Estrela do Norte 1865

368 todos em que forçadamente ·eriamos a ruina de nossas Yizões e onde e tariamo obrig-ados a maldi zer, como os outro , nos a mochlade e sua mai genero"as a - pirações. Em quanto eu, antes de minha con r ersão , sentia já vir- me o desgosto je qua$i a saciedade. Mas e- te de go to n ada tinha de grande, e esta saciedade nada de elovado. Desprezei i nceramente a e-peci humana,- e minhas paixões entretanto disfrutavam como uma vil carrei ra em que o primeiro viaj ante pode preparar-se. Hoj e, pela miser ic,)rdia de Ocos, vejo que o peccado é a unica lepra do mundo. l\1as Yej o tambem que a virtude pode brotar, e que, a terra ornada pelas virtudes chris– tãs, não ié mais uma lama contaminada ; é o vestíbulo do Parai zo . Vede, Edgard, vede meu Cbristo ! es tá ulli deitado sobre sua mortalha triumphal ! Mas o sepulcro onde elle repouza n ão é um tumulo vulgar onde r eina a corrup– ção e que a cinza mancha. Sua morte é um somno, e o desper tar se chamará re– surreição l Oh ! meu amigo, comprehcn– deis isto? Nós ressuscitaremos. Havemos de ser ainda joven s, activos, en ergicos, puros, virgens enfim, ven cedores de todas as ruínas I E para isto, é preciso mor rer com Chris– to, isto é, que basta viV&r para Deos e P'tra seus irmãos! -:\las, Hans , meu amigo, sois um San– cto ! exclamou " dgard . -Um Sancto ? a h ! Deos vos ouça ! que eu o sej a um dia para s ua g lor ia e sal– vação das almas. Hoj e, não sou senão um pobre captivo cuja suj eição me acabrn– nha, um cf:g-o qne mal ve a luz; cu can– to minha liberdade! -Meu amigo, vós pedireis por mim; estou ainda no Egypto; e, n ão sinto for– ça su ffi ciente p ara me olhar do lado de Deos. E' tão triste ser christão I -Triste l vedes q11al é minha tristeza I fitas enfim , Edgard, compreh endo vossos combates, minha oração vós aj udará fra– ternalmente. Vinde me ver aqui, depois cm casa dos Padres. Nós nos animaremos m u tuam.cnte. A ru n ve rsação durou ainda muito tem– po. Os dous jovens finalmente se aparta– ram, mas depois de terem-se promettido encontrar-se muitas vezes, e escrever , quando elles esti vessem, um na provín– cia, outro no covento . vn ~ - Eis pois, dizia ellc com ig-o, o que é a sociedade cuja apparcn.te uni formidade encobre tão profundos contrastes! como no seio da terra e debaix da me ma apparencia ag-itam-se sucw~ diffc– rentcs, de que nns alimentam plantas sãs e nu tridoras em quan to os outros mistu– ram o veneno e a morte á seiva fo rmad a por clles; assim, no mundo moral , as al– mas desenvoh em-sc para. o bem e a. vir– tude, ou ao contrario ·6 parecem podr r comprehend cr o mal e o pcccudo. A 11or do gencro humano os verdarlciros he– r6r.s, os g rande senhores, são os corações purns e innocentes, aqu cllcs que lava.elo, pelo baptismo ou restaurados pela peui– tencia, tendem v io le1tlamente, segundo o Evangelho , para o amor e posse de Deos. Todos os outros, ah ! poetas, litteratos, di– plomatas, mulheres celebres pelo seu es– pírito e bel1eza, espíritos orgulhosos, al-– mas sensuaes são, não obs.tante suas bri– lhantes apparencias, escravos e imbecis • amam as cadeias de suas paixões ; ten{ medo da espada que cu ra e liberta. -Que devo pois faz er?·perguntava ain– da a si mesmo, de que lado me collocar ? Se eu o quizer, posso Lambem pertencerá pha1angc gonero a. que tem levantado 0 estandarte dos mais puros, e do mais no– bres in stinctos da humanidade. Mas é preciso o querer, é preciso teimar contra mim mesmo. Não poderia eu guardar no intimo da alma o amor-do b m e do bPl– lo, passar en tretanto u ma. vida ma is fa– ci l cujos encantos não seriam bunictos 1 Hoj e, n ão obstante a in rl isposiç:lo q ue experimento, sinto mi nha li ber dade, pa.r– tecipo dos sentimentos da multi.dão; com e11a me exalto, e vivo com alegr ia. Ama– nhã , se cu ucr meu coração á Christo se– rei dom inado por esta cruel vir tud e 'que só o nome me atemoriza! nc quan tas emo– ções estarei. privado 1 A vida chr istã é um suicifüo . Ass im combatido comsigo mesmo , Ed– gard não sabia como empregar seu tem– po. Muitas vezes elle quiz escrever a Ceci– lia. Depois, conservava-se desconten te no momento de pegar a penna. Finalmentedecidío e escreveu estas duas linhas: « Depois d'amanhã, ~inha cara. amio-a es tarei a teu lado. Dei xo Paris amanhã. ~ tarde. Manda-me um cavallo na esper a. Ficarei· comtigo oito dias. Tenho mui.to que te fallar. Adeos, te u criado ,-Edgarcl. -Sabbado 9 horas da noiLe. » Edgard entrou em sua casa debaixo de uma emogão inexplieavel. ( Contimia.) Ty p. da ESTRELLA DO NORTE,

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