A Estrela do Norte 1864

.-\\. J<:§ '.Ji'Hl.!EL:l ul DO NORTE. Assim desapareceu esse brilhante me– teóro que tinha espalhado sobre a terra tanto esplendor, movimento, grandesa e calamidades. Assim se quebrou esse instrumento visível da Providencia, al– ternadamente Senhor do mundo, tes te– munho pasmoso da vaidade das grandesas humanas, e emfim motivo de consolação para os corações christãos. sua morte foi sinceramente pranteada pela maior parte de seus companheiros de desterro; para . alguns outros,·,talvez depois de muito prevista, ella vinha uni– camen te quebrar laços pesados e impaci– entemente supportados. O corpo embalsamado foi deppsto em um leito de parad~. . Eu colloquei um Crucifixo sobre seu coração e velei orando sobre os tristes restos daquelle que tinhéJ. sido o grande Imperador. Eu não podia afl'astar meus olhos desse nobre rosto, no qual a morte tinha imprimido mais doçura e paz, sem alterar a admiravel e pura harmo~ia de suas feições heroicas. e nunca essa ima– gem sahirá de minha memoria .•. Acom– panhei o caixão á profunda cova onde ficou depositado; abençoei e consagrei a terra que o devia cobrir ....• Minha missão se achava cumprida l peixei, chorando, o rochedo, t~rmado celebre para sempre, pelo captiveiro e fim .chrisião de Napoleão l •••• A La1111mda tio Sanetuario. I. O SEU BRILHO. (Continúaçào do n• 13. ) Então os dous afflictos conjuges desco– briram o rosto e levantaram os olhos. Estavam sós com a sua filha; um silencio profundo reinava em roda delles. Já não havia ou tra luz mais do que a que cahia da lampada do Sanctuario, collocada en– tre elles e o Altar. Suspensa no meio do espaço, a lampada parecia uwa fonte de prata de onde sahia uma suave irradia– ção. Não eram raios de luz deslumbrantes scin tillando faiscas resplendentes ·b era u nia chamma inconstante e capric osa, era uma luz que corria mansamente de sua fonte, e se derramava igualmente para todos os lados, ornando o ce~tro do Sanctuario com uma aureola de mai s pura p serena luz, e que en~ornanclo-se como um limpido regato mundava todo o espaço. Esta luz pa1!ecia exercer sobre a natureza um poder calmante e lranquil– llsador; era impossível conceber-se ali perturbação nemdesassocego; umari ada, uma palavra dura um munnurio de colern, teriam resoado como um su surro sacrilego, se fosse possivel ouvirem-se naquelle logar. A doce 11:z formava uma atmosphera especial, como se a sua claridade tempe– rada derramasse pelo espaço uma eva– poração tépida que o frio exterior não podia dissipar. Quem poderia na verda– de, sentir frio junto daquella jubilosa luz ? Elia revestia de doçura e de belleza os obj cctos mais communs; os rusticos milagres suspensos em redor da Capella, as grosseiras pinturas que cobriam a parte I superior das paredes, pareciam transformadas em primores da arte, gra– ças a esta meia escuridão, que adoçava o tom das figuras mais rudes e escondia as menores imperfeições; esta luz suave dava graças e encanto ás linhas mais austeras e mais duras. Mas era principalmente sobre os senti– mentos, que mais exercia sua benigna influencia. Parecia accender no coração uma outra luz radiante, que doce e serena se derramava sobre suas inquietas affei– ções, abatendo o ~gull10 do espírito, calmando a colera, adoçando a austeri– dade, e limpando o espírito de pensamen– tos artificiosos. Ella tranquillisava, amol– lecia e derretia a alma preparando-a para doces e ternas emoções. Tudo estava assim erri harmonia com os pensamentos dos desventurados paes. Levantaram os olhos para a Imagem do seu Redemptor e de sua Mãe; o tenue clarão da lampada que battia de chapa sobre a estatua, fazia resplandecer o di– vino Rosto com um tal brilho de amor e d~ c~mpaiX:ão, _q~e nunca a sua expres– sa.o fora mars_d1_vmamente mizericordio– sa, nem expnm1ra melhor[os sentimentos que os dous infelizes desejaram achar em Jesus e Maria. Sentiram que era füvoravcl o ensejo para appellar para a sua piedade em tamanha angustia; que soára a hora e uma audiencia particufar, na qual a etição do pobre seria acceita graciosa– mente face a face e chegaria até ao Throno de Deos. · Oraram por muito tempo e com fervor por sua filha, debaixo das solemnes im– pressões do logar e da hora. Era mais profundo o fervor do pac, havia mais ter~ura 1 no fervor da mãe, mas ambos ped1am,q mesma cousa, ambos olferecinm cm commum os ,mesmos votos. se a filha recobrasse a saude, andaria vestida de branco durante sete annos, como cmble-

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