Estrela do Norte 1865
186 .1. ESTBELL.I. DO NORTE, Como, ó morte, te atreveste A ferir teu Creador, E no calix lhe fizeste Provar do teu amargor? 1 Vós, ethereos habitantes, Nas aureas azas brilhantes Não velastes os semàlantes Por não ver tamanho horror? 1.. Dize tu, povo deicida, Que obrigado foste á crer Quando a terra commovida Sentiste á teus pés tremer, Como viste a natureza Envolta em negra tristeza, Perder da face a belleza ; Dos olhos pranto verter 1•.•. Dize como o sol dourado, Vendo a Eterna luz fugir, D'escura nevoa enlutado No céo deixou de luzir 1 Como a lua denegrida, De cor sanguínea , 1 estida, Tendo a luz alma perdida Viste tetrica surgir 1•.• Dize como do Calvario O rochedo se fendeu, E patente o sanctuario Ficúll, rasgando-se o véo 1 como as campas levantadas Deixaram ver as ossadas, E ás cinzas nellas fechadas Subito a vida volveu 1..• Dize como os teus ministros Vagaram, de horror contrictos, Do céo aos clarões sinistros, Da turba por entre os gritos, Quando viram Jeremias, Pallidas faces, sombrias Surgir d'entre as cinzas frias Para accusar seus delictos 1•• , Dize tudo : testemunha Foste de tanto furor, Quando o impio se antepunha Ao justo, em alto clamor l Dize á l.mpiedade descrida Quando ousar entumecida Calcar o - Lenho - em que a vida Deu por nós um Deos de amor 1••• Seminario, t4 de Abril de 186B. OANTA HBLENA MACNO. t::l,roniea Religiosa. A Pastoral de S. Exc. Revma. sobre a educação dos meninos pobres vai sendo publicada pelas. di!ferentes parochias, e em todas produzrndo favora1el impressão. Para aqui tra~ladamos o qne ,acaba de communicar a S. Exc. Revma. o Revd. Vi- gario de Ourém : . u Exm. e Revm. Snr. - Na dominga de Paschoa dei publicidade á Pastoral de v. Exc. Revma de iO de Março do corrente anno; ella foi ouvida com muito agrado pelos moradores desta parochia e eu tenho esperança de fazer boa colheita, tanto que esteja desembaraçado das confissões qua– resmaes. A obra que V. Exc. emprehen– deu da educação dos jovens que aspiram ao sacerdocio para serem educados em di– versos seminarios da Europa é grandiosa é digna, é sancta, é louvavel, e praza à Deos que d'aqui a poucos annos o Pará te– nha entre o seu clero levitas formados que preguem.com franqueza as verdades do E– vangelho aos povos e aos poderes do esta– d~. Exll_l. Sr., qual será o Paraense que nao queira concorrer para uma institui– ção tão sancta, como a de que tracta a Pas– toral de V. Exc. suppracitada; quem dei– xará de conhecer tantos desvellos e cuida– dos que V. Exc. Revma. tem tido a bene– ficio do clero paraense? Eu prometto a V. Exc. Revma. que farei quanto em mim couber para desempenhar o que V. Exc. recommenda na Pastoral referida, e desde já affianço a V. Exc. que os moradores des– ta parochia se encheram de jubilo quan– do ouviram ler a dita P~storál, e suppo– nho que todos concorrerao com suas ofte– rendas de bom grado. n Praza a Deos que todos os Revds. Viga– rios se compenetrem igualme~te da gran– de utilidade da obra da educaçao, e S. Exc. não só possa manter os alumnos que se acham já na Europa, mas_fund~r aqui um asylo de meninos desvalidos, 1déa fecun– da, idéa generosa e santa para cuja reali– sação é necessario que todos concorram. 1'1axi11u1, n1oral, - E' para a religião o sacerdocio o que é a preceptoria para a sciencia, a magis– tratura para a legislação, a medicina pa– ra a economia corporea, a palavra para o pensamento. -Quasi sempre são as autoridades fieis thermometros da moralidade publica. T)'p, da ESTRELLA DO NORTE,
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