Estrela do Norte 1865
tido nas trevas , não vi a, minha boa mãi, e vos occultava a dorqi.10 me causava uma tal privaç~o. .Oh I se vos ped issem qual– quer sacr1fic10 por paga de minha cu– ra, não teríeis animo de cons11mmal-u? Se vos dissessem : ,, Deixai nudhof, e José verá . ,, UisiLari eis um só ins tante, mi– nha mfü? pois bem I lloj e, vos peço, ten– de coragem : trabalharei com tanta felici– dade para vós. Nada mo desanimará; terei orgulho em ganhar-vos o pão de cada dia. Quando Deos me resLituiu a saude ea vis– ta, não dissestes no auge de vossa alegria: ccSenbor, eu vos offereço todas as minhas affliccões para o futuro, em troca do bene– ficio que acabaes de me conceder»"? Não es tej amos em desacordo com nosco mes– mos, minha boa e cara mãi; vós como eu t:emos recebido todas as provas, que agradara a Deos nos enviar; sujeitemo– nos : nossa resignação nos merecerá o ter– mo de muitos males. Margarida olhou o filho ; a voz amada do José tinha tanto poder sobre sua alma: acabava de -lhe reco rdar os desgostos que o céo tinha feit.o cessar, e era tão verda– deiro que para obter a cura de seu filho, teria, a pouco ainda consentido sem he– sitar a tornar-se pobre, miseravel, cega mesmo, sem proferir um ai; teria deixado seu caro lludhof e habitado o ultimo dos retiros. - Menino, disse com oxforço a desafor– tunada mulhor,fmenino, não ouso crer-te. E' impossível que renuncies assim a tua independencia, ao futuro qu e com direito esperavas; não pódes acceitar , em t~ia i~a– de a perspectiva dolorosa da m1Ser1a: Oh! não , meu José, isto não póde ser ; es– forças-te para me obrigará crer em uma rcsignasão heroica. lizes em reunir-nos; o nossa existencia passará mais agradavcl que hoj e. -Caro Jos6 terias razüo se ti vessemos recurso algum ; mas tu sabes bom, me– nino, que até acrui eu não tenho podido fozer economias: deverás trabalhar, e eu não tenho pensado mandar-te ensinar um officio. - Sei que ou devorei me cmpregar bem ; mas não temo o trabalho , vós o sabeis, minha mJi, oh ! eu vos peço, concordai comig:o : vos o vereis, jamais nada vos faltara. Margarida, com a cabeça apoiada nas mãos ficou pensantiva ;. um violento com– bate se travava em seu coração : era por seu filho sobretudo que ella soffl'ia infa– dos impostos pela sorte, e este menino dava prova do uma força de caracter su– perior á toda admiração. Jamais elle lhe dissimulou a verdade; e, neste momento, lhe diz com tranquillidadc e simplicida– de que della só depende toda felicidade que lhe foi dada para gozar. Não haveria crueldade em mostrar-se fraca e desani– mada em presença de um tal filho? neu– nindo então toda energia que se póde achar em uma fé profunda, l\largarida le– vantou a fronte, tomou em seus braços a cabeça de José e com accento de uma dor comprimida exclamou : -Não quero ter menos coragem que tu, o José meu uni co tbesouro sobre a terra 1 Depois ele me ter entregue a um cruel aba~ timento, me levanto dig·na de meu filho . Desde hoj e acccito o sacriflcio por mais· doloroso que soja; sujeitar-me-h ei aos de– cretos da providen cia, e prometto que, nunca mais um ai roçará meus labios, pelo objocto de nossa querida fazenda. ' Depois precipitando-se de joelhos a infe– liz mulher continuou: -Minha boa mãi, disse José sorr indo– se vos asseguro que 6 com todo gosto que m~ suj eito á vontade divina. Uma só couza me desesperaria, seria es tar separado de vós. Assim, se fü:ar~osjunt?s muito tem– po, mãi, eu não serei verdadeiramente des- graçado. Depois, seguran~o de nov? com a_rdor as mãos tremulas de Margarida, contmou -dizendo : -Escutai, cara JI1ãi, nosso estado não parece tão extremo corno pensaes; eu ou– zaria quasi dizer que ello offerece reaes atractivos para mim. A' frente d~ uma herdade tendes muitas vezes cuidados que não'vossobrecarregarão em uma con– di ção mais modesta. Nós compraremos uma cas inha; terei cuid ado de ~odea-la do flores de que vós mais gostais; . cul– ti varei o jardim, e vós vos occupareis da .e.asa. Nas horas de descanço seremos fe- -íludhof, adeus; morada tão cara de meu coração, agradavel hal1itação onde eu espera,a morrer 11m paz, adeu:s ! Rei– naldo teve tantos cuidados para te cons– truir; julgava tambem deixar-te á nossq filho ; Deos decidiu differentemente ; eu não murmuro. Não poderei mais vellar cm tua conservação ; com novos donos t:J.lvez mostrarás mais luxo; porém o ele– gante aceio que todos amavam, o -conser– varás tu , pobre Rudhof, que devo dei– xar para sempre ? José e eu te olharemos muitas vezes de longe, e tu nos recorda– rás~ nossos mais bollos dia.e . . . Adeus nuahof. Adeus. · · ' E a pie<losa viuva levantou -se. uma força sobrenatural pa_rccia sustel-a. ~n– ch !-1gou os olhos, ~orrm-se para seu tfilho deitou-lhe a benç.ao com l:ITJ terno beijo! José, comprehendendo . ql1e a. .tra.uquilli-
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