Estrela do Norte 1865

1. ,t. ES1.'JU:l,LA DO J\'OllTE, paroxi mo do colora, di se-mo : « rn olon– le I ui da cruo a ivlla 6 obrigada a cedor– tc? " Depoi disto redigiu um rcqucri– mcnLo para me entregar ao profeito. to tempo junto do charco julg u qu u bebia alguma medecina enputada, e man– dando aJ ""uem p(U'a me e piar di scram– lho que eu ó bebia agua. Emquan to eu e tava junto daquelle charco, o chefes da villa redigiram outro rcqu rimento no crual diziam, para me a u tar que o meus doi irmãos tinham fu o-ido para o navios francczes; e um d lle rnio ler-me depois. Respondi-lhe : « E tá bem! e o meus dois irmãos foram aos navio , o - nhor governador e autoridades desta vil– la terão parte na minha recompen a. ,1 Foram contar aos chefe o que cu tinha dito, accrescentanclo : « E um in olente. " O magistrado trouxe-me cm seguida. esta folha para que eu assigna e · recusei fa– zel-o ; mas assignei o Ycrdadeiro reque– rimento, que haviam feito para me en– Lregarem ao prefeito. . a noit scguinto, um dos meus guar– das dou-me um pouco de arroz qu e comi agachado na minha esteira, com modo do ser visto. O magistrado, vendo-me exte– nu ado pela fome e todo descarnado or– denou-lho talvez que mo dé se de comer; porque o guarda foi d'alli dizer á minha familia que mo trouxesse algum alimon to. Então meu cunhado trouxe-m'o, depois ãe ter pedido licença ao magistrado; por que anteriormente tinha sido prohibido dizendo: <e A familia leva-lho ás escondi– das o pão encantado dos europeus; é o que torna tão endurecido o tão teimoso; o lho impede de caminhar sobre a cruz. n A 18, 19, 20, novos interrogatorios. A 21, tendo-me o magi trado mandado chamar, disse-lhe: « .Já escreveu o seu re– querimento; faça de mim o que quizor; entregue-me a quem quizer. Para que hade estar continuamente a fazer-me no– vas perguntas ? O magistrado : Oh I não ha por ora pressa de te entregar ao pre– feito; quero primeiramente fazer voar a tua carne em bocados. ,, A 22, compareci diante de toda villa reunida; o magistrado traçou duas cruzes na terra, e ordenou-me que caminhasse por cima dellas. Respondi-lhe, como de costume : « Senhores, já vos disse que não queria apostatar; se me soltardes, ficar– vos-hei muito agradecido, senão, entre– gae-mc ao mandarim, ou fazei de mim Estava reunida uma grande multidão de povo para me ver; muitos levados de compaixão, diziam-me : « Fazei o que vos peden1 ; para que sofirer tantos tormen– tos?« Eu respondi-lhes; «Estou nas mãos do magistrado ; que ellc faça de mim o que quizer. " Um dos chefes clis e-me: Quando te batem assim, doe-te? «Eu re - pondi-lhe: Sois um hon1em bem esper– to! . .. Prendeis-me e açoitaes-me, depois louvaes-ml:) por que soffro com firmeza; sou um homem como qualquer outro ; são os meus ossos de bronze e a minha pelle de ferro, para não sentir dôres? Não tenho mais do que a graça de Doos para me sustentar. ,1 Ao que elle replicou : Se o teu Senhor Jesus te assiste, para que deixou elle os teus corrcligionarios apos– tatarem?" OSenhor Jesus assiste áquelles que querem receber a Sua Graça, e não áquelles que a regeitam. Neste dia, muitos chefes estavam can– çados, e aconselharam ao magistrado que me soltasse; mas elle não quiz consentir. A sua sog-ra e a sua tia, vendo que ellc não tinha filhos, o diss1iadiam tambem dizendo-lhe : Fazei uma boa obra, e man– dai embora este homem ; talvez que o céo lance sobre vós um olilar favoravel e vos conceda algum filho. Porque razão tra:-: tal-o tão barbara, e cruelmente ?- 0 ma– gistrado responde-lhe : « E' um ínsolente ! quero atormental-o até á morte, que pec– cado haverá em matar um miseravel christão?" o que qui zerde_s, estou disposto _para t~– clo. Se eu qmzessc aposLatar, Já o teria feito e não esperaria. soffrer a tortura trcs ou quatro vezes. « Omagistrado, fulo de raiva, ordenou a um beleguim que me arrastasse sobre as cruzes, mas eu passei– lhe ao lado. O magistrado disse ao bcle– guim ; « Porque não o levas para cima das cruzes ? n Elle não o qu er faz er; o que quorei s que faça?" O magistrado fez-m e cm seguida atar a duas estacas; un:i ou– tro beleguim tomou o pau~ depo15 de duas pauladas parava e~ mag1stradc per– guntava-me se eu queria apostatar: d~– pois batia outras duas pauladas; e conti– nuou assim até vinte. Respond i sempre negativamente; e parecia-me que todo o meu corpo estava ardendo em fogo. To– davia o magistrado não mandou sequer que me desatassem, deixou-mo atado ás es taGas até ás tres horas depois do meio dia. Morria de sêdo, pedi uma taça de agu– a; mas não m 'a quizeram dar. Fui beber n'.umfcharco que am es tava perto. O m.~– g1strado, vendo que eu me demorava rnlll- A noite, o rnag-istrado não me mandou como çl e ord~nario, para a prisão : desde então, flquf;l1 cm casa delle. Durante a noite os meus guardas pediam-me inoes_: santemente rrue apostatasse. Os meus sof– frim oi:itos não estavam aindç1. acabn,dos. o dia seguinte, 23 de Setembr o, estan~ --

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0