Estrela do Norte 1865
..1. .l!'.§ '.i'llELLA DO SOU'I'E . palmente qu ando vês qu anto a morte de leu pai me tornou desgraçada. E :\Jargarida se prostava humild.irnen– te para pedir ao Senhor a reali a e aquil– lo que ihe prometia o docil menino. José tinha feito ua primeira cornmu– nhão . A oste actorespeitavel da vida eile mostraYa- se de maneira á excitar d ud– miração dos espectadores : e tes ficaram tocados da edificante piedade do joven commungante ; e Margarida quasi cheia de orgulho á vista deste filho que lb E: da– va tan tas consolações, parecia feliz neste dia. Dizia ella com humildade: - Deos me enviou grandes provações, masmeconcedeu um verdadeiro thesouro: oaffligir-me ai nda seria offende-lo e des– conhecer sua bondade. José obser va todas as minhas sensações : não quero que a menor sombra de tristeza passe por mi– nha fron te, afim de deixar a meu filho toda fel~cidade que lhe causa e5te grande acontecimento da sua primeira commu– nhão. De sua parte, o menino recolhendo-se ao seu quartopara dorrnir , tinha-se ajoe– lhado para ped ir a benção de Margarida dizendo-lhe: -O' minha boa mãi ! este dia tem me causado tanta alegria ; tenho conhecido que não haveis tido pensamentos som– brios, e isto me faz tan to bem I Junto a sagrada meza prometti ser obediente e respeitoso, ajudar- vos em todas vossas ne– cessidades, e se até fosse preciso carre– gar- vos cm meus hombros para 'provar– vos a força de meu amor . penas t inha decorrido nm mez depois des la cpo~a, qu~ndo di scr~m á Magarida , lflle seu filho trnha adoec ido repentina– mente na es~~la. Como_imaginar a agonia da pobre ma1? Ella nao teve força de cor– rer ao encontro d'aquclle , que traziam seu ~lho, envolvido em um cabertor de lã. Pal– l1da c tremula esperava exagerando ades– graça. que a ameaçava. Joscestava affectarto com uma febre vio– lenta. _o mctlico que fo i bamaclo ordenou a maiores a ltcnçõcs e n f o atreveu-sB á re::;po_ndcr_ pela cura. M:ll'garida louca de ag-onia, n:i.o deixava a cabeceira do doen– te; orava, chorava, gemia proc1iga.lisava amoro ·os DOJ?~S á ~eu fill10, que, c1omi– !1ªªº pelo delmo, so l'esponclia palavras mcohc.rcntcs . ... O pcri.(fo foi iminente durante trez se– manas, finalmente o menino adormeceu e _uma pala:vr?- <lc esperança sabiu dos la.~ bws do medH·o, !\largarida lançou-se á seu lllho, abr:ir:ou-o, estendeo aii mãos para o céo, e su Deus :pMc comprehender o que oeste momento se passou, na al ma des ta pobre mulher. Jo é acordando lancou suas vi~ta cm torno de si, e com u m· tom cheio de ter– nura disse: - Onde está minha miii? Margarida se tinha occultado atraz da cortina para evitar ao doente a mais leve emoção; porém a estas palavras de seu fi– lho, ella sac, e no risco de ser impruden– te, derige-sc ao leito , exclamando : - Eu e tou aqui, meu José I meu ama– do anjo . . . Não to desamparei durante teus longos soffrimen tos . . . O' José, me conheces : espero agora que - assa Senho– ra te conservará jun to a mim . - Cara mãi I diz o men ino com voz dc– bil como estaes pallida e desfigurada. Tambem tendes soffrido cruelmente, não é assim? -So!frido 1•• quem saberá os tormen tos que tenho padeci~o 1._. • Ter_nia perder– te, e mil vezes dana mmha ndapara con– servar a tua. José estendeu as mãos á sua mãi . Um vivo rubor cobriu seu rosto, que tornou– se repentinamente livido ; seus olhos se fecharam e grandes círculos, escuros os fizeram parecer mais fundos. E Margari– da soltou um terrí vel grito. - ~leu filho morre 1• •• Sou eu quem o mato! . .. chamaram immediatamente o medico ; este declarou que o doen te estava ~es– maiado unicamen te, e que, ~em duvida, era por causa d'alguma emoçao . A infeliz mulher confessou o qu ~aca ba– va de se passar, exagerando mmto sua pretendida culpa. - · . José tor nou a si, e sua mai._cbma de ale- ria tomou a firme resol_u çao de vencer g s'sentimentos para evitar a r eproduc– s1~ de similhante scena. ç Desde então se poudccrernaconval~cen– cia do menino. s uas forças r_estabel~w.1.m– se pouco á pou co; febre o tmha ~eixado , elle começava a tomar l_eves comidas, ea digestão se efl cctuava facil_m_en te. Poderia pin tar-se a felicidade de Mar– garida? Na pre~ença de Jo~é ella conser– vava-se i mpass1vel, com dlfficuldade ou– zava ella de vez cm quando apertar-lhe a mão, dar-lho u m beij o , mas logo que elle se entregava ao somno, ella dava um li– vre curso as agitações de seu reconheci– mento para com Deos lhc offerecendo to– das as suas affliçõcs, cm troca do favor que lhe concedia. . Havia ch egado o mez de abril ; os be– nefi.cos raios do sol douravam o cume das arvores fru tiferas de lludhof, a.s alvas bo– ninas ornavam as relvas do pomar e as.
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