A Estrela do Norte 1864
1 A. ESTBELLA. DO NORTE. 119 A boa dona de casa sabe de um vintem fazer doU5; quando algum traste começa a ficar usado, ella concerta-o á tempo, e refazendo uma malha aqui, outra acolá, faz durar duas vezes a roupa do marido e dos filhos. Quando, por fim, a vetuslez torna-se excess iva e os.rasgões são muito grandes, ella remenda, recorta, arranja, fazendo servir aos pequenos o que já não presta para os grandes; tudo isto tão bem fei to, empregando tão engenhosa indus– tria, que tudo está sempre limpo, de– cente, conveniente. Em casa da boa mâi de familia nada se perde, nem uma mi– galha de pão, nem um resto de legume ou de carne, nem um retalho de panno; tudo está em ordem, tudo guardado e arruma.do para se achar na occasião; em fim, tudo está acoado e reluzindo: nada de poeira, nem sujo, nem têas de ara– nha. A limpeza só custa algum trabalho e rende muito; pois ha grande numero de doenças que não tem outra origem senão o desaceio, e com um pente, um pouco de agua clara e sabão se teriam para sempre evitado. Ora a doença é o soffrimento, a miseria e a morte. A boa dona de casa tambem compra o q:ue é preciso, mas só o que é preciso : prefere o solido ao que não passa de bo– nito, e o necessarJo ao que não é senão de luxo. As filhas não toem dessas fitas, dessas rendas com que tantas .se pavo– ncam ; nem vestidos de côrcs vistosas que são mais sujeitos a sujar-se, e em que se disponde tanto dinheiro, mas em troca ellas teem ma.is do que aquellas Yaido– sas a roupa necessaria. Quanta gente tem neste ponto muito que reflectir sobre si 1 Desde que o luxo e o desejo de macaquear os que estão acima de nós, invadiu gran– de numero de cabeças, a cidade está cheia de gente que tem um magnifico palitet, mas não tem camisas ; que tem sapatos envcrnisados, mas nada de meias; cha– ruto na bocca e estomago vasio. Luxo e miseria, é a moda. Aboa dona de casa não cahc nestes de~mandos, e os filhos dão-se bem com isto, e o marido tu.m– bem. Averdadeira mái ele familia economisa o tempo. Levantando-se cedo tem tempo para tudo, para fazer suas orações dema– nhã e de noite, ensinar doutrina aos seus TI_lenino , ir Domingo á missa e aos offi– c10s,. e espairecer com seus pequenos. O mar1do quando vem do trabalho acha almoço prompto, e não tem que ralhar contra a prc9 uiça de sua mulher que lhe faria pcrocr uma parte do dia· de– tarde não grila para ter o jantar qu~ ga– nhou bem trabalhando vigorosamente. Tudo anda pois ás mil maravilhas, por– que quando se sabe aproveitar o tempo elle chega para tudo. Depois vêde como o bem se encadêa : A mulher cuidadosa torna o interior de sua casa agradavel; os filhos gostam de ahi estar com ella, e o pai do mesmo modo. Por consequen– cia, para os filhos menos desejo de dei– xar a casa paterna quando vão se tor– nando grandes ; para o pai menos ten– tações de ir á venda e á outros diverti– mentos máos. Portanto, mais alegria domestica, mais moralidade, mais reli– gião, mais bem estar, mais fartura e contentamento. Mãis de familia, que lerdes isto, appli– cai-vos a ser boas donas de casa; acostu– mai com cedo vossas filhas a es tas virtu– des modestas, sim, mas solidas e dura– veis. Assegurareis assim o futuro dellas. E vós, meninsa, que lerdes estas linhas, não despreseis tão bons conselhos : me– nos enfeites vãos, menos bagatellas para toilette, para a vaidade: tudo isto não é a felicidade; pelo contrario é um escolho que deveis evitar cuidadosamente se que– reis conservar a paz e a tranquillidade. A GALLINHA INDISCRETA OU TUDO SE SABE. Brígida fiava para ganhar a vida. Uma tarde que ella trabalhava sosinha no quarto, ur:1a gallinha pertencente á uma de suas visinhas, entrou lesta. Teve logo Brigida o criminoso pensamento de sur- 1·ipial-a, esperando que ella lhe daria cm pouco tempo orns em abundancia ; fe– chou bem ligeiro a porta; pegou a galli– uha e prendeu-a na dispensa, Na manhã seguinte, poz a gallinha um ôvo: mas depois eil-a a cacarejar com todas as suas forças, e Erigida que não tinha pensado nesta circumstancia, toda vexada querendo impedir esse cacarejo revelador; porém a visinha já linha co– nhecido a voz de sua gallinha: ácudiu para reclamal-a e não deixou de fazer grande bulha. Por cumulo de contra– tempo Erigida que antes desta ladroeira recebia multas vezes daquella visinba ora manteiga.;., ora ovos e farinha, desde esse momentB nada mais recebeu e me– receu .:Linda em cima a pecha de ladra. ( Petites Lect1ires. ) Soneto. A EXISTENCIA DE DEOS, Se nus vastas campinas }á dos ares Gyra ocortejo immenso d aureos mundos,
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