A Estrela do Norte 1864
A. ESTREL L A. :DO :NOU TE, das idéas, as provas sob a asserção, a reali dade debaixo da capa a mais das ve– zes phosphorecente de uma phrase esco– lhida e limada. Favorecer e facili tar os grandes movi– mentos do pensamento humano é pois a mais bella missão de um governo amigo do progresso. Porém, se elle não com– prehende toda a impor Lancia da educa– ção, se ellc desconhece que clla é o unico m eio de esclarecer o espírito , e o laço social que exerce uma lcgilima. influencia sobre.um povo, então eUe Yeg·etará e mor– r erá desconhecido como a maior parte dos povos incultos. A instr ucção e a re– ligião são irmãs, amua são filhas do céo e tendem a levar todos para a regiãG ce– leste. Dcos queira. que o governo do mea paiz comprehenda bem e ta verdade. Deos queira. que eUo -comprehenda que o fu– tu ro e o progreso de uma nação repousa unicamente sobre a moral. Ora a. moral não poderá vir senão do ensino da Jgreja. F. DE M. O Sr. Deputado Pedro Luiz e os ins titutoi!I 1.•eligios o s . Lêmos com o mais profundo .pezar o o iscurso do Sr. Deputado Pedro Luiz, pro– ferido na sessão de 3 de Março corren te, por occasião de discu tir-se na Camara Temporaria o projecto que autorisa o go– verno a conceder ao Padre Janrard o ter– reno necessario para a ediftca~ão de um Templo catholico. A noticia que tinhamos do illustre De– pu ta.do pelo 3° districlo do Rio de Janei– ro, de seus talentos e luzes, fazia-nôs esperar que S. Exc. aproveitaria o hon– r oso mandato que lhe fôra confiado, constituinclo-se o defe nsor da. boa causa das liberdades publicas, tão gravemente compromettidas nestes nossos tempos ; o seu discurso, porém, veiu mais uma. vez convencer-nós de que os bollos talentos, sem os bons priacipi os religiosos, são couto o s01 que abrasa sem oorvalho que vivifica. Tão importan tes e sagrados são os in– teresses atacados pelo Sr. Pedro Luiz, em sou discurso, tão publico e solemne o lugar _do ataque, que vemo-nós obrigado a ~edir-lh~ p~rmissão para fazer ás suas asserções ligmros commentarios. O Sr. Depu ta.do pelo Rio de Janei ro, lendo do vo tar con tra O projecto - Jan– rard-:- dá como motivo do eu volo: - " i º n sar O mesmo pro,i ccto á uma espo- liação de dinheiros publicos ; 2ª encerrar uma injuria ao goycrno e ao clero de nosso paiz; 3° finalmente denu nciar ten– dencias más, que, a p redominar m um dia nesta terra, hão de amor teccr-nõs os bons insti nctos que nôs dirigem na es– trada franca do progresso, hão de ma– nietar-nôs, hão de vexa r-nôs em toda e qualquer cmpreza grande e generosa que por ven tura possamos tentar. tl - Dodesenvolvimen to ulter iormen te dadu pelo Sr. Pedro Luiz aos trez motivos de seu voto, collige-sc porém, que ó o ul– timo fo i o moti vo Yerdadciramen te im– pulsivo desse Yoto e a razão 1n·incipal que o lernu a tomar par te na discuss~o. Sim, foram as chamadas lcndencrns más do projecto, e o receio de que o carro do I)rogresso fosse esbar~ar em fren te de mais um Templo cathollco, que levaram S. Exc. a lançar-se com tamanha fu ria contra os insti tutos religiosos~ e princi– palmente contra o mais celenre dellcs _; a sociedade de Jesus. Será lambem por isso, que faremos ca– h ir nossas observações, principalmente sobre essa parte do discurso do illustrc Depu tado, fazendo apenas breves reparos ácerca dos ou tros dous pontos. Pelo que diz respeito ao zelo que os– ten ta s. Exc. em favor do Thesouro Na– cional, limi támo-nôs a fazer sincer os votos, para que o Sr. Pedro Luiz não ar– refeça no louvavel empenho de zelar os cofres publicos, tendo a coragem de pro– fli gar essas vastas sangrias que, não raras vezes, lhe são dadas ; -essati inJclizes ope– rações de credito, que arrancam de nossos cofres ccntenares de contos de rói , e sobre as quaes ainda não ti ,·emos o prazer de ouvir a voz eloquente do illustrc De– pu tado. s . Exc. considerando oilcndidos a honra e brios do nosso clero, apressou-se cm dal' seu voto con tra o projecto cm questão, rcpollindo assim a injuria atirada á face do clero brasileiro , que no seu nível principal, diz o illustte Deputado, e fol– gamos em reproduzir suas pala\Tas, tem bastante instrucção, moralidade e habi- tações preci as para pregar com efficacia a doutrina ~ Chri to, comõ Cllristo a ensinou. Sabemos respeitar as in tenções alb i~s; mas por maior que seja o nosso rcspctlo ás do Sr. Deputado Pedro Luiz, cl cvr_mos confessar que ellas nôs parecem sH~P?!las, quando o vemos tão açodado Iançt1 scd :í tribuna, 1mra defc~dcr _o noss~ c _er? 0 uma injul'ia, que so cx1slc na m1<1grna– ção prevenida elo mustrc Deputado polo IUo cl Janeiro.
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