Estrela do Norte 1865

l\o ~a~hã do_sabbado_santo e~trou em l -Si_m, certamente, Edgard Farell, s uma 1greJa, crew que foi em S. Germano I bem vmdo; respondeu o pintor levantan– dos Prados; viu ahi celebrar- e os ritos : d:l-sc. Mas como me buscastes depois de yml)olicos dos mara\ilhosos effeitos pro- 1 tanto tempo 'I <luzidos pela resurreição do Salvador. o\ - :\leu caro, estou triste, melancolico pensamento de sua J..)ropria resurrcição, e mesmo atormentado; lembrei-me de tua de seu nascimento á uma vida nova, lhe con tanto jovialidade ; e venho pedir-te \·eio ao espírito; olhou-a ao principio co- que me divirtas um pouco. 1110 o resultado de uma emoi;ão passagei- - Eu, Edgar d, divertir- te 'I ah ! possuo ra, fugitiva como 011tras; depois sentindo hoje maior bem; possuo a paz. E' sem invadir pouco a pouco a sua alma, teve duv ida o c1ue te falta! medo dos hços que era preciso romper, - Te conrnrteste'I outr'ora estavas tão das cadêas que era preciso quebrar. longe disso! Como Agostinho, nas horas de seus com- - Oh l bem longe ; ah 1 mas Deos me en- hatcs, deixou sua con rnrsão para o tempo caminh011 . om que o fogo das paixões estivesse calmo, - Com effeito vossa oflicina não apre– que não haveria mais sacrificio a fazer . . senta mais a mesma Yista. Era outr'ora l\fas outro era o designio cta Pro\·idencia; ! um templo consagrado á ar te; as antigas Deos sabia bem porque circurn tancias \ obras primas, as celehridades modernas dolorcsas passaria a indocil ovelha até I se achavam aqui repr •sentadas; hoje dir- chegar ao aprisco . se-hia que era uma cella ! Edgard enfadado dos pensamentos de - Ah! sim, Edgard, uma cclla ! De hoje conversão deixou a igreja; e, querendo de! á dous mezes, se Deos me ajudar, habi– qualquer modo distrahir-se, lembrou-se tarei um convento de irmãos-pregado– que havia no bair ro latino um _joven pin- 1res ; eu devia muito antes despegar-me de tor cujos gracejos 011tr·ora o tinham di- tudo . vertido. Era um allemão que viera á Paris - Hans, i<les vos fazer dominicano 'I _para aperfeiçoar- se. Verdadeiro typo das - Isto vos admira, n ão 'I Eu tenho esta- qualidades e defeitos que sempre e encon- do mais admirado que vós sen tindo ap– tram nos artistas, Hans Schwarz era um parecer esta vocação, tão <lesagradavel mancebo de vinte e oito annos pouco mais para_ minha natureza l mas em flm, foi ou menos, cuja phisionomia contrastava preciso render-se. Deos me quer; á Elle singularmente com os traços caracteristi- recorro con tr icto e peni tente. Sua graça cos de sua nação . Em de baixa estatura ; me for tificar á no caminho novo em que cabellos côr de azevicheguarneciam-lhc a vo u entrar . face pallida, e em seus olhos vi vos e escu- - Mas vossa saude 'I ros scintiUava o fogo de viva intelligen- - Minha saude I oh I tenho-a contado eia, porém sem grande desenvolvimento. por nada, qu ando era preciso passar a no i– Elle li nha pas.ado a vida de estudanteco- te no baile e t rabalhar de dia como u m mo um louco, frequentanuo bailrs e thea- carrasco ! 5eria pois desagradavel pen ar tros, scg_uindo os costumes do meio mun- nisto quando se t rata de obedecer a Deos. do, e m1sturando em todas essas devassi- -· Mas emfim, donde vos vem essa vo– dões do coração e do espírito um fundo de cação 'I razão_, e prova de bom senso que surpre- - Eis a cousa, Edgard, não canso em a hcnc11a todos os seus collegas. Hans, di- contar aos que me conhecem desde o tem– ziam elles, devia morrer no hosvital ou po de meus enos; ao menos lhe dovo mui– no claustro. to a emenda de todos os 1:)eus escandalos . Edgard Farell encontrou difflcilmente a Era um peccador, e um rnsensato . Parto residencia de seu antigo amigo. Quando u m dia de Paris para um castello do con– ellc entrou, depois de ter batido, mas sem torno onue dev ia achar-se n umerosa e q_u~ o_mandas cm, viu o joven pintor rrua- louca companhia..Chego ; H)e fizer am re– s1 ae .10P.lllos diante d'um qnadro de Chris- presentar a c0medrn, nem se1 q ual drama 1 no tumulo de Philippe de Champaig-ne, jocoso de Scr1be; repres nto- a com enlevo e r omo que absorto em muda contempla- e ardor; ap_plaud irum-me muito e eu t i ve ~~o. Aofficina estava sem ornato algum. a loucura de ficar con,ten_te.. Mal pensa– i odas ª" estatuas que dantes aformosea- va eu que o bom Oeos 11av1a de recompen– vam, tocla as pinturas que vestiam as sar füo ben:. um a.r de soberba. A' u ma parNles tinh&m <J.esapparccido. 56 existia hoTa _da manhã a sociedade alegre espa– na sala nm grande crucifixo de gesso. lhando-se para tomar um pouco de clescan - - Hans, me r.onheceis? perguntou Ed- o, meu llospedcirn me acompanhou ao gard surprehcndulo do espectaculo que se segundo andar a ui:na velha bibliolhera, Jhe apre~r-'n111va. no meio <la qual se trnha levantado um n.s- •

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