PORTO, Arthur. Escola brasileira: (ideias e processos de ensino). Pará: Clássica, 1923. 312 p.

-----, • ::111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111: ~= . < :..)'___..- 7'1 _I MPRENSA ESCOLA R . !~~ 30$ . :,11111111111111111111111111111lll1111ítl111111111111111a'11111111111:11111111l11111111111111ii11115 homens de sciencia geographfc·a ·ê estatística ':entre os mem– bros das · classes ·màis -bem aquinhoadas pela fortuna. O povo ensinado ··por emeritos professores tem as .no– ções mais 1 'pormenorizadas acerca dos .accidentes physicos como da vida social e economica de sua patria. Entre nós; abrindo raras excepções, · os estudàntes se inclinam m~is ao estudo da geographia alheia do que da propria, o que 1 traz em consequenci!l o enfraquecimento gradual do · sentimento cívico. Não ·é custoso encontrar um ' aJumno que se dê ao trabalho de saber, por: exemplo, com todas as minudencias; o petcurso" de um rio secundario da França, equivalente ao mais estreito dos nossos ,igarapés, ignotando onde fica a cachoeira Paulo ·Affonso. e que Cuyabá é -capital de Matto– Grosso ! Perdem, assim, um bello ensejo de educar o espí– rito, porque, ·se todos nós nos cápacitassemos do nosso va– lor como povo privilegiado que somos pela natureza, senti– ríamos verdadeira delicia ao considerar essas ·bellezas in– comparaveis dá nossa terra, esses accidentes gigantescos da nossa natureza ambiente, essas regiões ·feracíssimas, nas quaes o veio aurífero serpenteia quasi aos olhos do obser– vador e a terra virgem só espera ser aproveitada pelo ho– mem, para lhe dar a melhor recompensa que elle possa con– ceber. E' certo que hoje, ào impul~o de brasileiros beneme- . ritos, vamos deixando a antiga incuria, neste assumpto. Mui– to ha, porem, a fazer. E '.· necessario 'Que, cada vez mais, se comprehenda que o unico estudo salutar da geographia pa– tria, como formador de cidadãos patriotas é o que se ·fun– damenta na critica historica, relegando o methodo rotineiro do decorar, para se tornar mais liberal e philosophico, con– siderando todos os factos de um ponto de vista humano e, sobretudo, nacional. Ao tratar, por exemplo, dos rio~, deve o professor, ao referir-se ao Amazonas, falar dessa grande data que assignalou a abertura da maior via fluvial terfes-: tre á livre navegação; ao falar no rio da ·Prata, ' deve re– montar a Solis; ao ·feferit-se ao modesto Riachuelo; reviver, ao espfrito do alurr1no, o quadro ··desta luta tremenda, que • foi a batalha naval que nas suas aguas se desenrolou .. . ,. . Ao tratar das montanhas, deve associar; ao passo que as for enumerando, a idéa do nome á do facto histori.co qúe, por ventura, nella ou á sua vista se tenha perpetuado. Assim, o monte Paschoal, o morro do Alecrim, os Guara- rapes, o morro do Cabrito, entre tantos outros, merecem a \,. doutrinação dvica· 'do· professor. , · Os compendios de geographia, genuinamente naéionaes, não são ' muitos·; auctores extrangeiros, mais do que os nossos, têm estudado o Brasil pelo interesse que lhes des- •