Estrela do Norte 1865
319 ?f1Hdid -~ fri o. moça levantou-se depressa e cor– reu ao encontro da adolescente Izabel: nossa desgraça, e eis como procuras para nós consolações e doçuras. Mathilde, dize as almas bcmfazfljas de que és mensngei– ra, dize-lhes que eu peç0 á Deos que lhes recompen e todo o bem que cllas no tem já feito. As amigas não se separaram se– não quando o crepusculo as adrnrtiu que era tempo que cada uma voltasse para sua morada. Minha cara Jzabel I diz ella, apertando– lhe as mãos, porque tens o semblante af– flicto: teu pai estaria peior? Ah I sim, l\fath ilde, respondeu a moça inclinando a cabeça. Pobre pai ! clle passou tão mal o dia ... . e depois, o que me opprime ain– da, mmha amiga, é que a mizcria se faz sempre sentir. Dentro em pouco não te– remos mais uom que subsistir. E ir mendigar ... Oh Mathilde I como nos resolveremos á fazel-o ? l\'ós que nunca conhecemos a necessi– dade ; que fomos educadas n'uma modes– ta riqueza ... Uma só cousa nos resta, e eu bemdigo o senhor, é a nossa bella ca– bra. Elias se abraçaram com effusão e pro– rnetteram mutuamente uma proximareu– nião. Ambas sentiam no fundo do seu coração uma bem doce emoção: uma vol– tava consolada, e alegre da felicidade que ia causará seus pais; outra levava o tes– temunho de uma boa acção, e o ineffavcl prazer de ter evitado lagrimas. (Continua .) Va1•ied1ules. MARIVILHOSOS EFFEITOS DA CARIDADE. Um ennucho soffria uma enfermidade, que fez, expellirem-no do imperial pa– lacio da China. Seu leite abundante sustenta meu pai; muitas vezes o reservam para as crian– ças. Eu, e minha mãi dispcnsamol-o de hoa vontade; mas poderemos nós resi5tir muito tempo a tantas privações? ... Iz:1- JJel, interrompeu Mathilde com um tom d'affectuosa censura, quantas vezes te te– ~!10 já pedido para te não abateres as– s1m? Podes duvidar da assistencia de IJeos? Vede, minha cara, é no momento em que pareces desesperar, que te vem s?c9orros: esse saquinho está cheio de pro– v1soes; acha-se ahi tambem dinheiro com o qual poderás ohter o necessario. o pão, a flor, a manteiga, e o chá vem de mamam; o dinh eiro, foi nosso veneravel cura que m'o deu para ti ; elle deu tambem este bello crucifixo e te recommenda guar– dai-o com cuidado. Agora, que dizes tu Jzabel? Devemos deixar-nos levar pelo desanimo quando um terno pai vella so– bre nós do alto do céo? - Izabel conside– rava todos esses soccorros que lhe eram ~nviados: a pobre moça ficava muda de rnternecimento. Este miseravel não tendo recurso al– gum não s:Jbia onde iria asylar-se. Duas excellentes viuvas christãs que mal po– diam sustentar-se com seu trabalho, re– colheram-no. E para que nada faltasse– lhes diminuíam seu alimento e velavam sobre elle de dia e de noite. Sua intenção era converte-lo. Depois de tres mezes de Oh ! Mathilde ! exclamou ella derra– mando lagrimas, como pod erei eu expri– mir-te meu reconhecimento? l\lathilde, qnanto és boa I Nós teremos para comer esta tarde ... Possa Doos recompensar-te, generosa amiga l ... Silencio! diz Mathilde, pondo sua de– licada mão na boca de Izabel, corando de modestia; não quero que me louves : não o mereço. o que é que posso por mim mesma? Nada absolutamente. Encarre– garam-me de tudo isto para teus pais; e se me foi permettído trazert'o porque n ão gosarei do mais íntimo prazer? cara _Ma– tbilde, insistiu a moça, n ão me prol11~~s de te agradecer : eu sei com que sollic1- tude procuras o nosso bem estar. Tu nos recordas a tua caritativa mãi; tu fü0es a ten digno pastor uma tocante narraçao do tantos cuidados atreveram-se a dizer-lhe uma palavra sobre a Religião. o infiel en– nucho cnfureceu-s , como se delle apos– sasse-se o demonio. Vomitou contra suas bemfeitoras injurias as mais atrozes, e saiu bruscamente ameaçando-as de ir ac– cusa-las de serem christãs. Ellas a nada r esponderam uma.palavra e aterradas vi– veram mais de um mez. Então tendo o ennucho consumido o pouco, que lhe restava, viu-se na necessidade d, recorrer a caridade das viuva , que recoueram-no com a mesma bondade e lhe prestaram os ruesmos serviços. O ennucllo maravilha– do não pôde a isto r esistir e lhes disse: Não é v~rda~eira Relig!ão senão a que poude vos rnsp1rarossent1mentos que jáa muito sou obrigado a admirar em vós. Instrui– me eu conheço que morrerei cedo. Que– ro ser christão e morrer como vós na gra– ça do Senhor do céo. » Ellas o instruíram elle foi baptisado, e pouco tempo depoi~ morreu com grandes sentimentos de pie– dade. ( 'ft'ltd.)
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