A Estrela do Norte 1864
:110 11 E§'lrl!lELLA. D@ l\'OR'!'E. ff Mi M MEi #1@1& > &U 2 GiliiWl?M i3 &Wk W-êtt WSPt AiA!;O)Zi fw2 hMh do abaffamento dos pulmões. Os affoga– dos tem muito pouca agua no corpo. Basta inclinal-o um pouco para fazer es– correr a pequena quantidade d'agua que estiver na garganta, e nos orgãos dares– piração. Conservai o infeliz assentado, cabeça alta. Esfregai vivamente o peito, prin– cipalmente no logar do coração, com lã -quente, ou ainda melhor corn cinza quen– te. Envolvei-o mesmo na cinza, se podeis encontrar bastante; a potassa contida na cinza faz voltar o sangue á pelle, e com– bale energicamente a asphyxia. Procurai aquecer os membros; ponde synapismos de mostarda ou pimenta, nas mãos e nos pés; ou então tijólos quentes. Esfregai as fontes do affogado com vi– nagre, fazei-lhe respirar este cheiro. Der– ramai um pouco de cachaça na bocca. A sangria não deve praticar-se em quanto o calor não voltar á pelle. Se é feita antes póde matar o doente. Não deixeis de esfregar e de continúar os cuidados que acabámos de dizer; al– gumas vezes os affogados não voltam a si, senão depois de horas inteiras de cui– dados assíduos e graças a estes cuidados revivem, depois de terem estado muito tempo debaixo da agua. Recomendamos sobre tudo o uso da cinza. Emfim, ultimo conselho; mandai cha– mar o mais cedo possível um Padre, e um medico; o Padre para dar a absolvi– ção e salvar a alma, no caso que o in– feliz affogado deva succumbir e tenha tido um momento de pensamento reli– gioso antes de perder os sentidos (o que acontece quasi sempre como declaram o maior numero dos que escapam); o me– dico para procurar reanimari_os restos da vida, dirigir os cuidados , empregar meios cspeciaes, e emfim fazer parar os esforços quando a triste certesa ela' morte os torna evidentemente supertluos. p CÉO. No centro dos mundos·, ne meio dos as~ tros innumeraveis, que lhe ser vem de mu ralhas, fluctua essa immensa cidade de Deos, cujas maravilhas a língua hu– mana não poderia contar. OEterno mes– mo collocou os douse tundame':1-tos della, e a rodeou dessa mu~alha d~ Jaspe, qu e 0 discipulo amado vrn medir por um anjo com uma toeza .d~ ouro.. R~:1es– tida da gloria do Alt1ss1mo, a mns1vel Jerusa1em está ornada corno uma esposa para o esposo. Longe daqui, monumen- tos da terra I vós não YOS approximaes desses monumentos da cidade san ta. A riqueza da matería disputa ah i o pre,;o com a perfeição das formas. Ahl reinam suspensas galerias de saph ras e dia– mante, fracamente imitadas pelo g nio do homem nos jardins de Babylonia ; ahi se elevam arcos do triumpho formado · das mais brilhantes estrellas ; ahi se pin– tam porticos de sóes , prolongados infi– nitamente por enlre os es1iaços do firma– mento, como as columnas de Palmira nas areias do deserto. Está architect ura é viva. A. mesma cidade de Deos é in– telligen te. Nada é materia nas moradas do espirita ; nada é morto nos lugares da eterna existencia. As palavras gTOs– seiras que a musa é obrigada a empre– gar, nos enganam : ellas revestem de corpo o que só existe como um sonho divino na duração de um somno Yentu– roso. Jardins deliciosos se estendem em re– dor da radiosa Jerusalem. Um rio corre do throno do Omnipotente ; banha o ce– leste Eden, e · rrasta em suas ond< s o amor puro e a ,abedoria de Deos. A agua mysteriosa se divide em diversos canaes, que se unem, se repartem, se tornam a juntar, se affastam ainda, o fazem cres– cer com a vinha immor tal, o lírio s me– lhante á esposa, e as flores que Ilerfu– mam o leito do esposo. A arYore da vida se levanta na collina do incenso; um pouco mais longe, a arvore da scieneia estende para todas a.s partes suas pro– fundas raízes, e seus nu merosos ramos : ella guarda, escondidos debaixo da folha– gem dourada, os segredos da Divindade, as leis occultas el a naturesa, as realida– des moraes o in tellcctuaes, os immu ta– veis princípios do bem e do mal. Estes conhecimen tos que nos deslum– bram são o alimen1o dos escolhidos; por– que, no imperio da suprema sabedoria, o fucto da sciencia nüo mata mais. Os dous grandes antepassados do genero hu– mano, vem mu ilas vezes derramar la– grimas ( taes como os justos podem der– ramar ) ú sombra <lessa an·ore maravi– lhosa. A luz que allunüa es, a fe liz s moradas se compõe das rosas da manhã, da chamma do meio-dia, o da 1mrpura da tarde ; todavia nenhum as tro appa– recc no horison te resplandecente, ne– nhum sol nasce, nenhum sol se põe nos lugares em quo nada acaba, nada' co– meça ; mas uma claridade ineffavcl, des– cendo de todos os pontos como um bran– do orvalho, manlêm o dia eterno da deleitavel felicidade. CHATEAUBRIAND.
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