Estrela do Norte 1865
.-11 E~TUELLA DO .NOllT E, r. eentrando em casa do marquez, Rosa– lia declarou-lhe formalmen te que tinha projectado seguir aJeronimo nas galé . O sr. Antonio com surpreza e admira– rão escutou a joYcn. Victor ia ficou como fulminada por um raio . Todo o encanto que podem ter as pro– messas br ilhan tes, a amizade e assu pplicas foi empregado para di suadir a Rosalia; mas esta ficou inabalavcl. A' tudo que se lhe dizia só dava de re posta estas pa– lavras simples e tocantes: - Elle é meu pai 1 Quando o marquez reconheceu emfim que era inutil a resistencia, e que a po– bre victima bem decid ida e tava ao sa– crificio, mandou chamar o capitão do na– vio que devia transportar os forçados ao lu– gar de seu destino, e recommendou-lhe vi vamente Rosalia. A au thorisação de se– guir o pai devia vir do vice-rei mesmo. O senhor Antonio, decidido â fazer tudo por esta h eroína do amor filial, julgou de– ver auxilial-a em dedicação tão su blime. ollicitou e obteve o favor que pedia. Ter_rivel ~oi o momen to da separação. ~osalla de1Xou seus nobres bemfeitores, mvocando sobre elles todas as bençãos do céo. Victoria ficou inconsolavel ; era um espectaculo enternecedor vêr esta no– b_re donzella, na cida no meio da apulen– cra, educada á sorruira de gloriosos bra– sões, estendendo os braços á uma desven– turada, á filha d'um assassino á uma ín– fima creat~ra q~e partia ... pdra as galés ! Quem _pode pmtar a profunda emoção de Rosalia, quando o capitão do navio to– mou-a pela mão e a conduziu ao meio dos presos ? ... Tremendo olh ava ella 11.:tra elles carre– gad os de ferros e com as mão alge~adas. Era entre este~ bandidos da sociedade en– tre cst~s ~adrõcs, _scelarados, matadores que a _tnmda menrna procurava seu pai ! Ao av1stal-o uma espada aguda e pcne– Lrante pareceu transpassar-lhe o seio. P_9routro lado, como imaginar a admi – raçao, o pasmo de todos estes homen s, vendo ch egar uma deli cada e mod es ta ~oça cu,!n.s mancüas todos tes temu nha– vao halJ!Los ~a boa sociedade ! Approxi– mou-se Rosalia ele Jeronimo que es tava ª ·sentado ao pé d' um padre' com o qual con versa V" ' - 1\fosali: ·, disse ellc com emoção que vens azer aqu i? ' P· t· · -:-- ar lClfll r ele vosso captiveiro, meu pai.' r~s~ 0 1'.<1 ~~1 es ta ; fi co para consolar– '\tos n a affitc<.<Lo, pura. servir-vos para ser vossa filh a oJJ clien te ' -Filha! filha l ex. ·lâmou elle com trans- porte, t u não tens força · suficientes para supportar esta condição; não sabes quan– to ella é penosa? Eu , stou expiando meu crime; mas tu , que fizeste? Volta ~olta Rosalia: ainda é tempo. Eu te rdgo ! .. '. - Nunca ! respondeu ella com ferrnr ; eu fico : o que resolvi, resolvi. Jeronimo olhou para a filha. A animação de seus olhos a côr febril que coloria-lhe as faces empallidecicl as pelo sofl'rirnento e pela vergonha, erãopro– vas bastan tes da resolução energica que a guiava. -Rosalia, disse elle desvanecido, tu és uma menina corajosa; nunca pensaria que ti vesse tan ta fir meza de caracter. En tão o padre, dirigindo-se affectuosa– mente á donzella, disse-lhe; - Não me conheceis, nosalia ? - Padre Benedicto I exclamou ella com alegria ; meu generoso salvador? q uão bom é Deos por ter-vos aqui trazido ! Era o r elisioso que tinha salvado a Ho– sali a da morte, t irando-a do fundo do precipício . -Tambem eu , r espondeu ofranciscano, dou graças ao céo que n os r eune. ão po– nho duvida em que vosso pai cede ás nos– sas su pplicas e se converta para Deos. S6 cm Deos poderá elle achar a calma e ener– gia de que terá necessidade para satisfa– zer à justiça humana. Possa elle brevemente comprehender que olferecendo ao Senhor trabalhos ine– vitaveis, aj u nta u m theso uro para a eter– nidade 1 o signal da par tida foi dado . Rosalia _po ndo-se em pé sobre a coberta do navio, volveu os olhos para Palermo, onde dei xava aquelles que com tanta ter– nu ra amava . o bservou tambem o h orizon te vo lan – do-:se para a parte de seu conven to tão sau doso, onde es tava sua segu nda mfü.:, a digna superiora de Monica. Quando emflm perdeu de vis~a a cid~– de, olhou t ri stemente para a l';OID~nc1- dade do oceano, sobre o q ual devia viver , e morrer tal vez 1 • Depois observou de longe seu pai e~cu– deado · e algumas lagrimas se lh e desh sa– ram a~ longo das faces pallidas ! - Quan to abençoar ia minha sorte, di– zia eila com angustia se elle podcsse ser salvo, e se acceitasserh minha vida em troca da sua 1 Quando esles pensamentos lh e assalta– vam a imaginação , a imagem doce e con– soladora de su a mãi veio sorr ir-l he e r ea– nimar-lhe a energia. Notando o padre Be– nedi to a preoccuvação de Hosalia appr o– xtmou -so della e procurou distrahil-a. 1
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