Estrela do Norte 1865
A E.:!5iTUD::L.L.& DO NC,ll'l'E. 6:t# tê S • #1 ► 3'JiZ3ltVm': &QM $lJAM- CC ;; E♦ iH zas da j usliça, e obrigar as autoridades ã tleixal-o impune, menos por convicção que po~ foll~ de proYas para perseguil-o. Um me10 fac1l de prover a si e á familia d_? necessario teria elle achado na profis– sao de pescador que exercia, si o não ar– rastasse urna fota! inclinação ao jogo e á bebida : o que com sua industria gran– gea va, di sipava elle da maneira mais culpavel para satisfazer suas paixões; e as im não era rnro que a mizeria se fi– zesse sentir em sua casa, e então sua brutalidade augmentava. Quanto aos vizinhos de Jeronimo o evi– taYam e o temiam, tanto amavam e lastimavam a piedosa Veronica, sua mu– lher. Em tudo contrastava o caracter del– Ja com o do marido; compassiva e boa para com todos, estava sempre disposta a servir e a consolar os afflctos. Impon– do-se um trabalho assíduo, usando da ro<1ioreconomin, procurava ellaremediar as tristes· consequ encias das desordens de Jeronimo. Tendiam sobre tudo seus es– forços a diminuir as privações de sua :filhinha, e a nunca ver-se obrigada á re– correr á piedade dos visinho<:. Era Veronica indicada geralmente como 0 modelo das mulheres: sua doçura, fi– delidade e piedade eram de admirar a to– dos. com a maior resignação supportava ella afilicções, pobreza, e as grosserias de seu marido. sabiam todos n'aldêa o quanto era ella de~graçada, se_m que n1:nca ~he tivessem ouvido proferll' uma s_o queixa. Q_uando commovida da sua la~t!mosa poslçao, lhe dizia ás vezes U'.11ª Vlsmha: _ Mas, Veromca, ~orno podes soffrer tantas dôres, tantas injustiças ? . -Ouando estou prestes a succumb1r ao peso àe meus males, respondia el1a, faço oração, refugio-me nas chagas do Salva– dor divino, e é nellas que acho um con– forto uma graça qu~ me fort~lecem. E misturando entao o. sornso com as lagrimas, apertava _es treitamente ao co– ra ão a g- 6 nt1I Rosalrnha, sua filha. E~ta m~nina branca e pura corno um ly~10, crescia em piedade e doç~ra so)J a e 9 1de maternal e bem cedo amda _aprendla .ª supportar as vicissitudes da v_1da. Os CUI– dados que consagrava Veromca. á s1;a fi- 1ha, 0 desvello com que lh~ 1_nsp1rava sentimentos virtuosos, a docilidade .da innocen to cre::itura, derramavaU?- na _vida desta mulher condemnada a tao misero abandono utn raio de espera_nça o um l'esto de e~er 0 fa . Tinha-se a piedosa Vc– ronica imposto a tarefa de inspirar á su~ filha um sentimento de amor pelo p:11 igual ao que tribu tava a mãi. l\Ietacle tlis- 1\1 to porém, tinha ella podido apena con– seguir, porque este affecto om Ro"alia era sempre acompanhado de temor, e não po– dia sem temer chegar-se ao pescador, quer para abraçal-o, quer para pedir-lhe a benção. Jeronimo de sua parte recebia as cari– cias da filha com uma frieza desesperada; e, por uma brutalidade inaudita, chega– va ás vezes a repellil-a asperamente· lan– çava-se então Rosalia nos braços da' mãi, e com as lagrimas nos olllos lhe dizia : - Meu pai não me quer bem ! Não me tem o mesmo amor que vós. Veronica apertava a filha ao coração, e buscava dar-lhe algum consolo. - Desengana-te, menina, lhe dizia ella, teu pai te ama tanto como eu; elle é que não procura mostrar-te seu affecto; além disso, Rosalia, para lhe provares tua obe– diencia e respeito, não espera que elle te testemunhe seo amor, e pede todos os dias a Nosso Senhor que o abençoe. Tranquilisa·va-se a menina, e promet– tia amar seu pai, e com efieito a ternura della parecia augmentar-se ao contacto da de Veronica. · Era assim que entre mil provações do– lorosas gosavam ainda de alguma paz a mãi e a filha. Ao declinar do dia costumava Veronica ir assentar-se na porta da humilde cho– ça. Este momento, para ella o mais ap– prazivel, era passado em conversar com a filha sobre a bondade grandeza e mi– zericordia de Deos; lembrava-lhe ella as palavras que o padre tinha no domingo pronunciado na igreja, e que se lhe tor– navam o texto d'uma tocante instrucção. Muitas vezes ella conta\la tambem algu– mas dessas historiasinhas simplices, que, divirtindo Rosalia ao mesmo tempo lhe formavam o tenro coração na virtude. A pobre mãi se regosijava com as fe– lizes disposições da filha, com o fervor com que esta menina lhe promettia per– manecer sempre fi el ao que o dever della exigisse ; e como se esta ultima houvesse pressentido toda a importancia de sua promessa para Y.eronica, repetia sobre tu– do que sempre amaria ternamente seu pai. Então a piedosa mulher do intimo d'alma agradecia a Deos. Touavia, no meio destas elfnsões, a boa Veronica lançava ás vezes para o mar magoados olhares .... E' que ella desco– bria de longe a barquinha do pescador ; e pensan:'lo em su_a volta. não podia exi– mir-se d um sentunento de espanto. o endurecimento de Jeronimo causava á pobre mãi os mais_ negros pressenti– mentos : com angustia perguntava com-
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