Estrela do Norte 1865
:4. E!!i'J.'llELL& DO NOK'ii'lt'.. :allar e para calar 1 diz a Escrip tu ra . Fal– larei ; porque é precisamen te no momen– to, em que o Soberano Pontífice é at'lcado com a maior indignidade, que me julgo feliz, o mais feliz de todos, por lhe poder dar um novo testemunho de minha ve– neração, de meu dedicado affecto, de mi– nha submissão e piedade filial. Os escriptores, que deveriam calar-se, faUaram primeiro ; é justo, que aqueUes, :i. quem desde o principio deveriam ter deixado fallar, quebrem agora o silencio. Creio, que chegou o momento de dizer a todos alguma cousa util. _H~ quem diga, que as palavras do Papa sao rnopportunas. Enganam-se na quali– ficação. Importunas é que querem dizer . Em verdade q e as advertencias, e as ex– hortações da Igreja são impor tunas. A Igreja, desde S. Pedro e S. Paulo, está encarregada de importunar o mundo e de orepreh 0 nder. Os homens assemelham– se muitas vezes ás creanças. Enfadam- nos as reprehensões, porque lhes são obsta– cu lo. isso está a gloria do Christianis– mo. Depois que elle appareceu no mun– do, o mal não foi vencido, mas tambem não anda socegado ; é-lhe prohibido rei– nar em paz. Convenho, pois, em que as palavras do Papa são importunas ; ellasencommodam– vos, inquietam-vos, exasperam-vos. Mas de que lado está o direito, a verd ade e a razão '? Cumpre examinar isto. não aos jornalistas, nem mesmo aos sim– ples fieis mas aos Bispos : ora aconteceu precisamente, serem subtrahidos aos Bis– pos, e dados em pasto aos jornalistas . ~1 as, entendam-me bem, e não vão além do meu pensamento. A minha in– tenção não ó desdenhar da imprensa. Ninguem, mais do que eu, reconhece, a par de se 1s perigos e de seu irresisti– vel e inevi tavel poder, as suas vanta-– gens ; ninguem principalmente professa uma sympathia mais sincera ]JOr tantos generosos escriptores, que, a despeito de todas as peias e de todos os perigos, se dedicam corajosamente na imprensa reli– giosa ao serviço da sociedade eda religião. Mas, emfim, que tam feito a maior par– te dos jornalistas'? Tem dito á porfia, na trad ucção da Encyclica e do Syllabus, con– tra-sensos e contra-nom-sensos, e, for– çoso é confessal-o, os ma'is ridículos, os mais inesperados mesmo sobre pontos gravíssimos. E isto não só o Siécle, mas o proprio Journal des Débats, que é de ordinario grammaticalmente, mais seguro do qu~ o Siécle. contei nu traducção da Encvclica e do Syllabus, dada pelo Joumal des Débats, mais de setenta contra-sensos. • ora, se o Journal des Débats foi tão lon– ge o que não terá feito o Siécle '? r ermittam-me a citação de alguns exemplos. Antes de t udo direi, que, na temeraria precipitação, com que tem sido a tacada a Encyclica, tivemos um dos mais admi– raveis exemplos deste grande ardor , que nos caracterisa e a que os italianos cha– mar am - fiiria fr ancese - que é certa– mente muito boa para ganhar batalhas de Solferi no , mas que o é muito pouco para'. in terpretar Encyclicas: Aconteceu , o qu e devia acontecer . Fazem condemnar ao Papa a immuta– bilidade divina, traduzindo por « immu– tavel » a expressão latina im11mtationibus obnoxium, que sign ifica precisamente o contrario. (Prop. I.) Fazem-lhe stygmat isar , como um erro esta elementar e eviden te verdade qu~ u eos está em toda parte, em torlas as Cl'e– at uras--j trad uzindo : « Deos está no ho– mem e no mundo» , isto onde o Papa mostrando e fulminando o monstruos~ erro pantheisti co, o Perpetuo forma- se, de Renan e outros, condern na os que dizem : .Deus fi,t in hom·ine et in mi.indo, « Deos, faz– se no homem e no mundo. « ( Prop. 2..) o Sr. Minis tro dos negocios estrangei– ros queixava-se em uma de suas notas diplomaticas, por lerem en tre as li nhas de seus despachos , o que lá não estava; tamb_eil:, agora r econhecerá, tenho essa conv1cçao, que devera temer-se o mesmo perigo P,ar~ um documen to theologico , exp?sto as mterpretraçõec:; ignorantes e apaixonadas da multid ão. ~ Ency_clica não tem sido interpretr a– dll., tem sido desfigurada · e o proprj_o go– v~rno se enganou stranhamente acerca d ella. I os CONTRA-SENSO$ E os CON·rr,A-BOM-SENSOS . Cumpre obser var primeiramente que os d cumentos romanos eram dirigidos, - os erros ácerca da sociedade civil el'rores DE societate <Jivili, tornam-se os er~ ros da sociedade civil. (Titulo do § 6.º ) - Na proposição 39, toma-se reipublicce a cousa publica, pela republica e faz-s~ ~ondemnar ao Papa o estado republicano, no que de certo elle nunca pensou . - Quero cr er, que foi um erro de co– pista o seguinte contra-senso : Episcopis fas non est vcl ipsas litteras apostolicas pro– mulgal'e : n Os Bispos não tem o direito de promulgar as suas letras apostolicas. >1 Porém na proposição relativa á nome-
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