PORTO, Arthur. Escola brasileira: (ideias e processos de ensino). Pará: Clássica, 1923. 312 p.
:11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111i11111111·1111111:: /21 1MP REN S A E SCOL A R ~(~ 25t> :i1HHIHHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIHIIIIIHHIIIHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII= suida de extraordinario gosto pelo estudo, talvez provocado pelo estimulo de obter s~mpre bôas notas e não ser supplan– tada pelas collegas. Dentre estas, uma havia que me inspirava grande sym– pathia e, apezar de ser das mais-velhas, er·a ingenua, meiga e medíocre, como tambem excessivamente nervosa. Talvez, por isso é que eu a estimava tanto. Sempre, nas aulas, · era chamada e, embora tivesse es– tudado as lições, atrapalhava-se muito.Já se vê que desta -eu nada tinha a receiar. De urna feita, ínterrogada sobre as de– nominações anatomicas dos dedos, deu esta rata: (( o 1. 0 cha– ma-se mata-piolhos; o 2. 0 fura-_bolos; o ,3. 0 pae de _todos; o 4. 0 seu vizinho e o 5. 0 dedo minguinho». Abusaram da credu- alidade della, coitada... · Oh! Quando terminou a aula, as afomnas riam-se a mais não poderem e até a professora nos acompanhou nâ ca– çoada. A pobresinha, envergonhada, chorava copiosamente. Como este, outros casos engraçados se passaram, de modo que, assim alegres, decorriam os mezes e cada vez mais eu gostava da vida collegial, tão activa e feliz, sendo com verdadeiro pezar que vi chegar a época dos exames e, seguidamente das ferias. No anno seguinte, á abertura das. a·ulas, fui a· primei– ra a comparecer e, com immensa satisfação, ábracei o nosso querido Director. No 1. 0 e 2. 0 annos complementares encon– tramos· como professora a normalista Raymúnda Ferreira da Silva, que nos captivava pela sua admiravel intelligencia, ,doçura e capacidade. Todas as horas passadas no Collegio eraq:i bôas, mas preferiamos o intervallo ·entre as 7 e as 8 da manhã; nas segundas e quintas-feiras bri-ncavamos em com– mum, no bello parque, onde muitos folguedos eram organiza– dos; nas terças e sextas fazíamos gymnastica callisthenica, sob a direcção da eximia Annita Müller e, finalmente, nas quartas e sabbados, tínhamos aula de canto coral onde as nossas almas juvenis expandiam-se entoando patrioticos hym– nos e_mimosos canticos. As tardes das sextas-feiras eram por mim ansiosamen– te esperadas, por serem as marcadas para as sessões ordi– narias do Gremio cívico e litterario «Joaquim Nabuco», pois nessa gloriosa instituição collegial, que tem por fim o desen– volvimento da cultura geral de seus associados, os alum– nos ensaiam os primeiros passos para a vida pratica, ora dissertanto sobre uma these, ora fazendo a critica de livros nacionaes, ora debatendo, em jurys, .sobre personalidades historicas. Todas as sessões eram, como ainda hoje, alegres e animadas. ·
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