Estrela do Norte 1865
il. E8TRELLil. DO NOI\TE, do a villa de norn reunida, um dos che– fes dis e ao magistrado: "Se quereis ain– da torturar Cáo, dizei ao beleguim ;';am q11e tome o pau; á terceira paulada ba_de ser obrigado a ceder, venha quem Yier em seu auxilio.>) ( Este individuo tinha sido !soldado e esta,a habituado a jo<>ar o pau. Algumas l?auladêl:' d_adas por cllc obrio-ayam os ma10ros crimmosos a con– fessar os seus crimes. ) :\!andou- e por tan– to chamar ·am. O magistrado ordenou– lhe que me désse duas pauladas por cada vez, como no dia anterior, e que bate e até fazer sangue. Levei dezesseis pauladas; depois de cada duas, o magistrado dizia– me: (( Queres caminhar sobre a cruz? 11 Não, nunca tal farei. n Os espectadores diziam uns para os outros: u ,ão lhe im– porta de certo morrer; por que razão não caminha elle sobre a cruz?» Omagistra– do ainda mais encolerisado m~ndou !que me fizes em voar a carne em bocados. O vierem pedir-vos alguma graça o!Terccei-a promptamcntc; não Lemai outro perigo, mais que o d deliberar muito tempo, e não tenhais outro dcs"'osto maic:; que o não os ter prevenido, e não ter Lido a for– tuna de advinhar que elles tinham ne– cessidade de Yós. ·am deu-me duas pauladas á direita e duaR á esquerda, e arrancou-me dois bo– cados de carne; os cães, que alli estavam rreram para os comer. Então gritei : « O' Jesus, O' i\Iaria, vinde cm meu auxi– lio 1 11 Os a sistcntes dis eram entre si : u Eil-o que chama o seu Dcos em seu soe– corro! n Estava quasi a desmaiar; todo o ~eu corpo estava cm fogo. o magistrado d1s e-me: u Caminha sobre a cruz ! 1) Não· não far i tal 1 » Todoc; os assistentes des~ v!aram os olhos deste e pectaculo, o ma– g1slrado ordenou ainda mai vinte paula– das, mas os chefes não o consentiram ; o que fez com que o beleguim l\am me dés– sc uma só: Deitou fóra o pau, e deixaram– me estendido no chão bastante tempo. Em serruida a villa mandou um moço para me desligar, elle vendo-me todo coberto de sangue começou a vomitar. ( Continú.a. ) Tende nis o a maxima daquelle antigo beróe, que sendo advertido pelo seu the– soureiro, qu e nada lhe ficava mai , e que as suas liberalidades lhe tirararam tudo, lhe deu esta r spo ta heroica: « Vós vos enganais, fica-me tudo o que dei. perten– ce-me agora mais que nunca, poi que está nas mãos do meus amigos : Hoc haúeo quodmrmque dedi. ., XIX. Revelar o segredo de um amigo é perd~r muitos amigos ; um homem infiel na,o será mais amado de alguem, e os que o fizeram fallar, serão u primeiros a te– mel-o e aborrecel-o . Nos negocios da ar!lizad~, ~u~lm_entc nos do estado, as maiores m~1scrq_:iço s e ligeirezas da língua SÜO crimes ur:er~– raveís. o seu segredo é uma rel~giao onde não ha perdão de faltas, ne°:1 pieda– de pelos arrependimentos; c~st1gam-~e es tas faltas do modo o mais ternve~e mais temível a um homem, que te~ br~o e co– ração, qual é _não se lhe dar Jamais occa– sião de recalur. XX. Cousell,os tio. Sabedoria 1uu•a o l10111e111 se regular 1•rudente- 111e11te 1•ara «!01u os seufi a111i– gos. se vos succede estando ele máo humor fallar com enfado a vosso amigo, ou co~1 injurias inconsiderada.s, roas que na -~ significam, não temais, porque a reconci liação não é difficil. Da mesma sor~e ~e em tempo de um excesso de colera ~ll'ais a espada contra elle, não desespereis de poder r estabelecer a amizade_ : _ 0 hdme~ é indulgente para. com as paixoes. e s irmão, quando ellas são cegas e tll'am ª razão; não ó necessarío mais q~e um n~~; mcnto de pena ou algumas lagnmas, I! perder da memoria uma briga sangmno- t Continuação. ) Exponde o vosso dinheiro a risco em– -pre~Lando-o ao vosso irmãp ou ao vosso am~~o, e sabei que ellc está sempre com mais honra~ mais seguro entre sua!'. m~os o 0 rpir r l.'11·1<lctu um thcsouro escondido e fccllll~ú r1!·1J,J.ixo das pedru.s. pev~is Ter (lllc eUe 6 perdido, quando é rnutil aos ·o: os amigos: quando elles ~nta. . o que 6 perigoso e o que faz a colera ir– reconcili.aYel para ;empre~ é o notar a um amigo n1guma infamia aa sua ca:'a, ou algum serviço, o qualquer obseqmo ,que tenha recebido e mostrar-lhe desprezo e parecer orgulhoso na sua presença, ou er1t– fim, o declarar os segredos, e ser-lhe a - so CtJ?- álgum _negocio em que elle se fiava de vos, tuclo 1 to o faz fugir até o fim do mundo; vós podereis ver ainda a sua c~ra, mas não acha1'ci jamn.L<, 0 seu coraçao e confi311c:a.
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