A Estrela do Norte 1864

Do1uiugo &~ano l a e 11 § s,i, :iv. JI G. A ESTRELLA DO NORTE. sonos AUSPICIOS DE s. BXC. fi ll\')IA. O 511. D. ANTONIO DE MACEDO COSTA, ll!SPO DO r.rn, i. Cor11"esnto1ulene!ia 1•alJ•tieuS.ar da « Estu•eBI~ do N@a•a~. » Paris, 24 de Fevereiro de t864. O caracter fu ndamental no nosso secu– lo, o CJ.Ue o distingua de Lod◊s os prece– dentes, e o assignala como a chegada de uma era nova nos annaes da humani– dade é a applicação da sciencia á satisfa– ção das necessidades publiéas e priYadas. É portanto triste ver-se hoje no secu– lo XIX um governo baixar um decreto em que mutila e restring·e a educação in tel– lecLual de um dos corpos mais conside– ravcis da sociedade, e é o que fez o gover– no brasileiro no decreto de 22 de Abril supprimindo cadeiras nos seminarios e deixando-as a cargo do Bispo ! O pobre Bispo que tem a mesma congrua que um empregado <l'alfandega, que um medico da marinha, fica encarregado de estabe– lecer todas as cadeiras de que ha mister a educação do clero ! O Monde dundo o extracto da memoria do Exm . Snr. Bispo do Pará, apresentada ti Sua Mage tade o Imperador supri miu a :malyse do artigo do decreto que deixa aycnas nos seminarios as cadeiras de la– tm1, francez, rhetorica e philosophia 1 lllil graças ~lO redaclor do ;jornal francez, ao Snr. Mmgasson que nôs poupou assim a Y!lrgonlrn. diante do mundo europêu . Nós Ja somos por demais desc,mhecidos no vell10 mundo ; a opinião que se faz do meu Brasil é já bem triste; cu mesmo ~enho corado muitas vezes respondendo a perguntas que se me fazem sobre o nos- so estado de ciYilisação....... Mas que quer ? como é que a Europa ha <le fazer uma idfa favora vel vendo todos os dias brotar ent.re nós desse phenomenos dig– !lºs das cpochas de obscuranlismo e de 1gnorancia? como é que um governo que tem por obrigação 1 var o paiz á bom– brear com as mais nações ci vilisadas, pre– tende elle mesmo as honras da civilisa- Vcnite et ambulemus iu luminc Domin i. ISAI. II. 5. tão mutilando e destruindo a cullu ra da in telligcncia? nestringir os estudos do clero em lugar de ampliar e alargar a esphera dos co– nhecimentos de que ha mister, é um ac to que vai de encontro com as lu– zes do seculo, com as a piraç.ões, e com o estado actual da sociedade. Não gosto de ver uma mão que se estende como um apagador sobre a intelligencia <los homens. - Me lembra de ter ouvido rufar o tambor sobre o progresso elo seculo, so– bre as tendencias da epocha e sobre o abismo que separa a in tcll igencia escla– recida dos bachareis em todo o gcncro , ela ignorancia crassa e estupidez do nosso clero. - Eu ouvi muitas \'ezes lançar-se a injuria ao governo dos Papas de ser contrario ao desenvolrimento do progres– so intellcctual. - Eu ou ri muitas vezes dizer-se: Como é que u religião ha de ter consideração ! como é que havemos ~e_ pratical-a e amal-o se vemos _?S ~eus mi– nistros se vemos os padres tao ignoran– tes? 1 1. _ 1 Pois bom ! tomos agora uma JOU 1ç-ao : o governo de uma na~ilo civilisada baixa um decreto no an no de mil oitocentos e sessenta e tre;:, supprimindo nos estabeleci– mentos de educação clerical os conheci– mentos do grego , da exegese bi/Jlica, do di– reito natw·al, da eloquencia sagrada, e ainda mais os de gcographia ! ! .•. Que se diria de um tal acto se clle sa– hisse do go rno do Papa ? .... O grego é uma das línguas sagradas o não ha um pequeno seminurio ou l_y~eo da Europa que não cultive o bel~o 1d!o– ma de Homero. Os peque]ll)s ser;unar10s de França ensinam além do latim ~ <lo grego, historia uni versai pro_fün'.1, histo– ria do França, historia ecr.Ic~rnst1ca, geo– graphia, arithmetica, puys1~a, al(5ebra, chimica, mecanica, .geo~etri_a., trigono– metria, cosmographrn., lustona natur:.ü.

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