A Estrela do Norte 1864
A. ESTBELLA. DO NOBT,E. 135 - Peco desculpa, diz o commissario, mas é Üm negocio urgente. Asseguram– me que era necessario vir a esta hora a vossa casa para encontrar o sr. Henrique 1\1 .••• - Ora esta l ... Que vos leve o diabo e o Sr. llenrique M... , gritou o porteiro t-t. 1 do encolerisado. Eu não conhecia; se voltar, eu o receberei como elle merece; não está cá. - Ora pois, responde mais uma vez Henri que l\1 ... ( pois era elle mesmo) ; sou Henrique M... e estou em voss:i casa a esta hora. Oporteiro tinha já deitado a mão a uma vassoura para atirar com ella ao seu per– seguidor, mas es te safou-se durante os preparativos do ataque. -Torna cá a voltar, exclama o portei– ro furioso, que eu te arranjarei e ao teu Henrique l\l ..• miseravel I impostor 1 Henrique M. .'.. foi para casa escrever á cada um dos seus dous amigos um bi– lhete concebido nestes termos : « Meu charo amigo, mudei de casa, móro na rua ... nº ... (indicando a casa do gnar– da portão caçoado), vem almoçar comi– go espero-t!l ás 9 horas. n No primeiro bi– lhete dizia ás nove horas, no segundo ds onze. No dia seguinte em consequencia do convite apresenta-se o primeiro convitla– do muito sorngado de sua vJda na casa indicada no bilhete. -É aqui, pergunta elle ao porteiro, que móra o Sr. Henrique M... ? -Ah! és tu ainda I exclama o gÚarda portão já fóra de si. Desta vez não me has de escapar I e dando um salto para apa– nhar a vassoura lança-se sobre o amigo que estava estupefacto. Este quer dar explicações, e pedir contas desta grosseira apostrophe. l\las vendo vir tambem a mu– lher armada de uma pá e de uma tenaz , dá ás de Villa Diogo, e julga-se muito fe– liz de não apanhar senão com a vassoura pelas pernas. As onze horas chega tambem ô segun– do convidado ; teve a mesma recepção, mas redobrou a furia com que foi aco– mettido. Porém este, mais corajoso que o primeiro, sustentou o assalto, travou– se uma batalha horrivel; toda a rua es– tava cm alarme. Vão avisar a policia, acode esta, quer saber do caso, e ninguem s~ entende, ninguem sabe como explicar Lao cxtraordinario successo. Quando os dous convidados ch.egaram a casa acharam ambos um segnndo bi– lhete que dizia assim: (( Meu charo ami– go, enganei-me bontem dizendo"te que tinha mudado de ca a.. Vem almoçar co- migo. Oguw·clci portao ntlo te dird nada des– agradavel. -Assignado, Henrique M . ... n Foram convidádos mais dose ou quinze a.migas, diante dos quacs Henrique con– tou o caso todo. Houve grandes garga– lhadas; pois como poderiam elles zan– gar-se de uma scena tão pitoresca e tão comicamente executada'"! ( Petites Lectures. ) A MAIOR VICTORIA. Alexandre Magno, o famoso conquista– dor do mundo, achava-se estirr.ulado contra um seu familiar por certo motivo particular, e tão irreconciliavelmente, qu e apezar de todas as diligencias, pare– cia impossível o perdão; seu Mestre, po– rém, o celebre Aristoteles, o convenceu, entrando com elle nas séguintes pergun– tas: Quem é o Imperador, que tem ven– cido tantos Reis e exercitas numerosos? ts tu este grande homem. Quem é que tem conquistado Cidades, Reinos, Impe– rios? És tu este grande homem. Quem é que tem levado o dominio da espada, e o terror do seu nome a todas as regiões do mundo? És tu. Tu és com effeito esse homem, a quem justamente cabe a glo– riosa denominação de-Grande. - l\Ias eu te digo que ainda te falta que vencer; falta-te ainda conseguir um tri– umpho muito maior, que todos esses, que merecidamente te grangearam o ti– tulo de-Conquistador do Universo; - e esse triumpho 6 a victoria sobre ti mes– mo. Te direi pois, se quizeres abraçar o meu comelho, vence a ,ti mesmo, vence a ti mesmo, vence teu animo, tuas pai– xões ; e então terás vencido o grande ven– cedor do mundo, que é.; tu mesmo! .... o perdão foi a consequcncia immediata des te discurso. E assim discorria um gentio! Para confusão de muitos christãos, que pensam ser uma deshonra o amor aos inimigos. Poesia. OFFERECJDA 4.p EU!. E REVM. SR. D. ANTONIO DE MACEDO COSTA, NO ANN!VERISARIQ DE SUA SAGRAÇÃO. Qualquer os fará mais bcll~s, Ninguem tão d'alma os faria, ( G,\RllETT. ) Que raios lançar póde a tíbia lÚa Ao pé da face esp~endida ~o sol? Que cantos soltaria a pobie r~la Ot1vindo a voz do grave rouxmol ?
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