Estrela do Norte 1865

& E§TllE·LLA. DO ~OR'l'E, O p1•otestantis1no no B.1•azil. ( Conclusão. ) Sabemo todos que a nossa constituição proclama uma certa tolerancia em mate– ria religio a, não p rmittindo que seja alguem perseguido por motivo de religião; mas es a tol rancia t m seus limites fixa– dos pela mesma constituição, sendo como · sujeita ás condições de - respeito á re– ligião do estado e á moral publica. E nem poderia deixar de ser assim em um paiz, cujo pacto fundamental deter– mina que a religião catholica, n.postolica romana seja a religião do imperio, e on– de em conscquencia de tão salutar prin– cipio o codigo criminal ( art. 27G) fulmi– na penas contra aquelles que-=- em casa ou ediflcio que tenha alguma fórma exte– rior de templo, ou vublicumente em qiwlqiier lugar, celebram culto de outra religião que não seja a do Estado. Se, pois, em face da constituição e das leis, o governo do paiz é obrigado a man– ter a religião catholica, como é que tem permittido que o protes tante Kelly, em Nicterohy, e outros aventureiros em diver– sos lugares pregur,m publicamente a reli– gião do Ilomem-Oeos, do I• ilho da Sempre Virgem i\faria? Aconstituição e as leis não são, porém, os unices moveis que deviam im11ellir o nosso governo a oppor-se á propaganda herectica, que entre nós se vai desenvol– vendo: razões mui poderosas, razões de or– dem social e política militam ainda para que os homens da governaçãc,, desper– tando da indiflercnça em que até aqui tem estado, não consintam no ingresso das sei– tas protestantes cm nossa cara patria. Ocalebre Grocio já o dizia em seu tem– po: os discípulos de Calvino têm per– turbado todos os imperios em que suas doutrinas tem prevalecido: Ub'icumque úi– vol-uer e Calvini di scipuH, imperia turbavere. ora, aquillo que o protestante Grocto dizia do calvinismo, a razão e a historia affir– mam de todo o protestantismo; porque elle é com effeito essencialmente revolu- cionaria. _ Sempre na mais completa opposição com o catholicismo que, na bolla. pbrase do protestante Guizot, ó a maior escola de insolcn.cia qu e at6 hoje se tem manifes– tado ao mundo. Proclamando o prineipio do livre emame, e sendo portanto a negação de toda a auto– ridade cm sua fórma n mais respeitavel, e em seu r epresentante o mais augusto– º Soberano Pontífice - tem-se atacado tambem a autoridade política, quacsquer que se,iam seu representante : d'ondc veio a dizer o proprio Louis Blanc, que todo o L·uthero 1·eliyioso chama apôs si necessaria– menie um Luthei·o JJO /il'ico. Con ulte-sc a historia po terior á refor– ma prote tante, considerem- e todas as revoluções que depois di o tem fla"'ella– do a humanidade, vejam-se particular– mente as cabeças de Carlos I e de Luiz XVl rolando pelos degráos do caçlafalsoi exa– minem-se as verdadeira cau a ae e tri tes acontecimentos e se conhecerá en– tão que a mão e o espírito do protestan– ti mo ahi andaram. Ora, se assim 6, cremos poder dizer com um dos mais illustres oradores de nos os dias, que consulta bem mal os seus ver– dadeiros interesses e os da ordrm social, que 6 obrigado a mauterl.. todo aquclle go– verno que vê com indiJJerença o prole - tantismo multi11licar suas fortificações e estender suas conquistas. Não ó só por ser o protestantismo essen– cialmente revolucionaria, que o nosso 1;0- verno devia precaver-se contra clle e em– baraçar-lhe todo o proselytismo: uma outra razão ~e não menor importancia devia ainda moYel-o a isso. Como não se poderá contestar, a lnt('– gridade do imperio é, depois de sua inde– pendencia, o maior interesse dos brazi– leiros; mas essa integridade depende tan– to da unidade de crenças no Brazil, que podcr-se-hia dizer que tenta directamente contra ella quem favorece ou é indiffe– rente á divisão das mesmas crenças. Aunidade religiosa de uma nação sen– do por si só capaz de produzir todas as outras , como nol-o assegura um distin– cto püblicista, é por issso mesmo o vin– culo mais poderoso que póde desejar p~ra manter o principio de cohesão que pren– de as diversas frac ções do territorio da mesma nação, fazendo dellas um todo político, harmonioso e compacto. Por felicidade nossa quando se confec– cionou n constituição que nos rege, a uni– versalidade dos hrazilciros professava a. religião catholica., apostolica, romana; e r isso a mesma constituição determi– nando no seu art. 5° que essa sacrosanta religião continuaria a ser a do imperio, não fez mais que reconhecer e sanccionar um facto altamente social, que não lhe era dado alterar. A' somhra_benefica. dessa ~0U.gião de paz e de amor nao só as nossas m stituições se tem dcscmvolvido , mas ainda as vinte s– trellas que formam o cruzeiro do nrazil se tem conservado unidas, reflectindo to– das a luz serena e pura qu e por interme– dio do astro brilhanle do Vnticano, lhes é

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