Estrela do Norte 1865

perio nascente, pareciam attrahir os gran– des edificios. Assim é que, após o incendio ateado J)fJT' Nero, o Palatino con iderou-se de algum:.i sorte muito acanhado para a re idencia imperial e o circo i\laxim us que lhe está proximo . o E quilino foi innulido pelos banhos ele Ti to, edificado sobre as rui nas ela casa de Ouro; o..A ventino desapI?areceu sob o banho de Caracalla: e na ·e1Jocha de que nos occupamos, o imperador Diocleciano tomava pa1·a construir as suas Termas ( banhos quentes) no monte Querinal e per to dos jardins de Salustio a po uco no– meados, um espaso suffi cien te para algu– mas moradas scnhoriae,;. o sitio particu lar do campo de Marte para o qual dirigimos os nossos passos é um d'aquelles cuja situação está de tal maneira determinada, que facil é a quem está versado na topographia de Roma an– tiga, ou de Roma moderna indicai-o exa– ctamente. Pelo tempo da republica, havia no campo de lliarte um vasto espaço qua– drado cercado de palaçadas e dividido em differentes quadro:;, nos quaes reuniam– se os comícios ou assembléas eleitoraes do povo. Este espaço chamava-se se-pta ou ovile em razão ele sua semelhança com um cunal ou aprisco. Augusto realisou o pro– jecto de que folla Cícero n'uma de suas cartas a Atticus (Li vro IV Epist. f G), e que consistia em transformar essa grosseira cons tru cção em um edifício solido e mag– nifico. A septa Julia, como depois cha– mou-se, formava um soberbo portico de mil pés de comprimento sobre quinhen– tos de largura, sustido por columnas e ornad o de r icas pinturas . Vêem-se-lhe ainda ho.ie as rninas : occupava o terreno . ( costeando o Cor o actua1) que hoje co– brem of! palacios Doria e Verosti, o colle– gio nomano, a Igreja de Santo lgnacio e o oratorio de Caravita. A casa em qu e introduziremos o leitor está precisamente situada em face e um pouco a és te deste edificio: ella compre– hendo em seu cireuito o terreno da actual igreja de s. Marçal, donde es tend e-se re– cuando até,iunto do monte Quirinal, oc– cupando uma consideravel extensão de terreno, como faziam as nobres casas r o– manas. No exterior apresenta um apecto triste e sombrio. As paredes são simples, sem ornato algum de architectura, pou– co elevadas e súmen te in tcrrompidas por poucas janeltas. 'o meio de uma das faces deste quadrilatero está uma porta in antis, isto ~' ape~as levantada por uma simples corn1.1a triangular, assente sobre duas meias columnas. U ando na qu alidade de iJ1r-entot de fic– çúes, do priYilegio de ubiquiuadc invi i– vel, vamos penetrar ners:.i. morada com o amigo leitor, ou « a nossa sombra» como chamavam anLiguamentc. Entrando no alpendre, sobl'e cujo pavi– mento lê-se com prazer o be:nevolo snlve incrustado em mosaico, achamos-nos no atrinm, primeiro pateo da.casa, que é cer– cado por um portico ou columnatn . No centro deste pateo ladrilhado de mar– rnore, ouve-se o doce murmurio de um límpido repuxo trazido das alturas de Tusculo pelo aqueducto Claudio. o liqui– do crystal1ino eleva-se ao ar, ora mais alto, ora mais baixo, e cahe n'uma bacia de marmore vermelho de cuja extremi– dades escapa-se em ondeantes lençóes; antes porém de tocar a bacia inferior, que é tambem a mais vahta, espalha um doce orvalho pelas bellas Qores raras, colloca– das em vasos elegan tes dispostos ao redor. No portico vêem-se moveis ricos e as vezes preciosos : leitos incrustado::; de marllm e mesmo de prata ; mesas de madeira do Oriente carregadas de candelabros, lam– padas e outros objcctos usuaes de bronze ou prata, bustos maravilhos amente escu1 - pidos, vasos tripodes, obras prirnr.is da ar– te. As paredes e tão ornarias de pinturas que datam evidentemente de a:0Liga epo– cha, mas que todavia tem conservado 0 brilho de seu colorido e frescor de sua exe– cução. Estes quadros estão separados uns dos outros por nicbos guarnecid0s ele es– tatuas que representam fi elmente, as im como as pinturas assumptos tirados da mythologia ou da historia; mas não po– demos deixar de notar que a vista nada encontra qu~ possa t?car a mais sensível alma. Um mcho vas10, ou um quadro co– 'bcrto com um véo aqui e alli/ provam que estas lac unas não são o resultaclo de algum acciden te. Como o tect~ abobadado que projecta– se para o ex tenor das columnas, oil'erece no centro uma larga ahertura quadrada chamada imphwium, uma tapeçaria ou cor– tina de espessa tela desdobra-se ahi e veda a entrada. do sol e <la chuva. Úm quasi dia artificial permiLte-nos pois apB·· nas ver o que temos dcscripto, porém <lá mais effeito ao que alli se acha. Por en– tre uma arcada aberta em frente d'aquel- 1~ por onde entraJ!lOS, podemos lançar a vista para o pateo rnter10r mais rico ain– da que o primeiro: é calçado do variados marmores e ornado brilhantes douradu – ras. A. cortina da abertura superior, que entretanto é fechada por grosso vidro ou talca, lapis specularis, está corrida a meio e deixa penet:·ar um m io elaro , mas bran: ..

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