Estrela do Norte 1865

Je eixo. ; e dow rochedo de espantosa ,)levaçiio, proximo um ao outro e cober– to.· de pinheiros, olfereccm uma estreita pa agem, na qual está a ponte edificad sobre o Gu,emort, que, fazendo um me– < anho mtúrourio, atravessa toda a ex– lcnção do interior do vallc. A meia legua !lestes rochedos come a-se a avistar os apo– sentos que os religioso~ outr'orn occupa– vam . Em vã() se esforçaria aquelle que intentass não experimentar um senti– mento de terror á vista do mosteiro: sé, homens já de alguma sorte iniciados nos mysterios da patria relestial podem ver com olhos tranquillos este retiro profundo e et,;rno. 'ão porque o trabalho e as di– ligencias do. pios cenobitas que ahi se leem enterrado, não tenham' tornado ha– lJitaveis estes lugares : em vez do deserto espantoso e esteril, a que S. Bruno se re– tirou, veem-se terras cultivadas, prados robcrtos de gado e arvoredo alinhado. \li~ quanto _tempo, quanta paciencia não foi necc sana para e1Ieiluar semelhante protli~io I quanto: rochedos derruLados qu antas torrentes desviadas, quantas ter~ rus e pedras transportadas l E ainda se tan– ta industria não tivesse tido que l uctar contra a desgraça! Porém oito vezes con– SU!1)iU o fogo a Cartucha, e oito Yezes are– ed1flr1ram os religiosos, sem se queixarem e sem de-animar. Durante o verão este drs~r to pode ler alguns encantos· porém d~ ~n_verno, no meio das neves, dos pre– c1pic10s e das torrentes, ú a neli"'ião era ca1m1, de fazer supportar a sua ~onida. U1t esciu!(t or e1n Bniliio. .Na \"iUa de na.ião, á margem do formoso rio Tocantins, existe um i ndividuo dll nomeGregorio,origin a1iS$imo na ua ma– neira de viver e dotado de um extraordi– nal'io Lalcnto para a pintura e esculptu ra . Parece ele extrocção índia; nada em seu xtcrior i ndica o mínimo volimento so– cial ; apresenta antes aspecto rnorbido e meio apatetado; falla pouquíssimo e ape– nas se divisa um relampago de i ntclligen– cia no olhar e no sorrir, quando se entra a praticar com elle em cousas de arte. Vive só sem familia alguma, um pouco retirad~ da villa cm uma casinha cober ta de nbá, aberta á todos os ventos, e que lhe serve de atel iei'. Elle mesmo faz a su a co– sinha que é parquíssima, accendendo fo– go no' chão e equilibrando a marmita en– tre a lgumas pedras toscas. Mui~s. vezes, absorvido no seu trabalho art1stico, se tem elle esquecido desse ta~ qual ~reparo culinario; outras, _para ev1_tar as __1mpor– tunarões da rapazrn da v1l1a, s rntern a pelo mato que rodeia a choupana, o lá tra– hallla folgado ,'t sombra do arvoredo, e só quando lhe rn~ e_scaceando a_ l uz sahe a es– pairecer pela v1srnhança_, fcllz de ter avan– çado a factura de uma imagem de Ranta llita que lhe encommcndaram de Moca– julta, ou uma de Nossa Sen_hora do Li vra– mento, ou de Santo Antomo , que tem de enviar para as partes da Cap_ella ou de Cn.– metá. Porque tal é a. rep~_taçao ele que go~a o :'lliguel Angelo de B~Jªº' q~rn das lllU}S remotas paragens do i_?cantrns lhe estao chovendo pedido~, e nao ha po r agu ellcs contornos ora tor 10 a1r-çtJ ~ que se n ao clos– vanoça de possuir 110 m010 de uma m nl– fülão de sanctinhos, de todos os tamanhos e fcitias, algum, ao menos_, ~~hido d? ins– pirado cim.el c'.o ~)O!Il G~ego110 . ~o cmzol, dissemos, mas so por flt')ura, 17o_rqu e Gre– g·orio f:11, todos aqu~lles prodlq·10s de c11 - riosidadc com um s~mplcs ~a_myetc, e on– tros instrumentos 1mperfcitiSJ;1rnos, que si, na infancia da arte se empregavam. A linctassão proparadaseconservadas en 1 O ~laustro e as cellas occupam o espu~o Ll se ts cento<;pés de compl'ido . AF.cellas são em numero de cem, e j uni.os dclles corr:– uma agua limpirla, mas tão friu. como o g~lo . A c~lla de S. Hrimo, que ainda sub– s tsLe, esta a um quarto de legua do mos– teiro. _Ahi se vê uma gruta donde sabe nma fonte das mais agradaveis : foi nes– te lug·ar que o fundador dos Cartuchos se e:;t~Leleccu com seus discipn los ; porem a Y_1srnhança das montanhas, unicta aos pe– ngos qne o derretimento das noves e o '.le~morunamento dos rorhedos pod iam fa– zei correr n.os seus succcssorcs, os dicidi– rnm a csl,tbl:lecer-sc no meio do deser to . Lr~ 1 a co~1s.'.1. bem noln.vcl é que a parte ' 1~ l\solt(!ao, que occupa cinco quartos de le,., ua e onde se veem os mais hellos horrnre., <-, Lem como a sua entrada fe– dmtla P_<Jr dons enormes rochedos. À al-· gum,trli: tanciadestés rochedos se reunem CI~;, \ 1ll_l me. mo loito toda~ as aguas que, Jl, ,ciyil,LJ1do-se r,om ternvel C'slampido fo'. 11 ~ª? 11 111,t r·ascata mage~to a que ler~ 1n1,i.\.i.,'tdml_1·, 1 ,\,•hncnte agranrle sccna q11e pequenas conchas d? sarnan\bY; do p~llo de animaes domest1cos fab r 1ca o artista seus pinceis, cuja ldeli cadezFI se não desmen te n'uma só dobro. da roupagem de seu s sanrlos, ornadas sempre de rami – nhos e arabescos lindíssimos. No seu ute– lier, onde reina essa bella ~esor?em, qu e, como diz o poeta, ó um e~elio d ar te, pa.ra. n ão dizer defeito de art1s_ta ( que artis ta, verdadeiro o genuíno artista 6 n este par– licul ar o bom G :eg.orio ) \ um gosto \' Or – se, n:li 11rn tronco já meio afeiçoa<lo om cstat ua , acolá nns eshor,os desprosa11os, o \ J,IJ,llt li" ,tr,tl,a dP ,,oz:i.r. ( E:I.J.)

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