Estrela do Norte 1865
.-1 E!§Tlll!:LLA UU NUR'l'I!, di posta a fazer justiça, esq necendo rnssos annos para ó galardoar v so merito, não hesitou em conceder-vo a honra que tan– to almeja\'eis. Sim, r. Doutor, o novo gráo, que acaba de er- vo conferi do é o justo premio de voc;sos esforço ·, de vossa constante app li– l:ação, devo so merecimento em summa : eu me congratulo cnmvo co 120r a haYer– des recehirlo, e fazendo arden tes \'Oto pa– ra que o saibais aproveitar no interesse da patria e da humanidade, consonti que me congra tu1e tamberu pelo pensamento com os vossos honrados progeni tores, cujo co– rações não podem deixar de estremecer agradavelmen te com a notic ia deste \'Osso assignalado triumpho . Levais comvosco, disse ha pouco, o que de mais nobre e glorioso pódc dar esta Fa– culdade, e nem penseis que obti rn: tes pe– quena recompensa. Não, o gráo de Dou toe em sciencias sociaes e jurídicas, que aca– liai. de receber e de que são svmbolos a hol'la, que vos orna a fronte, e o annel, que vos cinge o dedo, esse gráo, se não dá sci– encia, é ao menos um bello testemunho de que a tendes, e em todo caso nm pode– roso estimulo para que conti nueis a cul– t ival--a. Bem E=ei, Sr. Doutor , que nos tempos qne correm, e d.lante do ma terialismo grossei– ~·o, que por todas as partes acomrnett e m vade nossa sociedade, o gráo que acaba de ~er-:vos conferido hade parecer cousa ins1gmficante, ridicula talvez, áquelles que só tenclo a balança na mão para pesar a pra ta e o ouro, porqne mui tas vezes ven– cl om a co_nscienc~a, só no ou ro e na pra a vêem ob.1~ct~s dignos de estima e apreço. Mas, deixai passar essa turba ignara de espectauores : não vos incommod em seus olhares arrogantes e desdenhosos · não os odieis, :i~na~-os sempre, e em prov~ de vos– sa sup_er10r1dade intellectual não per cais occas1ao de mostrar a luz aos f1Ue a de– _teslam. Sei tam~tlm _que a distincção honorifica, que acaba:s de obter, póde ser tida como ~ousa vã e destitui<la de ímportancia por .,u1u elles que, , costumados a tl'epar pela rc:ada da bajulação, da intriga e do servi- ism_o , pela qual parP,cendo-se subir na r cah d:-ide_se desce, só confiam nestes tris– tes ~xpedientes para alcançar aquillo que o~ tros, presand0 mais sua propria digni– dade, ó esperam de seus talentos e vir– tudes. I> ix_ai ainda que sigam seu caminho es– ses aposta~ts da dignidade humana, não lhes inve.101s oouropel que os adorna nem a•fam:1: fallaz que os acompanha· e n~ vos– so ~atnneLe de es t.udo , coll vers~ncto a sós com es a te teruunhas mudas do passa– do aprendereis a conhecer que só o cami– nho da honra, do talento e da virtude póde condu zirá verdadeira ~loria. Cerrai emfirn os ouvidos á quantos· pu– der dizer em desabono do impor tnn tis~i– mo gráo, que hoj e vo honra, lemh rai- ·os que o doutorado foi sempre tid o l:OO 1O uma das mn.iores digniuades da especie humana, sendo por isso qu e a santa 1/-'Teja cn tholica, no sa mãi e mestra in!'allivel da humanidade, sempre tf:. amante da verãadeira sabedoria, não in lituiu para os grandes sabios do chri t· anismo ou tra aureola, senão aquella que agora vos cir– cumda a fron te. _ão tendes o ou1·O de Creso, nem o po– der de A u;;usto , é verdade; mas por ampla compensação tendes o mesmo t itulo, que outr'oea disti nguiu e ainda hoje lembra os nomes de s. Agostinho , s. Tllomaz de .\.quino, S. Boaventu ra ; nomes esses que, não duvideis, hão de atravess~r todas as idades, SP,mpro acompanhados da Drilhan– te luz, que espargio no mun do a sciencia di rina do Dou tor da Graça, do Doutor An– gelico, do Doutor Seraphico. Indo l>u scar nos fastos da lg-rcja a con- agração do honroso laurel, que d'ora em diante vai cons titu ir vossa maior glol'ia n ão pens;;is, Sr. Doutor , que eu só poss~ encontrar aquella consagração nos gran– des gen ·os do cat holicismo , qw, por excel– lencia se chamam - Dou tores da Igreja. Não, esse titulo glorioso, essa nobre re– compensa com que na so icdade civil tam– br.m se remuneram h oje aos que aifanosa– men te se entregam ao estudo daj urisp rn– dencia, da medicina, das mathema ticas e de ou tros ramos do sabe humano ; esse t itulo glorioso, essa nobre recompensa t em uma origem vardadeiramente eccle– siastica, e são por sua vez uma pro\·a ine– qui voca de que proced em da Ig-reia todas as institu ições grandes e belias, que ve– m@s no mundo. Houve um tempo, Sr. Dou tor, e já na er a christã, em que a Europa j~zencto qua– s1 em trevas, o mundo par ecia voltar ao primitivo cah os, de que a mão do Altissi– mo o h avia tirauo. Com a i nundação dos barbaros na Eu– r opa, declinaram rapidamente os estu dos e a~ sciencias e as let tras tcri~m ue appa~ rec1do da f~ce d~ terra, se nao ach assem seg uro abrigo n aquelles mostei rns d'ou – tr'ora, h_oje tão cal u rn niados, e n'aqu ellas ca as ep1scopaes, que, com o nome de se– mi nurios, Sij.o victimas em nos os dias das mais sacrílegas usurpações. IJ'ah i, desses doces remansos da vicl,L eccesiastica, as lettras e as sciencias como . •, ..
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