Estrela do Norte 1865

• ·.4 E§TllELL.il DO NORTE. obrigado a resignar-se á recusa que obs– tinado lhe dava o Visir. "Ultimamente o Santo Padre ordenou que se escrevesse ao Prefeito Apostolico de Cons tan tinopla, afim de que pedisse cm seu orne ao Gram-Visir puzesso em liberdade aquelle innocente perseguido, e nessa car ta juntou Sua Santidade um Post-scriptum de seu propriopunho,recom– mendando ao Prefeito urgencia. Quando o Gram-Visir viu a carta, e leu aquellas duas línhas de Pio IX, respondeu - Até aqui , por moti vos políticos, tenho nega– do esta graça aos ministros dos mais po– tentes Estados da Europa; mas ao Papa Pio IX não posso dar uma negativa. Or– deno que desde já seja o Archimandrita posto em liber dade ; e vós escrevei para noma, que o Gram-Visir, ainda que Tur– co, se inclina humildemente ao immor– tal Pontifico, que, só na Europa, resiste como heroe á revolução. O Santo Padre ao receber es ta noticia ficou vivitmente commovido; e fez expedir um mimo de grato reconhecimento ao benevolo Gram Visir, que bem que Musulrnano, se mos– trou mai s devo to ao Vigario de Jesus Christo, do que certos catholi cos que se gloriam de assignar-se filhos devotos de Sua Santidade. - OArchimandrlta goza ac– tualmen te de plena liberdade nos domí– nios do rmperio Turco.» .AGUA JIIOLLE E~l PEDRA DURA TANTO DÁ ATÉ QUE FURA. morso. Emfim extenuado de forças, e completamente desanimado se foi assen– tar ao pé de um pôço, e póz-se a olhar com curiosidade as covas que estavam abertas nas pedras cio bocal. Perguntava comsigo Isidoro quem as podia ter feito tão profundas, e estava confuso, sem atinar com a explicação do phenomeno. Então uma camponeza que vinha bus– car agua no poço, viramente impressio– nada com a bellcza e humilde innocen– cia do estudante, lhe explicou que aquel– les furos tinham sido cavados peTas go– tas d'agua que ali de continuo cahiam. Repentino clarão atravesw'l!l :t alma dQl joven fsidoro; t<Si esta pedra tão dUl'a, refl ectíu elle 1 se deixou assim cav.ar por gotas d'agua cahindo uma a uma, porque razão o meu espírito não alcansará pouco a pouco a sciencia, á força de continuo estudo? Levantou-se r es0luto, entrou de novo para a escola e taes· prog1:essos fez que tornou-se em po·l'J:CO tempo, s~nhor do latim, do grego, d<:>. hebrai'c@,;· escrevel'J.I obras que até hoje- causam a·drrüração. pela immensa sciencfa e piedade· quero-. velam; succedeu ao i'rn1ã'o na Sé l\Jetl'e– politana de Sevilha; emfirn tornou-se pe.... las suas iminentes luzes e virtudes uma das glorias da Hespanha e da Catholic~– dade. Aquelle menininho fujão da escola foi depois o grande S. Isidoro de Sevilha 1 GRACIOSA LEGENDA. Todo o mundo conhece es te proverbio portuguez, que, como todos os que nos leg aram nossos venerandos avós, encerra grande sueco de verdade. Elle se traduz des te outro modo : Com esforço constante, inda que lento, tu- llo se11ode consegu'ir. Eis .aqui offerecemos ao~ n~ssos bons leitores da Estrella uma lustona em con– firmação des ta ver dade. Andava o celebre monge S,ILaunoma1' vagando pelas florestas, todo embebido em Deos, e cantando devotos psalmos, quando se lhe fez encontradiça uma po– bre corça, que fugia açodada diante de muitos lobos. Havia na Hespanl~a, no~ bons tempo~ d'outrora, um memno onun90 de mm distincta familia, de nome rz1doro. Seu .trmão Leandro, foi Arcebispo de Sevilha. Ser via este irmão mais velho de mes– tre a Isidoro , e parece qu e apesar de amal-o como filho, er a sua severidade u_m pouco demasiada, pois ~u~si_todo o dia .o pobre Isidoro levava dlsc1_plma. Um dia fugiu este da aula, com medo do cas tigo, e lá se foi vag-u_eando J?el<ls graciosas plan ices qu e rodeia~ Sev1lha, até que por fim começou a sentir o peno– so aguilhão da fome e da sêde. Corriam as lagrimas ao tristo Isidoro ; .começava a sen tir a pertubação do re- Afigurou-se-lhe ao santo monge uma alma Christã, perseguida pelos demoni– os; começou a chorar de compai xão e e logo poz-se a gritar aos lobos : u Algo– zes enraivados, entrae para vossas tocas, e deixae ahi este misero animalzinho ; que o Senhor quer o salvar de vossas guellas ensanguentadas.» Pararam os lobos á sua voz e voltaram. u Eis, diz elle a seu companheirol eis como o diabo, o m is feroz dos lonos, corre sempre em busca de alguem para o es trangu lar e devorar na Igreja de Christo. » No entanto a corça, como qu e r econhe– cida, o accompanhava, e elle passou duas horas a acaraciál-a an tes de deixal-a, e mandál-a ir embora.

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