Estrela do Norte 1865

" Edgard á Cccilia : « Ha mu ito tempo, minha cara amiga, que procuro occasião <lc te dar noticias m inhas. , las e tou tão occupado em nada fazer qu e os momentos fogem cm qua i me deixa r o descanço de suspirar. Oepoi · a te fallar francamente, não gosto de te e screver em certas horas. Tu és um a njo, m inha pobr e Cecíl ia ; tua alma cnnd ida não r eceia a~ triste7.ns de nossas alegrias mu nd anas, e tu n füi podes saber de que amarguras estão ch eios os calices, em que uiz- P, que n ós bebemos o prazer. Quan– do acho o coração tão abatido, o espírito tão fa tigado e tão temo ; quando o futu– ro me parec~ eob cr to ue nuvens tão som– J,rias, guando finalmen te, eu tenho in ve– j a-de fallar do mal de todos e sobretudo de mim , como te e crever , a ti simples e en– cantadora menina, para quem as flores tem guardado seus perfumes e sorri sr-s, :'l. t i que n ão conh eces o mal e q ue nem mesmo o suspeitas ? " Eu t enho feito certamen te nestes ul– _t imos d.ias , u m curso delicioso. Percor– r i a cavallo muitas aldeas de No rman– dia, pa r tindo e chegando quando que– r ia . Ahi encontrei encan tadora5 igrejas no mesmo es tado que cllas eram a dous seculos. Ahi vi orar simJ)les mulher e , h u mildes paizan os, e cu tornei a tomar co ragem no espectacu lo de su a fé. Eu te con ta rei o r isco de um velho conven to ar– rui nado1 cuj o nome eu ig- noro, e que os sabios j a não visitam . Mas quan to elle é ainda bell o ! Ha , pegado á igr eja, u m mag– nifi co con ven to metade romano, metade de especie diagonal , de um effeito tocan– te. A igreja, cuja abobada está cabida á muito tempo , t inha columnas de uma gr ai;-a e de uma altura pr odi giosas. Encon– tr ei atraz das apsides uma ped r a scpül– cral que m e s urprebendeu . Figu ra- te um frade deitado, as mãos postas, a cabeça su s te n tada por dou s anj os e os pés apoia– dos sobre o corpo de u m cão ador mecid o. Em baixo do cão está g r avado o mostra– dor de um r elogio, cuj os ponteiros mar– cam quatro horas. l.Ia em tod o o r edor , em lc ttras gothicas esta inscripção : uVu l- 11erant omnes, ultimei necut n o que qt!-er di– ze r· n o teu francez, m i nha car a , que to– das as hor as nos mostr am o perigo e qu e emfim a u ltima nos dá o golpe mortal. lmmed iatamentc ed ifi qu ei em mi nha me– moria a hist©ria deste frade. Ell e dev ia ser u m mundano como eu ; como eu ar– ris ado a todas as h oras no seculo, reco- 1hcn-so para um convento. Lá tambem o ~empo corria para elle com vagar e lhe pooava. Mas elle consol a va.-s~ como eu , <lizcndo: fiualmen te n. u ltima hor a v irá me d:1.r o descanço. Qu e dizes tu deste frad e ? u Eu desejaria a nnunciar-te como está prox i rna a minha. rnlta. I nfelizmente não vejo ainda o dia para deixar Paris : Q11e– ro ser dou tor em direito ne L anno , e pa ra isto ai nda tenho e tudo a fazer. ;\tas 1 cr ede-me, car a amiga, isto não gastara ma.is de um anno ; depois eu irei ter com– ti ~o e não n os separaremos mais. Eu te deixo sobre esta esperança q ue me faz vi ~ ver; é ver dadeir amen te o unico ponto l u– m inoso de me u horisonLe. -Teu bom ir– mão, Edgard. n Cecilia ·a Edgard : u Obrigado, meu bom amigo, de tua ul– tima ca r ta. A narração de tua viagem cm Norma ndia me causou prazeres. De ejo antes sabn que per cor res os campos debai– xo das vistas do Senhor, do que saber qu e te achas em Pa rif: , em teu mr.squinho sa– lão on de eu não estou, ou que ainda no mundo ; ah! tão pou co tem feito para apreciar tuas nob res qu ali dades. Porqu e não t enho eu em meu s con tornos urFta. an– tiga abbadia para te mostrar? Talvez te deixarias vencer para ahi ma ndar cons– truir uma ermi da? nesu scitariamos para nós dou s a or dem de Fon te vrauls onde havia frarl es r eligiosos, vivendo em dous con ve ntos contiguos. Gos tei muito el e tua inspr i.pção la tina . Permi tte-me aqui uma pequena mudan ça ? D'ago ra até o mo– mento em que te tornarei a ver, verda– deiramente todas as horas me serão amar– gas ; mas a ultima, a qu e nos ha de r eu – nir, oh! essa termina rá minhas afflcções. <• E' com effeito, para mim, meu caro amigo, uma affli cção de t odos os intantes sentir-te i olacl o, solfrendo, talvez des– conhecido , e não poder t e clar horas nas CJ,U aes nad!i. fa ria se as n_ão ench esse pra– tlCando o bem . Graças a Deos, ao menos soffro por ti. Eu offer eço a Deos todas as tri stezas de minha solid ão, a fim de que torne a t ua men os amarga . u Deixa- me contar -t e 1 .lma de minhas historia s. Qu em sabe ? tal vez tornar- se– h a uma r ealidade? Minha tia e eu tive– mos a felicid ade de tor nar a ver uma an– tiga amiga de minha mãi, c1ue tu tal vez te lem br a rás porqu e, qu ando tinh as dez ou doze an nos, fallavas de casar com sua filha, a m enina Noemia, de idad e então de qua tro ou cinco annos. Estas senho– ras , Macl ame D, e s ua filha , vieram morar em uma casa de campanha junt.o de nós e agora mu itas vezes nos vemos. Outro dia pois, Noemia e sua m ã i vieram aqui. eu as r P.cebi do mel hor modo possi vel'. Depo~s do ja~_tar , <lci_x~i Ma~me o. junto de mmha m ai, e levei oemia ao parque;

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