Estrela do Norte 1865
HJ8 .4 t:!!!l'l'llELLA DO ~UA'l'li. da cegueira, e pedia com um _fervo~ cm par, para que a mesma r e~!gnarao en– tras -e no coração da pobre mai. Um dia qu iz cllo até preparar '1arga– rida ao quo julgava uma disposição do Céo : -Sonhei esta noite, disseelle, que á mu i– to tempo es ta rn cego, e conside1·ai, minha mãi,:a sin ""ularidade dos sonhos , cu me achava muito bem. Ora eu es tava alegre e fol gazão :::ninha face brilhava do saude, vos estaveis assen tada á meu lado eu vos sorria, me pareciois muito feliz. Este estra– vao-an te sonho me veio hoje e eu pergun– ta va a mim mesmo se realmente me seria po sível gozar da felicidade es tando pri– vado da vi ta. -Pois bem! crê-lo-bieis vó ? reconhe– cí que a ex istcncia toda me seria tão cara como dan tes. Gom piedade e coragem faz- e sem mu itos esforços o que Deos deter– minou. E' o que me anima a vosso res– peito, caríssima mãi; porque po suindo no maior auge estas du as virtudes pode– reis renunciar a esperança de minha cura , no momento em que tivesse conhecido que é uma decizão do Céo. \largarida não póde mais vencer a emoções dolorosas, que a dominava m ; a– he precipi tadamente da sala e vai fe ichar– se na alcova . Ahi pros trando-se di ante da imageni do He<lemptor, exclamou com e11explicavel agonia : - Senhor! Senhor ! erá um a vizo? José n fi o ha de vê r ma is ! . ua vista es tará ex– t.incta? E eu <;ou tah ez culpada cm cha– mar a um só homem parn tratar d'um orgão tão delicado . . . perdoai- me, meu Deos, se pequei, e n ão moca Lig ueis como mereço ... A infeliz mulher reco rreu á in fo rma– ções, e soube, que á mui tas leguas de Alporunne habita va um occulista celebre•. Este h omem já muito vE>lho, n ão sahia m ais por paga alg uma, o o doente, qual– quer qu e fosse o seu es tado, era obriga– do a ir á sua casa. Margarida n ão podia h esitar a esta con– sideração. Logo na manhãlseguinte partiu com José. Teve ú sna disposição uma car– ! u agcm mui ~ommoda, e o menino via– .iava sem muitos abalos. Chcg1!,dos á _casa do eminente dou tor, Marga ri da foi obr igada a e perar duas bor_as,_que para ella foram dous seculos de arn~c9oes m or taes ; depois das quaes se de– mdma ~a sorte de seu filho. !)_ep_o1s d~ fal so sonho de Josó, a pobre ma~ tmha ,Já _despresado a esperança ; es– tava pers~a<ltda 'Jue uma inflexível sen– tença se ria a decisão do exam e. t::mflm ella Ponde en trar com o filh o, e o doutor comidou-a para dar-lhe touos o prom~nore pos iYeis obre os simptoma que trnh arn preced ido :i.o m:ll e sobre o trato_ q1;1 e se baria se~uido. \l~rgari da se e_xpnmm com uma simplicidade toda rus– llca; mas~~caso é preciso talentos para revelar em s, um mundo de sensiuilidade , elo alfecto, e de amor maternal ? ~luitas vezes o dou tor es tremecendo con tra ua vontade dirigiu um olhar sympatico so– bre esta mulher que expondo com clareza a affeição de seu filho declara \·a totlas as inquietações de sua alma os meiüs que sua_ ~ema prev~nção lh~ inspirara para alhv1ar o n!Tr1 mentos de um ente amatlo , o o ardor com que olla pedia uma decizão faYoravel. (Continua.) 1' A.I' ierl ,u! e . ENTRA O V! l'iliO SAUE A RAZfo . E!)Sina-no~ um apologo judeu , onde os effei los do nnho são or ien tulmente de– lineados, que o patriarcha Noé se tendo afastado um momen to do primeiro pó de uva que_ plan ta1:a, Satan az tranc;por tado de alegrrn. apr-ox1mou- e gr itando: «Cára planta, eu te quero regar! n E foi logo correndo bu scar quat·o animaes diITeren– tes, um cordeiro , um macaco, um leão e u m porco, <Jue dcr;olou- os alternada– mente sobre a cepa , pam que a virtude desse sangue pas a . e a seve e se espa– lhasse pelas vergonteas. Esta operação do demonio tern o succc so que elle espera– va , o sua influencia es tendeu-se a todas as vinhas do mundo dcs~endonles da vinha 1'.e Noó. _Por isso, si o homem bebe um copo de nnho, torna-se acariciador , :un a– YCl; tem a do!,' ura do cordei ro. Dous co– pos o tornam vi vo, alegre ; vai salta ndo o conbele_an do como o macaco. Tres lhe comm um ca m o natural ci o leão ; elle mos– tra-se altivo e i n tractavcl ; quer que tudo lhe ohedeça ; crê-se uma potestade ; diz comsigo mesmo: Quem pódo igualar-me? Quem heherá mais do qu e ou ? perde ~ boro senso ; é incapaz de conduzir-se . rola pelo chão; nada mais 6, do que un~ imJ:?und~ por co . . D'ah í o proverbio dos sab10s: Entra o n n.h o sab e a r azão. D'a~i ta°:Jbem es ta s l ocu ções ; vinho de cordeiro , vmho de macaco, vinho de leão vinho de porcoi_ de qu e ser vem-se os ho~ roens p&ra. q ua uftcar os di ver sos eITeitos da bebida. Di z-se tambom: vinho d 'asno que adormec e torna es tupido; vinho do pêga , que torna fallador, vinho de vea do 1p1e torna tris te e lagrimoso, v inho de ra: .. "
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