Estrela do Norte 1865

tGG .4. l!:S'.l'RELLA. DO NORTE, por ta, con tanto que tenha minha filha ... lia annos que so!Iro todo gencro de priva– ções; a fome, a sede, a nudez. Trabalhei; mendiguei para realisar e te dinheiro, no qual não tocaria ainda mesmo que so nbesse que morreriaá mingua! EU-o pois! entre– gar-me-has tu minha filha? ... · -Tua filha, responde n Nicolas sorrin– do-se, e apoderando-se da bolsa, que pro– curava esconder, tua filha? ... já mor– reu. -Ja morreu! exclamou Jeronimo, e os braços lhe cahiram com inercia ao lon– go do corpo tremente; morta! murmurou ainda. O' m1zeravel, quem sabe não a as– sassinaste ... E tomando com rapidez do raio uma cadeira que estava á seu alcance, tão vio– lenta pancada deu emNicolas, que o estirou de comprido, sem que al~uem tivesse tem po de segural-o. -E' expiação de meu crime, suspirou o gatuno com voz desfallecida. Jeronimo lançou-se na rua e fugiu. Era justamente o momento que vinha pas– sando o sr. Antonio, Já a multidão ro– deava a casa, theatro do crime que aca– bava de commetter-se, e os mais corajosos perseguiam o agressor. Prenderam-no mesmo ao pé da carroagem do marquez. Atemorisadas delJruçavam-se as duas mo– ças, mas Rosalia cahiu de costas com indi– sivel movimento de angustia. A desgraçada tinha reconhecido o pae ! Deu um grito e avançou de novo para a portinhola, estendeu os braços áquelle que arrastavam . Foi Rosalia transportada em e:;tado inquietador para o palacio em que habitava em Palermo seu protcctor. Foram-11lc prodigalisados tndos os cuida– dos que sua posição exigia, e que se de– via esperar d_a affeição que lhe votavam. Voltando á s1 a pobre, cheia de dôr e de vergonha, contou gue o homem que aca– b~va~ de arrastar á prisão era seu pai! Victoria rompeu em soluços. o marquez e a marquez_a fizeram quanto podiam para dessuad!r a pobre menina. Suppu– nham elles mesmo que, perseguida á tan– tos ann?s por dolorosos pensamentos, ti– nha cedido ~ uma_allucinação 1 Mas Rosaha sabia bem que não estava enganada. · -Meu pai, meu pai, um criminoso ! murmurava. ella lastimosamente. E isto po_r tulpa_mmha. Eu devia procura-lo : ~ 10 ª °:1ª 8 m'o tinha prescrip to .... Oh 81 eu eSLivesse ao pé delle meu pai teria talvez voltado ao hem 1 ' ~ mar~uez, cedendo ás supplicas de Ro– saha, se informou do nome do culpado. Ah ! bem fu ndadas eram as tristes previ- sões de sua protegida! Era Jeronimo quem tinha dado uma pancad:1 mortal! r ão embaraçando ajustiça indagação alguma, devia ser rapida a marcha do processo. Com e!Ieito; ao cabo de dias, Jeronimo foi condemnado a morte ! ... O marquez Antonio deu es ta triste no– ticia á Rosalia, testemunhando-lhe a mais viva compaixão, e pedindo-lhe ao mesmo tempo que se resignasse. Lançou-se a desgraçada aos joelhos do marquez, e, de pois de ter reccorrido á tudo que de mais pathetico e solemne pode inspirar o amor filial emcircumstancia tam dolorosa, con– jurou-o que uzasse da grande 1n0uencia que tinha para salvar seu pai. Victoria, a amiga dedicada e sympathi– ca prostrou-se tambem aos pés do nobre marquez. Vencido este pelas rogati vas das duas donzellas, foi ter com o vice-rei que, de– pois de longas instancias da parte do se– nhor Antonio, tomou em consideração os motivos que tinham impellido o culpado, commutou a pena de mor te na das galés. Jeronimo podia vi ver, mas condemnado ás galés ! Não importa. A generosa Ros~lia rece– beu este favor com lagrimas de reconhe– cimento. Quiz logo ir ter com o pai, que até en– tão ignorava o segredo. Em vão tinha Jeronimo ouvido repetir que a filha vivia; obstinava-se á não crel-o: assim, quando chegou o momento da entrevista julgou-se prudent_e que nm padre fosse prevenir o prisionell'o ; .~1as só cessou a incredulidade deste ultimo quando o ministro de Deos, tendo-se se– parado delle, vol_tou ac~mpanhado de nosalia. Quando vrn sua mteressant~ fi– lha, apertando-lhe ternam~nte as mao~, e sorrindo-se por entre lagnmas, Jerom– mo exclamou: -Rosalia, minha filha , eis-te emfim ! quão feliz sou eu de ver-te I co~o estás grande, minha filha ! Nicolas p01s men– tiu. Disse-me que eras morta. Conta-me todo que se passou desde que nos aparta- mos. . A piedosa menina obedeceu a_seu pai, e fez-lhe candidamente a narraçao de seus soffrimentos. Jeronimo dou gritos de alegria sabendo o que por sua filha se tinha dig~ado fazer a Providencia· mas voltando tnstemente aos pormenor~s terríveis do procedimen- to de Nicolas, disse : . - Mereceu seu castigo : morro feliz e contente. -Não morrereis, meu pai, disse Rosalia, abraçando-o: oh I não, n ão morrereis. Meu

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