Estrela do Norte 1865
:I E~'.l'Ul!:LL1' DO NOll'.l'F., _, &:a f&W #@-WC ,.,. ,..,.,..,.,,... beneficias de sua herdade. a epoca em .que José crescia, e promettia, por sua acti– vidade, tornar-se um excellenlc agricul– tor ; na época cm que ella m"sma não achava mais obstacu!o para vellar em to– dos seus interesses, observa-se que 11ar– garida pensava sériamente para ob ter um arrendamento sem o qual não pod ia ha– ver para ella e o filho verdadeira seguran– ça em Rodhof. Conveio-se que ambos iriam ter com o proprietafr>, e so!licitariam delle o favor, que desejavam tão vivamente. Jacques Blosio era homem já maduro. Sua origem mui pe-bre o tinha obrigado, durante alguns annos, a sujeitar-se ao serviço de criado. Um parente de longe, morrendo sem fi– lhos lhe tinha deixado inopinadamente em herança uma somma assaz considera– vel. Jacques enriquecido repentinamente se tinhajulgadologoum gram senhor, e fazia a seus subditos solirer as humilia– ções que soflrera muitas yezes. ·ao era elle desasizado, e tinha adquerido uma cer ta expericncia para a admioistra\;âO d'uma herdade. Contrario a uma opinião publica, em lugar de se entregar a cultu– ra, tinha feito a compra de nudhof, e com uma criada habi tava uma casa separada de Alpbrunne. Margarida e José exposeram a Blosio o motivo de sua visita, e esperam com an– ciedade a resposta. Depois de um instan – te de reflexão lhes disse elle : -E' si ngu lar; hoje m0smo eu ia á -nudhof, para vos manifestar minha von- tade. Resolvi cazar..,me; a que vai r;er mi– nha companheira não quer uma vida ociosa ; dese,ja que eu seja rendeiro ; eco– mo seu desejo corresponde ao meu, decidi occupar Rudbof. Um raio que rebenta su bitamente não produz effeito semelhante ao que a fria declaração de Blosio fez em Margarida e Josó. Attonita p cr um momento pelo que aca– bava de ouvir, imaginou a infeliz que is to n:1o pa sava d'uma odiosa ameaça. Vós não fallais sériamente, clisse ella; é impossi,·el que tenhaes a i ntenção de lan– çar-me da morada edificada por Reinal– do. Não queirais roubar á esta innocente creatura a co.J;lsolação de habitar ao me– nos onde seu pai morreu .. . E Margarida no desespero apontava para se~ filho que olhava-a com um ar ín– ,quieto. · -:- Sã~ considerações a(que um proprie– t ar~o nao p6de acceder, diz, Blosio. <.;om– . p~·c1 vpssa herct_ad~ por bello preço e bom ,d.inhC.lfQj deseJar1a muito saber porque d veria he~itar cru ando me convém occu– pal-a. E nada vo poderia fazer mudar uma decisão tão cruel? respondeu :llargarida com voz dcsfallecida. Meu José e á sem asylo; até aqui só tenho tido annos de in– fortunios; e pcrava reparar o passado tra– bi lhando com me u fllbo . o· Biosio, não tens compaixão de mim ? - Se eu não me tivesse positiramente fixado neste ponto, pouparia o meio de vos aflligir, respondeu o novo proprietario com um tom levemente commovido. Eu esperava ver-vos mui angustiada; mas é preciso que passemos além. De mais, eu não estou sem interesse em Jo~é ; se elle se conduzir bem, poderemos emprega-lo em Rudhof. o ultimo golpe estava dado. José, o'me– nino inLelligente e zelozo, que Margari– da con tava muito vêr um dia governar em Rudhof, José ahi seri a domestico, oh! pode ella resistir a es te pensamenfo? Não mil vezes não ... Sua razão não resisti– ria a um tal resultado. A infeliz , mais morta que viva, levan– tou-se, saudou em silencio o homem que acabava de dilacerar cruelmente seu co– ração maternal : apoiou-se sobre José e sahiu entregue á uma agonia de que n'ão r;e podia dar uma idéa. Cheg2.dos a sua casa, l\largarida e José fecharam-se em um quarto. o r es to do dia e toda n0ite seguinte foi consagrada, áos prantos e gemidos. Pobre mãi I sua. energia estava em fim destruida, em vis– ta da desgraça que a accommet,tia, porém que anida mais directamente accommet– tia seu fi1ho qucriclo. Foi este que primeiro encarou a situ– ação pc,r um prisma menos triste; n ão, que n ão comprohendesse a importancia elo sa– crificio ; mas o generoso menino dese ja– ria consolar sua mãi; e, para o conseguir teria de descer talvez até á dissimulação' Oh f se Margarida podesse per!'iuadir-s~ de que elle se apartava de Rudhof sem saudades, teria experimentado o r esulta– do . fi las, n ós ,ia o di semos, os sentimen– tos eram perfeitamente os mesmos; a ex– tremosa mãi teria aclvinhado que o filho a induzia em erro. Franco de natureza piedozo como um cherubim, rejeitou log~ este pensamento, e deixou-se guiar Por seu coração tão cheio de amor por esta desafortunada mulher. Prostrando-se à seus pés e lhe peganuo nas mãos disse ternamente: -Mãi ! 6 mãi ! la ncemos um olhar para 0 passado; U?S tornare~os a. ar,ba.r estes dias de ag·omas e solfrimentos, que nos _pesr...vam tão gravemente: eu estava met- •
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