Estrela do Norte 1865
VoHseH1o!!I da Sal1e1Uou-in pnrn o l1onne110 lie regulnr Itli'1atieute- 11nente Jl~a••n G!OllH O§ § CHtil RIIUi– {DO§. ( ContinuRçào. ) VI. Um amigo fi el é um&, fortificação , que defende, e um thesouro , que enriqueco; o que o possuo ó afortunado e a sua dita está segura. conserva cui<ladosamente esso theso1:1- ro, e se se consorva na vo a alma algu– ma memoria da sua extracção celes te, e algum signal da sua semelhança com Deo , não vivaisjámais sem ami sade. Bas– ta viver para saber que ha em nós uma necesidade de amor, porque como as nos– sas almas são creadas á imairom do CrPa– dor, é preciso que ellas tenham necessa– riamenLe uma bondade que as levo asa– hirem de si, e que toda a sua substancia não seja outra cousa mais que uma cham– ma immaterial e divina que levanta para para o céo, e quo aspirando a Oeos, busca outro coração qual o seu, como uma com– panhia e um soccorro para ser ajudado em suas elevações, e para chegar mais fa– cilmente á sua soberana felicidade. cada espirita não é mais que metade de outro espirita; não porque os dividissem formando-os, e que de um só fizessem dous; mas porque ?S form_aram com l!ma proporção e uma s1mpatlua que lhes ms– pira o des~jo e lhes dá-o podo~· d~ se ajun- 1ar e fazer el e sorte, pela sua mt1ma com– municação, que os dous não sejam mais que um. Mas antes qu e tudo estej a com– pleto, formam-se muitos enfadas, e me– lancolias sensíveis, e muitas castas de do– enças e miserias na alma do um homem, porque ella é a imagem ele Deos ; o a sua eterna felicidad e consiste em que alguma dessas pessoas nunca está só. Uma das sci– encias do homem_sab_io ó saber que a m_a~or parte dess~s _m1_sena_s do nosso csp1nto vem da solldao mtenor, e que o seu re– media é uma verdadeira amizade : Amicus fidelis medicamentum v Z:tce. vn. E' uma grande dita o achar um bom amigo, e achar ouvidos capazes de-ou ou– vir ve.rdades proveitosas, ou guardar se– h'Tedos de consequencia. Amai o vosso se– melhante, o contentai a vossâ. alma, ajun– tando-,,os com nma tal confiança com elle, sem ter cousa alguma dentro no coração rrue lhe não seja commum. O que as nossas alma querem confiar, e o que ellas qu erem tirar de si m mas para h ·ansport.ar em outr~ts ::i.lma , são trcs cousas : a ua scienca, o seu egredo e a sua pessoa. Quando communicam a sua sciencia, quero dizer as noticia que ad– quiriram pelo estudo, e a nov:ts que sou– beram pela fama, ou as luzes que teem para os negocios publicas e para outros misteres: em uma palana: quando ellas eommunicam os seus pen amontas 1ndif- 1'erentes, e que ellas o fazem com gosto ; isto ó familiaridade. Quando ellas vão mais longe, e que com– municam os seus pensamentos secretos, é amisade. Quando ellas Yão até o ultimo termo e que aspiram a se communicar a si mesmas, e a transportar o seu coração em outro coração, e, segundo o que é pos ivel e a natureza e a graça aspiram, de dous espíritos não fazer mais quo um; isto ó propria e precisamente o que se chama amor. A henevolencia segue o amor, e ella se– gue tambem a amizade; nós queremos bem ao objecto assim que o amamos ; o nosso proprio bem lhe é commum: o que pertence ao homem, pertence ao seu ami~ go: :adquirir juro amigo fiel e sincero é adquirir em um momento tudo o que elle possuo, e o que elle adquiriu em muiLos, annos: Beatus, qiii ú1venit amfown vennn, vm. Nada ha mais precioso do que um bom amigo; na balança dos sabias peza istQ mais que todo o ouro e prata do mundo. Falla-se excellentemente hoje da ami– zade; mas é uma materia em que parece que se faz mal, á proporção que se diz bem. o nosso seculo é o mais eloquente que tem havido nisso, e o mais ditoso eq\ palavras e pensamentos; nunca houve tantos que admirassem esta bella virtude, nem tantos panegyricos e tantas obras compostas cm sua honra; não se falla senão de amizades, nos livros, nas con,. versações, na ·côrte, e entre o povo: não se vê mais que ella nos semblantes e ,,,, nos livros: está em toda a parte, meJos n~s corações. Aamizade nos agrada, mas o mte~esse é nosso senhor ; não ha perda que smtamos menos, e que menos nos aftllja, do que a de um bom amigo. IX. O nosso corpo tem doenças que abre– viam a sua vida mor tal, e a nossa alma tem outras , que fazem a sua immortali– dade desgraçada: o remedio de umas e ou- ·--
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