e que a lampada se apague ! E se lhe faltar oh ! que se apresse em quan to ainda. é tempo, que corra ao la– gar onde póde achar mais, no Monte das Oliveiras, nas montanhas da uncção e da luz ! . .•. Taes eram os pensamen tos da joven Maria, e ella pedia para que a sua lam– pada estivesse sempre accesa até que vi sse o grande dia do appêllo Universal. Neste momento sua mãe tocou-lhe no hombro e advertiu-a de que eram horas de voltar para casa. As visões da sua imaginação infa ntil se disvaneceram e mais uma vez se achou allumiada pela suave luz, que espargia a Lampada do Sanctuario: IH, O SEU APl'AGAMENTO. A Iuz do seu tabernaculo con– verter-se-ha em trevas, e aLam- • pada suspensa no tecto. ha de apagar-se. Jon. XVIIL, Mu itas vezes se tem feiLo a seguinte comparação :- assim como uma Lampa– da parece .tanto mais fulgente, quan to mais cercada está de espessas trevas, elo mesmo modo fulgura a virtude, quanto m:iis fôr cercada pelas trevas da adver– sidade. Tirando daqui nova comparação, poderíamos dizer c1ue, assim como a lam– pada do soldado de Gódeon não deixára ver todo o seu fulgor senão depois que se t_ocaram e dcspeda~amm os vasos de arg11la cm que as tinha mettido assim tambem as virtudes da mulher e 1 da filha de Pedro brilharam com tanto mais ex- (3) Ps.. v,, 8: "Fo~am multiplicando pelo fructo ~ seu trigo, do seu vinho, e do seu ~ cite, ,. plendor, quanto mais a sua pobre natu– reza humana se curvaY::t diante do infor– tunio, quanto mais seus corpos eram extenuados pela miseria, e seus corações mais despedaçados pela afflicção. .Todavia uma nova magoa parecia al– gumas vezes abater a joven Maria; mas p~ssára pela sua fronte como uma nuvem, sem com tudo escapar ao olhar vigilante e obser vador de sua mãe, e muitas vezes se lhe illuminava o semblante de uma serenidade calma que, eviden temente não vinha de consolações terrestres. E~ quanto estavam sen tadas uma ao pé da outra, trabalhando , e sem proferir uma palavra, a filha deixou escapm· um sus– piro, de seus olhos lhe corria furtiv,amen– te uma lagrima; mas um instan te depois, deixando cahir as mãos sobre os joelhos, erguia os olhos para o Céo, um doce sor– riso vinha illuminar~lhe a fronte, e os labios moviam-se-lhe como se estívesse conversando com uma pessoa collocada ao pé della. Nestas circumstancias a mãe tinha o maior cuidado de lhe não dirigir a palavra, e contemplava-a com uma ad– miração misturada de terror, persuadida que a sua filha estava em communicação interna com um mundo melhor . Um dia, finalmente a mãe, perguntou– lhe o que occupava assim o seu espírito, - Não quero esconder-vôs nada, minha querida mãe, respondeu a innocen te fi– lha; a verdade é, que mn l pósso supor– tar a idéa de vêr aproximar o praso em que espira a minha consagração, confor– me o voto, e em que deverei deixar os meus vestidos brancos para me vestir com os do mundo. - Porém, minha filha, replicou a mãe, é melhor para nôs, que assim aconteça. Tu agóra estás mui to forte para poder ir trabathar au campo, e com o vestuario que trazes agóra era impossível fazel-o. Eu tambem não pósso ir para o trabalho deixando-te só em casa. E todavia é ne– cessarlo que nós trabalhemos ca<]a vez mais, porque .••.• A desconsolada mãe não proseguiu , porque o que ella hia dizer teria sido ma _censur'.!:_para seu marido, e ell~ não quen a cen ttral-o. Mas as lagrimas ex– primiram o seu pensamento. A filha replicou : _ - Oh! eu não recuso a trabalhar e nao temo parecer o que eu sou na realidade, isto é uma pobre rapariga do camp_o i mas parece-me que se deix~r c 7 to habito r eligioso, fi carei ainda mais expo ta aos perigos e as tenta~ões do _wun~o, e talv~z pêrca algum direito a p1otecça~ da Ra~– nha elo céo, de quem tenho sido ma11;

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