Estrela do Norte 1865
.. iWH risão, pl'Íncipalmente em fü1• so· dias. em que vemo a Europa como sob re uma de– •li nação fatal que conduz rapidamente á perdição das almas e à ruina da soi;ieda<le. Gada dia sympton111s espantosos, mas desgraçadamente irrcfuta veis, attestam a " !'a vidade da sitna~·ão. E' verdade quc. aincla se vê reinar na sociedade a ordem ex terior mannte11itla pela força e por antigo habi to . f\'ão se pode negar que se obserrn, de outra par– te, uma cerla prosperidade material e u ma especie de grande associação do gcnero hu– mano. A Europa quase toda es tá sulcada de caminho · de forro, coberta el e II rna rede de te legraphos elec tricos, cheia de irnmcnsos traba lho no quaesbrlJltao genio dasar– tcs e da mecan ·ca. o homem tornou-se $enbor ela matrria elle tem feito senir aos seus usos a luz e a elec lricidade, esses fluidos os mais re– heldes. As cidades aformoseiam-se; pala– cio. sumptuosos se leyantam de todas a partes; os tbeatros se multiplicam, em nenhum seculo se viu tanta nrngnificen– cia tanto esplendor. Ww +;jft Chamado a honra de encerrar as sessões de nossa aca<lcmia, eu e.:n prendi, na 11- ber<lade que me é conced ida (2), r colher para assumplo de meu discurso a solução clt,ste problema : solução, emfim pouco difflcil para um cath olico. Eu não dL i– mulo a mim me mo que tomanJo um tal argumento , exponho-me a cncorrer na qualificação ele pessimista exagerado e in– corrigi vel, todavia, a confianra que te– nho em Yossa sabedori a, em Yossa pie– dade, e no in teresse que todos Lomacs na salvação das almas e em um melhor fu– turo paru. a sociedade me tranqu Ulisa ple– namente. 11ias o qu e é essa magnillcencia, esse es- 11londor, se a vcl'dadc não h abit a no seio dessa.gra nde sociedade embri:,gad;t,de pra– zeres; se u justí!,'a n.Io r eina, se a força 1J1·evalcce e vence sobre o direito; se o mo– Ycl gcl'al é, não o hem comnwm, mas o interesse pa rti cular? Ou. o lisongear-mc que, bem longe do desaprornr-me, achareis pelo contrario, mui opporLuuo q11 e eu me proponha in– vestiga r e escla recer os caracteres o a i;au– sa da enfermidade que evidentemente af– f1ige a sociedade moderna, afi m de indi– car o remedia que me pm·oce ser senão o uni co, ao menos o principal para cura r essa enfermidade; remedi o que a curará. efTecti mm ente quando, como dizia o rr. e - mo Donoso Cortez, todos aqu elles que tem a obrigação e o poder, quizerem sincera o con venicn temeu te applica-lo. Sem outro preambulo eu p rincipio. Examinando sériamente e sem preocu– paç;1o, dia.nte de Doos, e diante dahisloria, o qu ' foi a Europa depois que o Cllris– tianismo nellc fundou a ordem moral e As bellas man eit'as, os exteriores e:,plcn– d idos 1150 são ou lra cousa qu e um vestido de seda tJllC cohrc urna prostituta de;,ca– ratla, um rnarmore lJrunco que serve de tampa a. um feLido scpulchro. . .. ora, quem ou saria dizer qu e as Ynrdacles uüo estão diminuí das entre 0s f11hos dos homeus ? lJUC as noções de bem, dcjusti– ça, de cl!rcito, não estão transto rnadas e confund1d"s? Não ou,·imos uós tudo insullar, tudo lJ!aspheniar, tudo negar, att; o~ dogmHs mai!< augnstos, as ycrdade5 mais. santas, ;i T"'reia o Gllristianismo, o propno neos? ' .Nó/\'~mos as mais a11daciosas violn rõ~s do direito das gentes toler 'l.das o aplaudi– das os Christãos matarem-se deplorave l– me;te uns aos outros na America, na Eu– ropa, nas tres q!:iattas p artes do globo, por opiniões, por vas 1déas, de so~te que pare– ce que n ão ó urna regra de J ust1~1a cons– tante que governa o mundo, mas a fan– te ia variavel dos homens. D'onde vem es te estra nho phenomcno l Como é que a sociedade moderna, tão adi– antada nos progressos de todo o gene_ro, chegou a um .tal gráu de abatimeuLo m– tclleclual e moral? diffnncliH os princípios de sua civilisação, e reflcc tindo no estado em que ella se acha . adnalmente reduzida, ningucm pode i'ecnsar-sc a reconhecer que ella está atacada tla mais gr.1 \·e enfermidade mc– ral e social que jamais houve. Em ou tros tempos, é \'erdadc, h onvo na Eul'opa guerras encarniçadas e san– guinol en tas, ag itações populares que transto rnarnrn mais ou menos a ordem publirn, ·cbismas o h eresias que rasga– ram o i;c io ela esposa rnystica de Jesus Ch 1·istn. C. ra ves desordens, grandes des– g raç;; s ! '\lasse não me engano , nenhum Jes~1 s malcr; pódc comparal'-se quer pela quulidwk, qnor pela exlenção, com aquel– los que agora i nfectam a Europa. Hclativamen te á qwiliclaúe : hoje são ata– cados todos os princípios de ordem, do autoridade, de reli g ião, de propri dade qu e constituerr a base o o fundamento da socied-acle humana Relati vamentc á 1>;1;/ençao : esses males não são como autr'ora, limitados a uma parte do gloho, a um r eino ou a urna (2) O discurso de cnc rramcnlo ar, im como o de abertura das ses ões annuaes da Academia é serupre deixado á lirre e~CQlha. do orador.
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