Estrela do Norte 1865
A. E!!!t'.l'RELL..I. IDO t\'Oll'.l'E. <ladeiramente conrnrtido? t·oderemos li– songear-nos de cntir no Intimo do coração esse ardente amor da justiça, que infiam– mava o corac;ão dos fiéis dos tempos p:-i– milivos? Evitar crimes horri rnis, deixar commcrcios e candalo os, guarda o exte– rior da lei, olJservar certa mediocridade de virLudc; eis aqui a q.ue se reduzem as con er õe dos nossos dia . Xão nos illu– damos, porém, todos os desejos, todos os de vellos de um christão resuscitado de– ,·em dirl""ir-se para o céo: as leituras de pieclade,_a oração, os officios da igreja, as instrucçoes dos pastores, a frequcncia dos ~acrnmentos; eis aqui a delicias do chris– tão 1 e u ciLado. E' Ye1·d~de que a ali:na, que desgrarada– mente esta entregue a corrupção experi– menta mil obstaculos para entrar'em uma nova vida. Umas vezes ella se assusta, te– me a sua fraqueza, as suas affeições a for– ~ª dos seus halJitos, é como que diz :'Quem JJOdcrá levanlar a pedra do sepulchro? Outra ve7.es ella se deixa levar da srcluc– ção d uellcs que, como guardaõ postados á roda elo seu sepulch ro para impedirem, se lhes fos. e possível, o progresso da graça, e oppor-se á gloria da sua resurreição,-se esforçam por lhe apertar as prisões, e pela deter no sepnlchro, apresentando novos aLtractivos á paixão que a domina . Ias ~ almá que sinceramente volta para ocos, rnílammada no fogo que a reanima, rom– JJe por todos os ob_staculos, ro ga a morta– lha que a envolvia, zomha da vigilancia dos seus guarda s, e, á maneira do seu di– vino Lihertador, sahe triumphantc do seu sepulchro. Bem longo que a espantem, cllas a tomam maic; inlredida ; ur;,ida, romo as santas mulheres, pelo ardente dese.1 0 uc encontrar o Sal \'a.dor, que tinha perdido pelo pec~ado, el1a se levanta ape– nas alvorece o dia, aproveita com avidez os primeiros rai~s da graça, e entra com firmeza na carreira da nova vida. ma convertida alfronta tudo ; 1 mhra-se que enLregue outr·ora ao mundo, ella o amou com demasiada sen ibilidade, e en– Yergouhando-se do si me ma, assenta que não deve amar menos a Jesus Christo . com o pensamento sempre cm Der.s, ·ó asp ira ao seu reino, só ouve a sua palavra, só obra pela surr gloria. Eis aqui os signaes não equívocos d.l ,·cr<ladeira conversão, pot· meio da qual en tramos cm uma nova vida. Os Yerdu– deiros penitentes, corno bom nota S. Gre– gorio l'l!agno, sempro foram mais fervoro– sos do g.uc os innocen te ·. A innocencia contempla, possr!e e gosa, e por i ·so todo: os seus actos são pacíficos ; como nunca perdeu a Deos, só necessita de perseveran– ça; como precisa mais de Ct?nserv:ir do que de renovar-se, gosa sem v1olencrn do fru– cto de sua fidelidade, e marcha tranquilhl pelos caminhos da justiça p_or o~de sem– pre se dirigiu : mas a pemtencia, co1:10 volta para Deos de muito longe, n ecessita fazer grandes esforços para o alcançar ; deve recobrar pela impetuosi~lade da _sua carrei ra o que os seus desvarios lhe ~ze- 1;am perder. Aborrecer o peccado n~o é mais do que o principio da conv_ersao, é necessario fazer esforços para salur d~lle. Santo Agostinho estabel?ce. esta maxtma incontesta\·el : « .como dizeis : 1 6s que ten– des dôr, se continuaes a prat1c~r as.mes– mas acções? Conheccr-se-ha a smcendade da vossa dôr, quando se observar em vós uma mudança solida. >> o espírito e o coração é que rc_gulam e determinam todas as nossa~ acçoes; a il- Pam entrarmos, pois, nesta verdadeira l'ida do christão não .bastam simples dese– jos de conversão. E' neccssario sentirmos, como as santas mulhc,rcs, uma impressão trr~a o vehc,mentc. F. neccssario que ex– vcr1me!}temos uma inquietação saudavel uma tnsleza_sanla, por estarmos privados de.Jesus Clmsto. Então o desejo de o pos– snn·. arrebata ~ão fortemente a alma, que so csr1uece de s1 mesma para se unir intei– ramP11l(• a Elle, e despreza tudo para uni– ca111cn Le o ~P.gnir. A' mand ra a·aquellas ffenero~as mulheres nem o amor de um l11mc•sto dr, ·canc;o, nem o mortal adorme– rto1e~to <1ns Pnixõ ~, nem o fantasma do r~~pe~~o ~11\nano são capazes de a deter; v1donosa i.11. t0uo. r t •s olJstacnlo , a ~~ .1 usão d'aquelle e a cor:r~pçuo ~~ste é_ ~_u c impedem a nossa esp11·1tual resurre1ça? , Para conhecermos pois se ten:ios resusc1- tado com Jesus Christo, cxa?1memos se o espírito está illustrado por Elle, se~ cora– ção está purificado pela graça; se.vivemos da fé como o justo, se ella regu l.l os nos– sos juízos, se é a origem dos n?ssos pe~sa– mcnLos; se estamos convenci dos d a m~– tabilidadc elas cousas do mundo, do~ peri– gos que nelle se corre, da corrupçao das suas maximas, da váiclade das suas h ôn- ras; examinemos tudo isto atten tame~te; por quanto, que outra cou sa é resu scitar com Jesus Christo senão abraçar U1:fiª n o– va _yida '? 'O sign~l , porém,_ da vida é a acçao, e pot conseguinte os s1gn aes da no– va vida são novas acçães, nov?s pensamen– tos, novas. vistas-, novos sentimentos , ~o– vos desejos, novos exercícios, novos dis– vellos; de maneira que a santidade da nossa re. urreição n ão consíste . p_recisa – mente em nos corrigirmos dos v1c1os que nos corrompem e nos perdem, mas sim, além de fugirmos do mal, cm praticar.mos
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