Estrela do Norte 1865
it8 .4 ESTllELLA DO NORTE, seu lado, íllnminado pela fé, exclama: <1 Senhor I lembrai-vos de mim no vosso Reino. 11 - Uoje, respondem-lhe os labios moribundos de JEsus, hoje sel'ás commilJO 110 Paraisa ! Finalmente o incredulo Tho– mé vê-o, toca-lhe depois de sua resur– reição ; vencido pela evidencia, cahe a seus pés e exclama : a Mezt Senhor e mezt Deos !- «JEsus longe de o reprehender, louva-o << Tu creste, Thoma::;, porque viste. Feli::.es aquellesque sem terem visto, creram !11 Vêde que linguagem ! que proceder ! que acções ! que omnipotencia I Como se faz chamar Deos ? Como Elle tem d'Elle o tom J os modos I Como reivindica os direitos da divindade, a adoração, a oração, o amor, o sacrificio ! ... Jesus Ckri5to está diante da razão hu– mana como esteve diante de Caiphás no dia de sua Paixão: dizia-lhe o grande sacerdote : <r Em nome de Deos vivo conjuro– te que nos digas se tzt és o Christo, o Filho de Deos ?- «SIM, respondeu JEsus, TU O DIS– SESTE, EU SOU O CHRISTO. n E' necessario crer ott nllo cl'er nestaaffir– mação ; não ha meio termo. Se crêde· , adorai Jesus Christo; é o vos– so Deos; é o que Elle diz que é; é o Fi– lho eterno de Deos vivo, abençoado por todos os seculos dos seculos, e todas as suas palavras, as suas acções, seus mila– gres, seu triumpho explicam-se facilmen– te . . . Nada é impossivel a Doos. Se nã? cred_es, se ousaes dizer que Je– sus Chnsto nao é o que Elle diz ser não podeis vêr n'Elle ( blasphemia que' mal me atrevo a escrever, posto que seja para a confundir) , não podeis vêr n'Elle senão um_ louco ou um impostor. Sim, um louco, se nilo tem a conscien– cia de Sua palavra e de seu proceder; uw detestavel impostai' se mente com conheci– mento de causa. Quereis jámais dizel-o? l Jesus Chris– to, o sabio por excellencia, um louco 1 ! 1 ~Jesus Christo o Santo dos Santos, um impostor sacriÍego l ! 1 Seria necessario ter perdido a razão e o senso moral para proferir uma semelhante loucura 1 Logo é Deos. Logo_em presença das palavras, das af– firma.çues, dos prodígios, do caracter so– bre-humano destedivino e muito amado Me tre ; em presença de sua magnifica obra, que é o Christianismo, não ha pa– ra um !10mem razoavel, sensato e since– ro, sena.o um parlido a tomar - é cahir a Seus pés, adol'ar o amor infinito d'um J?eos que ,.tanto an.iuu O mundo, que lhe oeu t>eu J, ilho unico, e exclamar com s. Thomé : 1 1Mr:u SE non MEU DEOS I DOMI– r,os MEUS f.T DEt;S MEUS 111 LifÕes de .Je1n1s Christ o no. eruz. O Salvador fez da sua cruz uma cadei– ra, e basta olhar-mos para elle neste lu– gar, para aprender-mos as lições que nos está dando. Quer inspirar-nos horror ávida frouxa e deliciosa, tão opposta á vida christã, as suas mesmas chagas nos estão dando esta lição. E temos até aqui tirado muito pro– veito destas lições? Temos sido até aqui muito doceis? Quer que desgostemos das honras, quer que a humildade seja a virtude funda– mental dos christãos. Os opprobrios da sua Paixão, e as ignomínias da sua morte nos estão dizendo isto mesmo; e enten– demos nós esta linguagem? compreh~n– demos acaso bem o verdadeiro sentido desta lição? Elle quer emJ.nar-nos a so!Irer com pa– ciencia as maiores adversidades; quer obrigar-no1:1 a perdoar de boa vontade ll:s mais atrozes injurias· está dando esta li– ção tão necessaria, e de tanta importa~– cia, padecendo Elle mesmo os mais terri– veis tormentos, sem dizer palavra, e pe- · dindo a seu Pai ternissimamente que per– doe a sua morte aos seus inimigos ; e es– tamos porventura instruid(!S sopre esta verdade'? e·esta liçã0 tão sabia e ~ao clara, fez grande impressão no entendimento, e no coração de todos aquelles !Iue se cha– mam discípulos de Jesus Christo ? · rn Finalmente este amavel Salvador qmL, que ficassemJs bem persuadidos de que· elle nos amava· so:!Ireu torII?-entos_ com 0 maior excesso, hiorreu com mfami~ pen– dente n'uma cruz para nos dar mamfe st as provas do seu amor: e que vos parece? ainda. não são bastantes para vos conv~n– cer? certamente ellas c 0 ~venc~rapi m– teiramente a mais de dezoito milhoes de martvres que derramaram O seu _sa_ngue por Élle 'e a essa numerosa multidao de– santos de todos os estados e de todo O se– xo que o amaram com fidelidade e com te!nura. E tem obrado em nos O mesmo e1feito estas grandes provas do seu amor? Nós estamos tão obrigados a este ,senhor como aquelles santos· e t emos nos para Elle a mesma ternura', o mesm_o amor?· Mas se 111c não fornios mais fieis do que até aqui, de que servirá ser sabido q_ue os outros o amaram e lhe fo1 am rgadecidos ?' Ainda que se t ivesse muito h?r~or á cruz , e fosse rep11tada como o mais i~fa– me de todos os castigos, desde que _o Filho de Deos se quiz carregar della, e qmz mor– rer sobre ella, ficou sendo para todos os christãos a origem das snas esperan– ·as, e singular objecto da su a veneração. •
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