Estrela do Norte 1865
.l ESTRELLA DO IWOHTE, como que nos an tecipa os prazeres da gloria. Oh ! qu em não conhece a fel~cidapo dos justos quer no remanso ordrnano. quer nas e~traordinarias tempestades da vida, ao abrigo da csporauça ? Para elles a tristeza tem seus gosos, a pobreza seus thcsouros, a perseguição seus favores, a desgraca seus encantos 11as ó que é menos geralmente sabido, ou mais diffi ciJmente acreditado, é o j u– bilo ineffavcl que inunda a alma daquel– les que, mais adiantados no serviço do Senhor, se entregam aos transportes da esperança: é que em horrida noite, o so– litario, absorto na contemplação das cou– zas celestes, não ouve o vento que, em torno da sua gruta, arranca as arvores da montanha; as torrentes que se despe– nham ; raios que se cruzam nos aros : é que aquelle, contra quem se desencadêa toda a rah'a e toda a furia dos homens, permanece tão tranquillo como o outro, contra o qual parece desencadear-se toda a furia nos elementos. Lede os J\ nnaes da Propagação da Fé ; essa historia scientifica, e edificante do nosso tempo; esses sucessos espantosos ; esses prodígios da nossa idt'.de. Contem– plai os verdadeiros civilisadores dos po– vos, os modernos heroes do ChristianiCJmo, carregados de ferros, cobertos de feridas despedaçados os membros, rogando a Deos que perdoe por seus persiguidores ; e expirando entre tormentos, com os o– lhos cravados no ceo, e o sorriso da espe– rança nos labios ! Oh l esperança l alguns te comparam á fresca viração, que vem mitigar os ardo– res de um calmoso dia; á vibração melo– diosa, que se oxhala das cordas de uma harpa; aos raios do sol, após a tempesta– de ; á estrella que brilha no firmamento, nas noites mais sombrias : mas estas com– parações são todas mesquinhas ; e eu n ão descubro com que dig-namente comparar– t e ; como posso indicar tudo o que tu sig– nificas. Tu nos juncas de flores a terra ; tu nos tomas sobre as tuas azas pela aerea estra– da, por onde devemos subir ao eco ; tu no~ arroba~\s, tu no,; elevas, e tn nos ntio deixas, sem~o qu_ando, assosciados aos co– ros dos AnJ os, _J á de ti não precisámos. A.h ! (fllal é o pincel que póde representar o teu poder; on a penna capaz de descre– ver teu s benellcios ? ( 1'folilcir,üe.~ úU Discursos religiosos.) - Uonsell1os da SRl1etloria 1m1.•a o l10111en1 111e re9ula1• 111.•aule11t e- 1ne11te 11a1•a cona os seus a111i– gos. ( Continuação. ) XlV. Quando achardes um amigo constan te, estimai-o como a vós mesmo, fazei q_u e elle entre na vos a casa com :-i mesma li– berdade, que na sua, que disponha da vos– sa familia, e que saiba dos vossos n cg!?– cios como dos seu s. E' a fortuna da ami– zade viver em dous corações, e mane.ar em duas casas. O que se diz de dous sóes, que se fosse!ll possíveis no mundo, se destruiriam, nao seria verdade se elles se podessem_ ama_r. Não são duas cousas incompa tíveis _duas potencias iguaes, havendo boa intellig1n– cia entre ellas; e todàs as leis que se a– zem para o governo do universo em favor da unidade, não são boas sen5o porque ª discordla é companheira insepa ravel d.e dous soberanos. Quando o am or é o t e~- ceiro o verdadeiro numero n ecessano para 'mandar ditosamen te no céo e n a t er– ra é o numero de tres. XV. Um amigo novo não vale j amais quo um antigo. Não mudeis de amigo: 0 que tendes já vos convém mais que o qu e ª1;i~ da não tendes· se a pessoa amada a mm tempo é mends perfeita e men?s eSllm~ vel, é-vos com tud o mais propna, e semda lhante ao vosso humor. As doçuras amisade não vem da nobreza dl: 1 lf me~~ nem da sua sciencia, n em da Je e~d d seu entendimento, ma da conf~rroi l ei~ dos corações : assim como vós n ao P1·a servir-vos de um rico O m agnifico v es ~ 0 , que vos é muito grande, assim t a ro e:e não podeis ser amado de um home ro q a natureza não fez para vós . Além de que não h a vestido novo que não incommode o corpo n em ll?~os co– nhecimentos que não deem suj e19ao: as cautellas e ceremonias duram mmto tem– po, _e são sempre n egocios qu~ occupam mmto o principio ele uma arruzade · em uma palavra, qualquer pessoa q:ne P6 ~de cessar de amar um-primei r o amigo, • 1~– digna de ter um segunde; eigualmen e quom póde deixar morr er uma boa e ver– dadeira amizade, nm;ca terá outra que seja immortal.
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