Estrela do Norte 1865
I .~ E!ITBEL_L.& DO NORTE. quecida a voz, e a passos largos se appro– ximava a morte. mem o derradeiro somno, tres arvores surgiram. ias an tes de morrer queria ainda Yêr, uma vez só, esses logares testemunhas de sua innocencia e de sua felicidade ; queria murmurar alli, onde peccara, uma ·prece de arpendimento e de perdão ; sol– tar um grito tle dor e deixar cahir uma lagrima dos olhos já embaciados e tuF– vos. Cresceram e tornaram-se frondosas, pendendo-lhes dos ramos os mais formo– sos fructos . Oh ! se lhe fos:;c dado ter essa suprema consolação . . . e o p-obre vefüo morreria abençoando a misericordia infinita do Eterno . Nada era tão bello, tão agradavel á vis– ta - como aquella côr - que se assi rni– lhava ás nuvens do céo em meio de fran– jas de ouro e de rosa, entretanto se o ,·ia– j~nte colhia-os, se faminto leYava-os aos labios, só encontrava podridão e ver– mes. - << Vai, di sse a Seth; e pede ao J\rchan- jo de ~spada chammejante, que me con– ceda ver uma vez os Jogares de onde ba– niu-me a justiça do céo. E as tres arvores cresciam, e os fructos lhe pendiam formosos dos ramos, mas ninguem os colhia, que só tinhão podri– dão e vermes. E Seth partiu . II[ 1 ou'.v iu-o o Arcb.anjo e nos labios pai– rou-lhe um sorriso de compaixão e de pi~dade. Passaram-se os seculos, formaram-se os r einos, edificaram-se cidades, des– moronaram-se imperios, e ac:; ires ano– res - que surgiram do tumulo de Adão, cresciam frondosas e dos ramos lhes pen– diam os fructos. - Não ; r espondeu; veda-o a justiça do Eterno; nem teu pai, nem tu, nem ne– nhum dos teus descendentes entrareis no paraizo terrestre, consolai-vo , porém, porque depois que o Filho do Homem hou– ver triumphado da morte e do peccado, ser- vos-hão franctueadas as portas do céo. E Jerusalcm fôra edificada justamenre a uma milha do logar em crue cresciam as tres arvores cm um sitio que se cha– mava o Golgotha. t;m quanto o Arcli anjo fallava -lança– va Seth os olhos para esse logar de feli– cida_de ede delicias, que seus pais haviam habitarlo. Como era alli tudo bello ! Como suaves as auras que ag-itavam as folhas I Como perfumadas as flores variadas que r,smal– tavam os prados ! Como li dos o· pomos côr de ouro que pendiam das arvores 1 Doce seria a vida alli passada a sombra da.s arvores e ao murmurio suave da lympha que corria 1 - ,1 Ouve, continuou o Archanjo, em breve soará para teu pai a derradeira hora ; aquillo que foi da terra voltará para ella ... aqui estão tres sementes da ar– vore ela sciencia, cujos fructos lhe veda– ra o Eterno provar ; e apenas o espírito se ücsprentler da materia, e hirto e inani– nmdo lho cair o COl'po, deposita-lhe es– tas sementes sob a lingua e sepulta-o com cll s. IV E como convinha aquelle logar para supplicio dos malfeitores, mandou Aris– tohulo que fossem cortadas as tres arvo– res seculares, cujos troncos foram colloca– dos em torno das muralhas da cidade de David. No dia , pois, em que a morte foi con– demnado o Christo, mandaram os prin– cipes da Synagoga que fossem desbasta– dos aquelles trez troncos e que com el– les se formassem o instrumento do sup- plicio. · E a Cruz em que expirou Aquelle que vinha resgatar a humanidade do crime de Adão foi formada da arvore cujofructo trouxera o peccado á t erra, e a obra da regeneração realisou-se no logar cm que r epousavam as cinzas do primeiro pec– cador. Pad re, Francisco Bernal'dino de Souza. (Continuaçüo. ) u A POESIA. Bem tempo havia que Adão voltara á terr de onde havia sahido. Uma grande festa se preparn.va no cas– tello na cidade de Saincngen. A u.ngusLa soberana d'esta parte da Allemanha vi– nha, em poucos dias, isitar as suas ter– ras e habital-a durante a1gumas sema– nas. E Scth fizera o que lhe 01denara o Ar– chanjo. No logar Pm que dormiu. o primeiro ho- As auctoridadcs civis o ccd esíasticas _____ _ _j
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