A Estrela do Norte 1864
A :t:S'l'RELLA. DO NOR'l'E. 109 ma da oil'crta que fazi am della á mais pura das virgens; cducal-a-iam cuida– dosamente na piedade e devoção para com a Mãe de D os, e seus paes jejuariam uma yez por semana durante o mesmo tempo. - Sim, excla,mou. Pedro, com o accento do coração, que é tão naturalmente poe– tico; sim, ella será branca e pura como o lyrio, cuj a raiz é alimentada pela _neve das montanhas! será como a flor diante do altar de Deos. Brilhará no seu San– ctuario como a lampada que agóra está suspensa sobre nós ; suas virtudes irra– dfarão no santo lugar, quando clla se ajoelhar, cheia de reconhecimen to, no mesmo sitio onde está agóra estendida, fraca e moribunda. o· meu Deos I não apaguei s a luz dos nossos ol110s ! Não permittaes que a morte tóque naquella que vôs é consagrada, assim como não permittircis que uma sacrílega mãi apa– gue a sancta chama, que arde diante dos vossos Altares 1••• : Em quanto assim oravam, a filha pa– recia dormir um sornno mais socegado e mais r staurador, do que aquelle que dormia havia muitas semanas; e depois viram nisto o primeiro symptoma de sua cura.. Era tarde quando voltaram para a sua modesta habitação; mas a creança dormia ainda, e no dia seguinte as me– lhoras eram sensiveis. Alguns dias depois a innocente havia retomado o seu logar do costume, junto dos joelhos de sua mãe. Ella andava então, em conformidade com a promessa de seus paes, toda vestida de branco, côr das virgens. E como me– drava de dia para dia ein intelligencia e virtudes, toda a gente da visinltança a olhava como um objccto particularmente consagrado a Deos e dotado dcgraças pri– vilegiadas. De cornmum acordo haviam– lhe l'cservado um log-ar de honra na Capella, no mesmo sitio onde tinha estado du rante a sua doença. Ali, quando foi maior, fi cava ella de joelhos, immovel, duran te horas inteiras, e quando, ao cair da tarde, os campone– zes com o seu vestuario sombrio e severo, enchiam o oratorio e formavam uma multidão confusa e negra, destacavam brilhantes e graciosas, á frouxa luz da lampacla mystica, as brancas fórmas da Joven !\faria que parecia cumprir a oração de . cu pae, derramando tambem uma doce luz sobre os sombrios objeclos que a_ ccrcava_m . o seu coração achava deli– cias no stlcncio da medita ão, no fervor da prece, e na contemplação da serena luz da lampada sagrada. Nem os esplen– dores do sól ao cahir no horisonte, nem o brilho deslumbrante de um meio-dia de estio tinham para ella o encanto destes raios doces e suaves. Parecia-lhe que a -lampada derramava em redor uma luz tão casta e tão pura, que ninguem, de– baixo da sua influencia, podia conceber senão pensamentos sanctos e angelicos, p19ferir senão palavras cheias de devoção e de amor. Parecia-lhe que vinham es– piritos Celestes aquecer-se a esta chamma e que os cherubins adejavam em um~ nuvem gloriosa em redor della. E não era só para os seus olhos, que esta luz mysteriosa e symbolica tinha en– cantos. Parecia-lhe que vinha de lá uma musica oom harmonias deliciosas, vozes que repetiam baixinho suas proprias ora– ções e canticos ternos e doces, como es– piritos dedilhando levemente suas harpas de ouro.. Parecia-lhe tambem que dali sabiam deliciosos perfumes, com o odor do balsamo e do incenso, puro de todo o contacto grosseiro e terrestre. Finalmente nenhum logar lhe parecia mais secreta– mente alliado com o Céo ; em nenhum outro ella sentia mais facilmente elevar– se da terra na aza dos sanctos desejos, do que neste ermo Sanctuario, festiva– mente allurniado pela luz da sua estrella. Tem-se observádo, que as pessoas, que teem vivido por muito tempo juntas, aca– bam por adquirir um certa similhança, que lhes dá muitas vezes um ar de pa– rentesco. Pódease portanto pensar que a joven Maria que vinha tantas vezes e durante tão longas horas, ajoelhar-se diante da bella Imagem da Mãe lmma– culada, com os olhos fitos nella, á doce claridade da lampada, hia pouco a pouco tomando uma certa similhança cem esta Imagem e que a sua figura ia tendo a mesmo calma e modesta expressão ; de modo que ella e a es tatua sem vida pa– reciam ser o retrato do mesmo original. ( Continúa. ) V arietln.tles. SOCCORROS !.OS AFFOGADOS. Tirai logo,,e logo ao affogado seus ves– tidos molhados, e ponde-o em um co– bertor de lã ou outro panno sêco e quente. Nada de suspendel-o de cabeça 1Jai·a baix o, ou deital-o sobre o ventre como fazem muitas vezes, sob pretexto de fazer lança~· a agua. É um barbaro costume que aqm · devemos condemnar. Não é a ao-ua engolida que causa o perigo ; ó a ~hyxia, isto é a cessação ~a circulação elo sangue om consequenc~a
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0